Sazonalidade e saturação turística na cidade de Lagos

A sazonalidade e a saturação turística na cidade de Lagos foram o tema do Encontro que decorreu na Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas, integrado no ciclo “Viver em Comunidade”, promovido pelo Grupo dos Amigos de Lagos.  São duas realidades existentes no nosso concelho, importantes em termos económicos, sociais e ecológicos. A primeira tem a ver com a flutuação anual da atividade turística, enquanto a segunda visa o efeito entre o número de visitantes e de residentes.

Há bastante consciência da sazonalidade e esta vem sendo mitigada. Também existe evidência da saturação, mas é frequentemente encarada apenas como componente da sazonalidade.

Considerou-se que o desequilíbrio sazonal diminuiu nos últimos seis anos, devido a uma promoção mais variada e ao aparecimento das “plataformas digitais, que põem o turista a falar diretamente com o alojador”. A informação climatérica instantânea permite “escolher alturas do ano que não eram habituais”. Constata-se “maior heterogeneidade de nacionalidades”, mas, em vez das tradicionais duas semanas, “as estadas passaram a ser mais curtas, de apenas dois ou três dias”. Cada vez mais turistas vêm para conhecer não só o Algarve mas para passear pelo país, em itinerários personalizados, com o objetivo de “ver, comer, visitar”.

A saturação turística na estação alta tem sido observada com condescendência, pois se julga difícil de evitar. Pode ser abordada também como questão autónoma. “O mau crescimento não é sustentável”, a quantidade de pessoas ou dormidas só por si não é virtuosa. Espaços congestionados e multidões tiram aprazibilidade ao destino turístico. Em geral, quem nos visita idealiza ambientes descontraídos, naturais e típicos; e afasta-se de ambientes confusos, maçadores e incaracterísticos. Há, pois, um número ótimo de visitantes.

A preocupação corrente é atrair mais turistas e mantê-los por mais tempo. No caso particular de Lagos, como foi comentado, “temos as pedras preciosas, mas não estão lapidadas”, impõe-se fazer melhor, com a atenção dos limites físicos e impacto social, sob pena de degradação e prejuízo futuro.

As vias, as praias, os centros têm uma capacidade de carga que não pode deixar de se ter em conta. Os espaços públicos precisam de ser bem geridos. “O município deve liderar planos equilibrados, criando condições para bons projetos”. Os territórios têm de ser consciencializados, “os agentes económicos precisam de saber o que se está a apontar”.

Por fim, foram enaltecidas as potencialidades da Baía de Lagos e da Costa d’Oiro, “timidamente valorizadas”, lamentado ainda que “a razão social ande afastada das preocupações”. Os presentes deixaram algumas sugestões: que não se ponham eventos de massas no Verão, que a taxa turística seja cobrada apenas nos meses de Junho, Julho e Agosto, para ser aplicada em ações desenvolvidas no resto do ano; e que, para além do IMI e do IMT, os municípios possam ser financiados com parte da receita do IVA neles produzido.

Autor: CC