Quinze nadadores-salvadores e motos de água garantem segurança aos banhistas na Praia da Rocha com lotação para 8.800 pessoas e em Agosto até pode encher

“Se os portugueses que têm aqui segunda habitação vierem para cá e os emigrantes, sobretudo residentes em França, puderem passar férias em Portugal, então haverá uma enchente nesta praia em Agosto”, antevê, em declarações ao Litoralgarve, José Viegas, nadador-salvador e responsável por uma concessão de apoio balnear. Algarve tem 113 praias marítimas e uma do interior. Aplicação ‘Info Praia’ vai informar as pessoas se há muita ou pouca gente no areal.

Quinze nadadores-salvadores em permanência nas 12 concessões de apoio balnear, a que se junta uma outra na área desportiva, e motos de água para salvamento garantem a segurança aos banhistas na Praia da Rocha, em Portimão, diariamente das 9.30 às 19.30 horas, até final do mês de Setembro. “Normalmente, em todos os anos, no mês de Abril já aqui estava. Agora, devido à situação provocada pela pandemia do novo coronavírus, Covid-19, só comecei a trabalhar no sábado, dia 06 de Junho, data oficial do início desta época balnear no Algarve, em que aluguei quatro chapéus de sol, o que não foi mau”, contou, ao Litoralgarve, José Viegas, concessionário de um apoio balnear e nadador-salvador na Praia da Rocha. E até ironizou: “Numa altura em tudo indicava que este seria um bom ano turístico, afinal o ano bissexto mostrou as garras…” 

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1,5 metros de distância entre diferentes grupos

e três metros entre chapéus de sol e toldos

Classificada de Tipo I – Praia Urbana – a capacidade potencial de ocupação, definida pela Associação Portuguesa do Ambiente, aponta para um total de 8.800 utentes na Praia da Rocha, cuja dimensão é considerada “Grande” e com “eventuais problemas de lotação”, de acordo com o documento elaborado por esta entidade, na sequência das novas regras para as praias, ao nível de distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e o afastamento de três metros entre chapéus de sol, toldos ou colmos.

“Muitos visitantes vão optar pelas áreas concessionadas, onde têm maior segurança”

“Encaro com normalidade esta época balnear. Só a meio de Julho e durante os meses de Agosto e Setembro, como de resto sucede todos os anos, é que haverá maior afluência de turistas à Praia da Rocha. Se os portugueses que têm aqui segunda habitação vierem para cá e os emigrantes, sobretudo residentes em França, puderem passar férias em Portugal, então haverá uma enchente nesta praia em Agosto”, perspetivou José Viegas, também presidente da Direção da Associação dos Nadadores-Salvadores do Barlavento Algarvio.

E acrescentou: “As novas regras de segurança permitiram o alargamento de cada concessão de apoio balnear para instalar mais de cem pessoas, com todas as condições de higiene. Estou convencido de que muitos visitantes vão optar pelas áreas concessionadas, onde têm maior segurança”. 

Dois ministros, cinco secretários de Estado, mais de uma dezena de mirones e um manifestante a empunhar um pano branco com a mensagem ‘Help on Save João Arens’, zona do litoral de Portimão onde está prevista a construção de três hotéis

Com sol e novas regras impostas pela Covid-19, a abertura oficial da época balnear na Praia da Rocha, em Portimão, no sábado, dia 06 de Junho de 2020, contou com a presença do chefe do governo, António Costa, dos ministros da Defesa e do Ambiente e da Ação Climática, João Gomes Cravinho e João Matos Fernandes, respetivamente, dos secretários de Estado das Pescas, José Apolinário; do Ambiente, Inês Costa; do Turismo, Rita Marques; da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho; e da secretária de Estado Adjunta da Saúde, Jamila Madeira, além de deputados, responsáveis nacionais e regionais de várias instituições e jornalistas. Apesar de ser ao ar livre, a maioria dos elementos da comitiva usava máscaras.

Pouco mais de uma dezena de mirones aguardava, junto ao Hotel da Rocha, a chegada do primeiro-ministro que saiu carro, acompanhado pela esposa, Fernanda Tadeu, pelas10h.48m, enquanto um jovem empunhava um pano branco com a mensagem «Help on Save João Arens», zona situada no litoral do concelho de Portimão, onde está projetada a construção de três hotéis, o que é contestado por um grupo de cidadãos.

Depois de hastear a bandeira símbolo de informação da lotação da praia, verde na altura (a indicar pouca gente), nos passadiços, junto ao areal, António Costa encontrou-se, nomeadamente com nadadores-salvadores e assistentes de praia, tendo desejado “boa época balnear a todos”. Em seguida, à porta do restaurante Tropical, decorreu a cerimónia oficial. Na sua intervenção, a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, começou por citar o jornal diário espanhol ‘El Mundo’,  do dia 04 de Junho, em que “dizia que havia dez locais em Portugal que não deviam deixar de ser visitados e que poderiam ser feitos de carro e um deles era exatamente a Praia da Rocha”, destacando o areal, as escarpas e a fortaleza, “monumento emblemático”. Tal destaque “muito nos orgulha”, observou autarca.

“O Algarve é a região turística mais segura para passar férias”

“Se há dois meses nos questionassem se, de facto, estaríamos aqui no dia 6 (de Junho), eu diria que teria algumas dúvidas. E manifestei-as. E o senhor primeiro-ministro sabe porque também nos chamou a atenção para não sermos tão alarmistas e tão pessimistas”, recordou Isilda Gomes. Em seguida, enalteceu o comportamento dos cidadãos, que “quando lhes foi pedido para se confinarem e ficarem em casa, assim o fizeram”, e a ação designadamente das entidades da saúde e dos autarcas, “uma rede de sinergias que fez com que Portugal saltasse para a ribalta dos melhores países para serem utilizados agora para passar férias. E o Algarve é a região turística mais segura para passar férias.”

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“Usufruir das praias, mas usufruir em segurança”, apela a autarca de Portimão, que chegou a ter dúvidas de ser possível colocar em prática as novas regras

Depois de insistir que “os cidadãos precisam descansar, precisam de momentos de lazer”, após um “sofrimento muito duro nestes três meses”, a autarca de Portimão reforçou a ideia de que “possamos usufruir das praias, mas usufruir em segurança”.

“Devo dizer que quando se começaram a discutir as regras para podermos usufruir das praias, eu tive dúvidas se seria possível colocá-las em prática, sinceramente. Houve sempre um diálogo, uma abertura permanente, uma discussão permanente, mete aqui, põe ali, mais para a esquerda, mais para a direita, e chegámos, de facto, a este entendimento. E hoje, aquilo que eu achava que seria muito, muito difícil de implementar, está aqui bem visível para todos”, sublinhou Isilda Gomes.

“O que não queremos é que alguém saia da praia doente”

(Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão)

Nesta sua intervenção a assinalar a abertura da época balnear na Praia da Rocha, a presidente da Câmara Municipal de Portimão aproveitou para deixar um recado aos visitantes: “só precisamos da parte deles uma coisa: que é apenas que olhem para as regras e que as cumpram, porque o que nós não queremos é que alguém saia da praia doente. Queremos que as pessoas passem aqui momentos de verdadeira felicidade. Todos merecemos. O trabalho feito pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente), o trabalho feito pelas autarquias, não pode ser um trabalho em vão. Nem o trabalho feito pelo senhor primeiro-ministro.”

“As 552 praias do país”, costeiras e fluviais, “de Caminha do Algarve, têm capacidade para acolher, no máximo, “846.000 pessoas em simultâneo”, e a aplicação telefónica ‘Info Praia’ informa sobre o estado da lotação de cada uma

(Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente)

Por outro lado, o vice-presidente do Conselho Diretivo da Associação Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, afirmou que “as 552 praias do país”, costeiras e fluviais, “de Caminha ao Algarve”, têm capacidade para acolher, no máximo, “846.000 pessoas em simultâneo”, na sequência das regras impostas pelo governo ao nível do distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e o afastamento de três metros entre chapéus de sol e toldos. “No caso do Algarve temos 113 praias marítimas e uma do interior. Cento e catorze praia é este o universo”, acrescentou.

Em seguida, apresentou a aplicação telefónica ‘Info Praia’, que permite informar, em português e em inglês, as pessoas sobre a lotação dos areais. “Se quiser fazer uma procura mais detalhada, posso colocar por concelhos, até praias da sua proximidade. E até faz mais: indica, também, aquilo que é a direção para aceder à praia, quer seja de carro, quer seja a pé. Há a sinalética de cores – o vermelho indica que a praia está extremamente ocupada. Devemos usar a praia com sinalética verde. Tem, também, a qualidade das águas balneares – o azul indica que é excelente. Além disso, tem aquilo que é o conjunto de características e de serviços que existem em cada praia, o perfil, se tem apoio balnear, se a praia tem posto de socorros, se tem sanitários, balneários”, explicou aquele responsável da Agência Portuguesa do Ambiente. E na entrada das praias, serão colocadas bandeiras – verde, amarela ou vermelha – a alertar se há pouca ou muita gente.

24 jovens assistentes de praia no concelho de Portimão receberam formação ao nível da Proteção Civil e primeiros socorros

A informação para a aplicação ‘Info Praia’ sobre a lotação dos areais contará com o apoio de 157 câmaras de vigilância, além da colaboração dos assistentes de praias. As dez praias do concelho de Portimão contam com 24 assistentes. Segundo apurou o Litoralgarve, são jovens de 17 e 18 anos, alunos do 12º. ano da Escola Poeta António Aleixo, contratados pela Câmara Municipal de Portimão e que receberam formação ao nível da Proteção Civil e socorro. Esses jovens têm como missão, nomeadamente, aconselhar e encaminhar as pessoas para zonas das praias com menos afluência de utentes.

Mais de 6.000 análises às águas balneares todos os anos nas 552 praias, de Caminha ao Algarve, num investimento superior a 150 mil euros

Na altura, foi apresentado um vídeo com a seguinte mensagem sonora: “escolha uma praia com pouca gente. No areal, durante todo o dia mantenha um distanciamento físico de segurança, leve consigo máscara e chinelos e use-os quando for a um apoio de praia.”

Por outro lado, Pimenta Machado revelou que a Agência Portuguesa do Ambiente todos os anos realiza “mais de 6.000 análises, investimos mais de 150 mil euros, só custos diretos, com esta logística desde Caminha até ao Algarve, em todo este conjunto destas 552 praias, para avaliar o estado da qualidade das águas balneares.”

“Não é preciso usar máscara na praia”

(João Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática)

Já o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, referiu que “o mês de Junho será para afinações” na aplicação ‘Info Praia” e em “Julho e Agosto esta afinação estará concluída”. “Não é preciso usar máscara na praia”, frisou, durante a sua intervenção, aquele responsável governamental, alertando, no entanto, para a utilização deste meio de proteção nos apoios de praia e restaurantes junto aos areais. Por isso, apelou ao “bom senso dos utentes” das praias.

“Portugal orgulha-se, desde o tempo do Rei D. Carlos, de sermos dos muitos poucos países da Europa, que não tem nenhuma praia privada. Elas existem em muitos outros países da Europa, até com ordenamento jurídico parecido com o nosso. Mas em Portugal não há. Todas as praias são públicas. O acesso à praia é livre e tinha, e tem, de continuar a ser livre. Temos é de cumprir regras. Regras básicas de afastamento – um metro e meio entre cada grupo, os três metros entre cada guarda-sol, entre cada colmo, nas concessões”, sublinhou João Matos Fernandes.

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Praias não vigiadas vão ser fiscalizadas e existe um reforço de “169 militares da Marinha para apoiar a Autoridade Marítima”, a fim de garantir a segurança das praias ao longo dos 2.500 quilómetros da costa portuguesa, incluindo as ilhas da Madeira e dos Açores

(João Gomes Cravinho, ministro da Defesa)

Por seu turno, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, depois de lembrar a existência de 2.500 quilómetros de costa,  incluindo as ilhas dos Açores e da Madeira, disse que há “praias não vigiadas”, as quais terão “alguma fiscalização para segurança” dos seus utentes. “Este ano foi mais bem preparado do que qualquer outro ano porque houve maior intensidade do trabalho conjunto com outras entidades”, frisou o governante, para quem “a responsabilidade cívica será a chave do sucesso da época balnear.”

João Gomes Cravinho aproveitou para anunciar o reforço de “169 militares da Marinha para apoiar a Autoridade Marítima”, a fim de garantir a segurança das praias, quando “eram 60 a 80 normalmente”.

“Os meus pais ensinaram-me que vir à praia fazia bem à saúde e a nossa saúde precisa de praia também neste Verão de 2020”

(António Costa, primeiro-ministro)

A concluir esta cerimónia a assinalar o arranque da época balnear na Praia da Rocha, em Portimão, o primeiro-ministro, António Costa, iniciou e encerrou o seu discurso, evocando os seus progenitores: “Os meus pais ensinaram-me que vir à praia fazia bem à saúde e a nossa saúde precisa de praia também neste Verão de 2020”.

“Este ano temos uma regra nova. A regra é que também na praia, tal como no trabalho, tal como na escola, tal como nos transportes públicos, tal como na rua, tal como nos espaços públicos, tal como em outros sítios, temos de respeitar algumas regras básicas – as regras de afastamento, as regras de higiene respiratória, as regras de higienização. E se o fizermos, neste ano a praia vai fazer tão bem à saúde, como sempre fez bem à saúde”, salientou.

Numa alusão à aplicação ‘Info Praia’, António Costa pediu às pessoas para que “procurem as praias que tenham menos ocupação e horários em que haja menos ocupações.” “Se todos o fizermos, continuaremos a gozar da liberdade de ir à praia”, reforçou o primeiro-ministro, voltando a desejar “boa época balnear para todos.” 

Jovens ativistas do movimento ‘Stop 5G’ à espera de António Costa na

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Quem, na altura, esperava pelo primeiro-ministro nessa zona da Praia da Rocha, era um grupo de jovens ativistas do movimento ‘Stop5G’, que entretanto distribuiu folhetos aos jornalistas. “Promover uma discussão séria, informativa e baseada em ciência isenta”, “apelar ao bom senso dos autarcas algarvios, no sentido de integrarem as evidências e assumirem uma posição que proteja os algarvios e a região da tecnologia 5G e subsequente aumento da poluição eletromagnética artificial” e “exigir que o governo suspensa de imediato a implementação e teste da tecnologia 5G em Portugal”, são os principais objetivos deste movimento, que pretende levar o caso aos tribunais.

Autor: José Manuel Oliveira