“QUEM A VIA, ATÉ PARECIA QUE NÃO PARTIA UM PRATO”

Mulher que conhecia a enfermeira Mariana Fonseca, afirma ao ‘Litoralgarve’ que ela “mostrava ser uma pessoa simples.” A detenção pela PJ caiu que nem uma bomba na passada quinta-feira, 02 de Abril, logo de manhã no Hospital de Lagos e a jovem nem ofereceu resistência. Amigas suspeitas pelo homicídio de jovem informático e profanação de cadáver, entre outros crimes, para roubar 70 mil euros, aguardam julgamento em prisão preventiva e incorrem na pena máxima de 25 anos de cadeia.

“Quem a via, até parecia que não partia um prato. Era uma pessoa simples” – contou, lacónica e estupefacta, ao ‘Litoralgarve’, uma mulher que conhece Mariana Fonseca, a enfermeira de 23 anos, residente no Chinicato, perto de Lagos e que juntamente com a sua amiga Maria Malveiro, de 19 anos e profissional na área da segurança, se encontra em prisão preventiva a aguardar julgamento por suspeita do homicídio do jovem informático Diogo Gonçalves, de 21 anos, e profanação do cadáver, furto, burla informática e eventual sequestro, outros crimes, para tentarem apoderar-se de 70 mil euros da conta bancária da vítima.

“Ficou toda a gente surpreendida, ninguém esperava por uma situação destas”

No Hospital de Lagos, onde Mariana Fonseca exercia a sua profissão de enfermeira (além do Hospital de Portimão), a detenção desta jovem na passada quinta-feira, dia 02 de Abril, por inspetores da Polícia Judiciária (PJ), caiu que nem uma bomba. “No turno de serviço devia sair às 08h00m. da manhã e quando eram cerca das 07h30m. foi levada pela polícia e nem ofereceu resistência. Ficou toda a gente surpreendida, ninguém esperava por uma situação destas. Sempre se mostrou boa profissional e trabalhava sempre como uma pessoa normal”, disse ao ‘Litoralgarve’ uma colega de Mariana Fonseca, ainda incrédula com o sucedido.

O móbil do crime, recorde-se, está relacionado com questões financeiras, quando as duas mulheres – casal – tentaram apoderar-se de 70 mil euros da conta bancária de Diogo Gonçalves, quantia essa correspondente à indemnização do seguro de vida da sua mãe, vítima de atropelamento mortal com fuga em 2016 na Estrada Nacional 125, junto ao Parque Zoomarine, zona da Guia, no concelho de Albufeira. Segundo apurou o ‘Litoralgarve’, Diogo Gonçalves, técnico de informática no Hotel Vila Vita, foi assassinado na casa onde vivia há pouco tempo na localidade de Algoz, no concelho de Silves, por asfixia pela mulher que trabalhava como profissional na área da segurança na mesma empresa e com quem mantinha um relacionamento amoroso, Maria Malveiro. Tudo terá começado quando o jovem contou à rapariga que tinha herdado os 70 mil euros pela morte da mãe. A relação entre os dois  provocou ciúmes da parte da enfermeira, Mariana Fonseca, filha de um militar da Guarda Nacional Republicana.

“Pode ter sido azar”

“Pode ter sido azar”, admitiram ao ‘Litoralgarve’, numa alusão à ideia de que o jovem estaria a ser pressionado e intimidado para revelar o código de um cartão multibanco da conta na qual tinha o dinheiro. Diogo Gonçalves estava desaparecido desde o dia 18/03/2020 e a sua viatura, um Mercedes, foi encontrada estacionada na zona do Cabo de São Vicente, perto de Sagres, no concelho de Vila do Bispo, para onde acabou por ser levada pelas autoras do crime para se desfazerem de parte do corpo.

  “É mais um crime macabro, mas em nada afeta a imagem” de Sagres, diz o presidente da Junta de Freguesia, Luís Paixão

Depois do homicídio, o cadáver foi desmembrado com uma faca e um cutelo. A cabeça, recorde-se, apareceu na zona do Pego do Inferno, em Tavira, e o tronco nas rochas, junto à água, na área do Forte do Beliche, em Sagres, após ter sido lançado das falésias num local com mais de 70 metros de altura. Foi encontrado por um pescador que deu o alerta às autoridades. “Em Sagres às vezes surgem casos relacionados com tentativas de homicídio, homicídios e suicídios. Este é mais um crime macabro, mas em nada afeta a imagem desta zona. As pessoas nem sequer são daqui”, observou, ao ‘Litoralgarve’, o presidente da Junta de Freguesia de Sagres, Luís Paixão.

As investigações da PJ prosseguem para tentar encontrar as restantes partes do corpo, pernas e braços. Os crimes ocorreram entre os dias 20 e 25 de Março de 2020.

Autor: Paulo Silva e José Manuel Oliveira