Polícia Judiciária deteve músico, em Portimão, por duas tentativas de homicídio, com uma faca de grandes dimensões, e permanência ilegal no nosso país

Crimes estão “relacionados com o consumo de estupefacientes” e foram cometidos no dia 13 de Junho de 2023, em casa do suspeito, refere comunicado da PJ. Uma das vítimas acabou por ser esfaqueada na “região abdominal direita”  e a outra num dos braços.

José Manuel Oliveira

Um músico, de 29 anos, foi detido por agentes do Departamento de Investigação Criminal (DIC) de Portimão da Polícia Judiciária (PJ), na sequência de um inquérito titulado pelo Ministério Público desta Comarca, devido à “presumível autoria de dois crimes de homicídio na forma tentada e permanência ilegal em território nacional, cometidos no dia 13 de Junho” , nesta cidade, “relacionados com o consumo de estupefacientes.”

Em comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, a 26 de Julho de 2023, a Direção Nacional da PJ revelou que, na madrugada de 13 de Junho, “quando as duas vítimas se encontravam na residência do detido a consumir produto estupefaciente, o mesmo, no decurso de uma refrega, muniu-se de uma faca de grandes dimensões e esfaqueou um deles na região abdominal direita, que só não culminou em morte devido à pronta intervenção médica.” Já a “segunda vitima foi atingida num dos braços, resultante de uma lesão de defesa quando o agressor o pretendia atingir no pescoço e rosto”, acrescentou  a Polícia Judiciária.

Luís  Varela,  dirigente,  no  Algarve,  do Sindicato  dos  Músicos, ao ‘Litoralgarve’: “Esta  detenção  acaba  por  transmitir  uma  má  imagem  do sector, o que contribuirá para  um sentimento  de  desconfiança  por  parte de empresas que pretendam contratar músicos.  Quem  vai  querer  dar  emprego a um músico? Sabe-se lá de onde ele vem e em que ilegalidades estará  envolvido?”

Quem ficou estupefacto com o sucedido foi o dirigente do Sindicato dos Músicos, no Algarve, Luís Varela, residente na cidade de Portimão, que, em declarações ao ‘Litoralgarve’, afirmou só ter tomado conhecimento da informação através de órgãos de comunicação social. “Lamento o que aconteceu, pois trata-se de uma situação bastante preocupante. É que, numa altura em que muitos músicos estão desempregados no Algarve, onde a maioria destes profissionais apenas consegue trabalhar durante três, ou quatro dias por semana, ou nem isso, esta detenção acaba por transmitir uma má imagem do sector, o que contribuirá para um sentimento de desconfiança por parte de empresas que pretendam contratar músicos”, sublinhou aquele responsável sindical. “Quem vai querer dar emprego a um músico? Sabe-se lá de onde ele vem e em que ilegalidades estará envolvido?”, questionou-se, a propósito e bastante apreensivo, Luís Varela.

“Antes [da pandemia da Covid-19]  havia muito  trabalho  neste sector  de atividade,  nomeadamente  nos  salões  de bailes.  Agora,  só  surgem  contratos, de  vez  em  quando, em  dois, ou três  salões. E os bares, na sua maioria, não proporcionam trabalho aos músicos, limitando-se a utilizar CD’s para as pessoas  dançarem”

Por outro lado, manifestou a sua “disponibilidade” para colaborar com a Polícia Judiciária. “Se a PJ quiser e me indicar o nome do músico que foi detido com droga e tentou matar duas pessoas, poderei prestar algum apoio, na medida do possível, pois, reafirmo, trata-se de uma situação preocupante”, disse.

Refira-se que a crise dos músicos no Algarve agravou-se na sequência da pandemia da Covid-19, em finais de 2019. “Antes, havia muito trabalho neste sector de atividade, nomeadamente nos salões de bailes. Agora, só surgem contratos, de vez em quando, em dois, ou três salões. E os bares, na sua maioria, não proporcionam trabalho aos músicos, limitando-se a utilizar CD’s para as pessoas dançarem”, observou Luís Varela, que continua a ouvir muitas queixas por parte destes profissionais.