“Os salários são a pedra de toque para atrair e reter pessoas para trabalhar no turismo. Temos de fazer um esforço para remunerar melhor os trabalhadores”, reconhece, em entrevista ao ‘Litoralgarve’ , o secretário de Estado Nuno Fazenda

“Gosto muito de sardinhas. Muito! E este Festival da Sardinha de Portimão é um cartaz de referência do turismo do Algarve”. Foi, assim, com estas palavras, que o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, se despediu do ‘Litoralgarve’, após uma breve entrevista, antes de se juntar, numa mesa, a vários convidados, para o jantar de inauguração da 27ª. edição do Festival da Sardinha de Portimão, no dia 01 de Agosto de 2023, e que termina no próximo domingo, na zona ribeirinha.

O evento incluiu uma recreação da descarga de sardinhas, a partir de traineiras, com o lançamento de canastras, como acontecia há mais de quatro décadas no cais do rio Arade, junto à antiga lota, e pessoas vestidas com trajes típicos dessa época, incluindo um guarda-fiscal, atual técnico do Museu de Portimão. Já no amplo espaço dedicado a este Festival da Sardinha, encontram-se dezenas de stands, uma área para tomar refeições e um palco destinado à animação a cargo de artistas.

Nas declarações ao nosso Jornal, Nuno Fazenda, de 47 anos, natural da Covilhã, ex-deputado do PS na Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Castelo Branco e secretário de Estado Turismo, Comércio e Serviços, desde Novembro de 2022, mostrou-se confiante de que 2023 vai ser o melhor ano turístico de sempre para Portugal, mas reconhece debilidades neste sector devido à falta de mão-de-obra na hotelaria e restauração. E avisa os empresários de que é necessário aumentar os salários para atrair e fixar trabalhadores, com qualidade.

José Manuel Oliveira

Litoralgarve – O turismo no Algarve está aquém das expectativas, assumem empresários ligados ao sector e a própria Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos desta região. Como encara a situação?

Nuno Fazenda – O Algarve está a ter um bom ano turístico. Nós temos é de analisar o semestre, olhar para o conjunto. E a verdade é que os primeiros seis meses, no conjunto, foram muito positivos para o turismo no Algarve e estamos confiantes de que vai continuar a crescer. O turismo no Algarve é um turismo de excelência. Temos muitas expectativas positivas para que este seja um bom ano turístico.

“ACREDITO    QUE    O    ANO    DE   2023   VAI    SER     O   MELHOR    ANO     TURÍSTICO    DE     SEMPRE    DO    PAÍS”

Aspectos vários da praia do Camilo

Litoralgarve – Mas há números que indicam que está abaixo do registado em 2019 [antes da pandemia da Covid-19], considerado o melhor ano turístico de sempre…

Nuno Fazenda (sem hesitação) – Há números que dizem, também, que já superámos. Por exemplo, nos hóspedes e nos proveitos globais, estamos, claramente, acima de 2019. E, portanto, estamos na boa trajetória de crescimento. Porque 2019 foi o melhor ano [turístico] de sempre. E nós já estamos a superar, em alguns indicadores, o melhor ano de sempre. Acredito, volto a reforçar, que o ano de 2023 vai ser o melhor ano turístico do país e [em particular] da região do Algarve.

Litoralgarve – Que apelo deixa aos turistas, ao sector da hotelaria, da restauração e do comércio, numa altura em que tanto se fala em especulação de preços?

Nuno Fazenda – Acho que temos um bom serviço turístico. O Algarve tem uma uma oferta de excelência, tem bons serviços turísticos. E por isso acho que temos de continuar a trabalhar na qualidade do turismo, como tem vindo a ser feito, com o reforço das qualificações. A nossa hospitalidade é outra característica dos portugueses. Recebemos bem.

“ ATRAIR    TAMBÉM    ESTRANGEIROS,   SER    MAIS    ÁGIL    NA    EMISSÃO     DE   VISTOS,  MAIS    QUALIFICAÇÃO     DOS    RECURSOS    HUMANOS     E     AUMENTO    DOS    SALÁRIOS”

Litoralgarve – A falta de mão-de-obra na hotelaria e nos restaurantes, em particular, pode prejudicar a situação no Algarve?

Nuno Fazenda – A escassez de mão-de-obra é um desafio de toda a Europa, incluindo [como é evidente] Portugal, nestes sectores de atividade. No caso do Algarve, também. E, por isso, nós temos de fazer um esforço para atrair e reter talentos no turismo.

Litoralgarve – De que forma tal é possível?

Nuno Fazenda – Por várias maneiras. Passa, por um lado, por atrair  também estrangeiros, ser mais ágil na emissão de vistos. Passa, também, por mais qualificação dos recursos humanos e pelo aumento dos salários, o que é muito importante. Os salários são a pedra de toque para atrair e reter pessoas para trabalhar no turismo. E, de facto, temos de fazer um esforço para remunerar melhor os trabalhadores na área do turismo. Tem vindo a ser feito um trabalho nesse domínio e nós temos de prosseguir esse reforço dos salários no sector do turismo, insisto.

“ESPANHA  E  PORTUGAL   CONCORREM   AO   NÍVEL    DO   TURISMO.   MAS   TAMBÉM   COOPERAM”

Litoralgarve – A Espanha é o principal concorrente de Portugal e, em especial, do Algarve?

Nuno Fazenda – Espanha e Portugal concorrem ao nível do turismo. Mas também cooperam no turismo. E, portanto, num mundo globalizado é normal que haja concorrência. Nós temos é de continuar a apostar na qualidade dos serviços e dos nossos produtos.