Jovem informático foi assassinado na sua casa por asfixia pela colega com quem mantinha uma relação amorosa

Duas mulheres, uma residente em Lagos e a outra a viver em Portimão, foram detidas pela Polícia Judiciária no Algarve por suspeita de homicídio qualificado e profanação de cadáver de Diogo Gonçalves, desaparecido no passado dia 19 de Março. Tentavam apoderar-se de 70 mil euros da conta da vítima.

Uma enfermeira, M., que trabalha nos hospitais de Lagos e de Portimão, e uma profissional ligada à segurança no Hotel Vila Vita (Lagoa), segundo apurou o ‘Litoralgarve’, são as duas mulheres suspeitas de terem assassinado o jovem Diogo Gonçalves, de 21 anos, técnico de informática, e desmembrado o corpo com uma faca e um cutelo. A cabeça apareceu na zona do Pego do Inferno, em Tavira, e o tronco junto ao Forte do Beliche, em Sagres, no concelho de Vila do Bispo, a mais de 150 quilómetros de distância. As investigações prosseguem para tentar encontrar as restantes partes do corpo. Os crimes ocorreram entre os dias 20 e 25 de Março de 2020.

As duas mulheres, de 23 e 19 anos, foram detidas na quinta-feira, dia 03/04/2020, por inspetores da Polícia Judiciária (PJ), após intensas investigações de elementos da Diretoria do Sul, com sede em Faro, e do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, em articulação com o Ministério Público. Estão no Tribunal de Portimão para serem presentes a um juiz de instrução criminal, que determinará as medidas de coação a que ficarão sujeitas, que tudo indica prisão preventiva, enquanto aguardam o julgamento. Homicídio e profanação de cadáver, burla informática, furto de cartões e ainda possível sequestro, segundo apurámos, são os crimes de que as duas mulheres, de 19 e 23 anos, poderão vir a ser acusadas. O total da pena aponta para 25 anos de cadeia.

Enfermeira é considerada uma “profissional exemplar” e “dava-se bem com os colegas”

A enfermeira, residente em Lagos, e a profissional da área da segurança, com morada em Portimão, sem antecedentes criminais, estavam bem integradas socialmente, tinham uma vida normal e mantinham entre si um relacionamento amoroso. M., a enfermeira, de 23 anos, filha de um militar da Guarda Nacional Republicana, de acordo com informações apuradas pelo ‘Litoralgarve’, é considerada uma “profissional exemplar”. “Dava-se bem com os colegas e ninguém esperava uma situação destas. Nem chegou a concluir o turno quando foi detida pela Polícia Judiciária”, contaram-nos. E como nos confidenciaram “está na expectativa” sobre o que irá agora acontecer.

70 mil euros em jogo e a morte “pode ter sido azar”

O móbil do crime estará relacionado com ajuste de contas e questões financeiras, quando as duas mulheres tentaram apoderar-se de 70 mil euros da conta bancária de Diogo Gonçalves, quantia essa correspondente à indemnização do seguro de vida da sua mãe, vítima de atropelamento com fuga morreu há cerca de três anos na Estrada Nacional 125, junto ao Parque Zoomarine, na zona da Guia, no concelho de Albufeira. Segundo apurou o ‘Litoralgarve’, Diogo Gonçalves, técnico de informática no Hotel Vila Vita, foi assassinado na casa onde vivia há pouco tempo na localidade de Algoz, no concelho de Silves, por asfixia pela mulher que trabalhava como profissional na área da segurança na mesma empresa e com quem mantinha um relacionamento amoroso. Tudo terá começado quando o jovem contou à rapariga que tinha herdado os 70 mil euros pela morte da mãe.

“Pode ter sido azar”, admitiram ao ‘Litoralgarve’, numa alusão à ideia de que o jovem estaria a ser pressionado e intimidado para revelar o código de um cartão multibanco da conta na qual tinha depositado o dinheiro. A vítima estava desaparecida desde o dia 18/03/2020 e a sua viatura foi encontrada estacionada junto ao Cabo de São Vicente, na zona de Sagres.

“Não há mais envolvidos” nos crimes, diz diretor da Polícia Judiciária, em Faro

Em conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira, dia 03/04/2020, na sede da Diretoria do Sul da PJ, em Faro, o diretor, António Madureira, afirmou que as investigações levadas a efeito indicam que “não há mais envolvidos.” O corpo do jovem informático assassinado “foi desmembrado a seguir ao crime”, acrescentou aquele responsável, considerando uma “situação estranha” o facto de cadáver ter aparecido desmembrado em partes.

Diogo Gonçalves foi, ao que tudo indica, transportado numa viatura até à sua residência em Algoz, no concelho de Silves, “não tendo estado privado de liberdade até ao crime”, referiu o diretor da PJ do Sul. António Madureira aproveitou para manifestar o seu “apreço a todos os profissionais” da Polícia Judiciária, da Diretoria e do Sul e do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, “em articulação com o Ministério Público” nas investigações levadas a efeito, “em tempos difíceis, num trabalho de equipa”. “Nestes momentos, os investigadores da Polícia Judiciária não vacilam”, enalteceu.

Reportagem: Paulo Silva e José Manuel Oliveira