A tragédia ocorreu, na terça-feira, dia 26 de Maio, cerca das 10h20, na praia da Prainha, zona de Alvor, com sueste e ondulação marítima até dois metros de altura. José Moniz, de nacionalidade angolana, estava há duas semanas no Algarve, com a namorada à procura de emprego. A companheira tentou demovê-lo, mas ele foi a única pessoa a procurar salvar o homem em apuros. Em vão. Operações de busca, coordenadas pelo Comandante do Porto de Portimão, prosseguem ao início da manhã desta quarta-feira, 27 de Maio, por mar e terra.
Um jovem de 25 anos e nacionalidade angolana está desaparecido na costa algarvia, após ter tentado salvar, na manhã de terça-feira, dia 26 de Maio de 2020, um homem de 69 anos, que veio a falecer na praia da Prainha, zona de Alvor, no concelho de Portimão. O alerta foi dado às autoridades pelas 10h20m e pouco depois, quando os elementos das viaturas de emergência médica chegaram ao local, já António Duarte, aposentado e ex-funcionário da Câmara Municipal de Portimão, estava em paragem cardiorrespiratória, acabando por morrer.
“Ela ainda o tentou demover, mas ele acabou por ir”, apesar da sua fraca experiência em nadar e perante a ondulação marítima de dois metros e sueste
Numa altura em que a ondulação marítima atingia até cerca de dois metros de altura, com sueste, e ao aperceber-se de que o homem, de 69 anos, se encontra em dificuldades, com um braço levantado em sinal de pedido de ajuda, José Moniz, que tinha vindo de Coimbra para o Algarve há duas semanas com a namorada à procura de emprego, como apurámos, lançou-se à água, apesar da sua pouca experiência em nadar. “Ela ainda o tentou demover, mas ele acabou por ir. No mar encontravam-se vários surfistas, mas nenhum deles ter-se-á apercebido dos sinais de alerta para o que estava a acontecer. E na praia estavam mais pessoas”, contaram ao Litoralgarve. Um agueiro poderá ter sido fatal para os dois banhistas.
Buscas desde a Prainha até à barra de Alvor, numa área de duas milhas, envolveram 90 operacionais, várias embarcações e um helicóptero da Força Aérea, proveniente do Montijo
As operações de busca, coordenadas pelo Comandante do Porto de Portimão, Rodrigo dos Paços, numa área “desde a Prainha até à barra de Alvor, até duas milhas de distância”, como o próprio referiu ao Litoralgarve, envolveram, na terça-feira, no total 40 operacionais e 18 meios, entre os quais um navio da Marinha Portuguesa, um helicóptero EH-101 da Força Aérea, esquadra 751, da base do Montijo, uma lancha da Marinha Portuguesa NRP Hibra, adstrita ao dispositivo da Zona Marítima do Sul, uma embarcação salva-vidas da Estação de Ferragudo (Lagoa) do Instituto de Socorros a Náufragos, uma embarcação da Polícia Marítima de Portimão e outra dos Bombeiros Voluntários desta cidade, e uma moto de água.
“Na quarta-feira, vamos continuar as buscas e os meios vão ser adaptados às necessidades por mar e terra”, disse, ao Litoralagarve, o Comandante do Porto de Portimão, ao princípio da noite de terça-feira. As operações deverão ser retomadas pelas 06.30 horas.
“Risco acrescido perante as correntes marítimas” e o aviso do comandante do Porto de Portimão às pessoas para “cuidado redobrado, especialmente se o mar estiver um bocadinho mais alterado”
Sobre a situação ocorrida com os dois banhistas na praia da Prainha, o comandante Rodrigo dos Paços considerou tratar-se de um “risco acrescido perante as correntes marítimas.” “Os meios de socorro por muita prontidão que tenham, demoram sempre um bocadinho mais. Esse ponto pode fazer a diferença, pelo que recomenda-se às pessoas redobrado cuidado, especialmente se o mar estiver um bocadinho mais alterado”, alertou aquele responsável, lembrando as “recomendações da
Autoridade Marítima que têm sido feitas reiteradamente” nesse sentido.
Em Maio de 2019, já havia nadadores-salvadores em praias algarvias; agora, não devido à Covid-19
Já o presidente da Direção da Associação dos Nadadores-Salvadores do Barlavento Algarvio, José Viegas, admitiu ao Litoralgarve que o facto de a praia da Prainha, tal como, de resto, todas as praias da costa portuguesa, ainda não ter qualquer concessão balnear a funcionar nesta altura do ano, devido à pandemia do novo coronavírus, Covid-19, acabou também por contribuir para a tragédia ocorrida na terça-feira. “Em 2019, no dia 01 de Maio já havia nadadores-salvadores em praias do Algarve, como esta”, notou José Viegas.
“Existem perigos que nem as pessoas se apercebem”, avisa o nadador-salvador José Viegas
“O que aconteceu em Alvor são riscos desnecessários, com o mar perigoso e numa praia, como disse, onde ainda não há nadadores-salvadores, pois a época balnear só começa oficialmente no dia 06 de Junho. Nestas situações, as pessoas devem evitar ir ao banho, pois existem perigosos que elas próprias nem se apercebem. E para salvar alguém, tem de se saber nadar e muito. É preciso nadar por dois”, alertou, com insistência, aquele nadador-salvador da Praia da Rocha, em Portimão.
Autor: José Manuel Oliveira e Paulo Silva