É hora de “unir forças” e criar uma”comissão com uma só voz, forte e grossa, representativa de todos”contra o encerramento da estação dos CTT na localidade da Luz, no concelho de Lagos, pretendido pela administração da empresa. Foi este o apelo lançado durante uma reunião pública no passado sábado à tarde, dia 15/12/2018, durante hora e meia, na sede do Clube Recreativo e Cultural Luzense, que contou com mais de meia centena de populares, muitos dos quais pertencentes à comunidade estrangeira aqui radicada, nomeadamente ingleses, alemães, franceses e italianos.
Nessesentido, vão ser envidados esforços nomeadamente junto do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e Assembleia da República.
ABAIXO ASSINADO JÁ ESTÁ EM MARCHA

O encerramento da estação dos CTT na Luz, ainda sem data marcada, mas que poderá ocorrer já no início do ano 2019, surge numa altura em que, alegando a necessidade de reduzir custos, a empresa aponta para o fecho também em Sagres,no concelho de Vila do Bispo, Aljezur, Loulé (avenida) e Alcoutim, como alertou o presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, o socialista Carlos Saúde, um dos participantes no encontro.
No final, os presentes aderiram logo a um abaixo-assinado lançado pela Junta de Freguesia da Luz, promotora da reunião, contra o fecho da estação local dos CTT, existente há mais de cinquenta anos e que serve uma população com cerca de 5.000 residentes (3.000 nacionais e 2.000 estrangeiros), segundo os censos de 2011, incluindo as povoações de Almádena, Espiche, Montinhos da Luz e uma parte de Burgau.
PROVIDÊNCIA CAUTELAR E BOICOTE AO BANCO CTT
À entrada do local da reunião, o cidadão Hugo Silva distribuiu um folheto contendo oito “Ideias para Impedir o Fecho dos Correios” na vila da Luz. Uma Providência Cautelar e o Boicote aos Serviços CTT, em especial ao Banco CTT, são os algumas das ideias apresentadas.”Não é preciso fechar contas, pode-se transferir o dinheiro para outra conta fora e enviar um mail para reclamacoes@bancoctt.pt a dizer a razão”,refere o folheto. Outra sugestão passa por “sensibilizar os comerciantes para não estabelecerem um acordo com os CTT” no sentido de uma parceria com a empresa para assegurar a continuidade de um posto nesta localidade turística.
“Os CTT já fecharam postos de correio de um dia para outro em localidades maiores. Não existe nenhum posto de correios que se manteve depois de ser anunciado o seu fecho, apenas postos que estão no tribunal ou que ainda não têm alternativa. Os CTT já trocaram num posto o funcionário dos CTT por um privado para gerir o local existente”, destaca o folheto distribuído. E acrescenta: “Existem muitas queixas dos serviços alternativos a um posto de correio, coisas como falta de confidencialidade (parte do serviço universal postal), menos serviços e pior serviço (encomendas e cartas que só podem ser levantadas num posto CTT.”
JUNTA DE FREGUESIA DA LUZ NÃO ACEITARÁ ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO FUNCIONAMENTO DOS CORREIOS

Na sua intervenção, o presidente da Junta de Freguesia da Luz, o socialista João Reis, garantiu desde logo que esta entidade também não aceitará assumir a responsabilidade pelo funcionamento dos correios, que apenas teria um balcão,”o que não é a mesma coisa” de uma estação dos CTT autónoma. “É impensável aceitar este tipo de situações, não vamos permitir”, sublinhou o autarca, esperando que o fecho dos correios na Luz seja “uma miragem para nós.” “Não podemos olhar a forças políticas, queremos que seja um problema encarado com união total, de todos!”, frisou João Reis.Refira-se que este encontro teve lugar na véspera da manifestação promovida pelo Partido Comunista Português na localidade da Luz contra o fecho dos CTT.
“PORQUE É QUE AGORA OS CTT DECIDEM ENCERRAR AO FIM DE DÉCADAS AS ESTAÇÕES DE LUZ, SAGRES E ALJEZUR?” – PERGUNTA A AUTARCA JOAQUINA MATOS

Esta é uma situação “inesperada”,lamentou, por seu turno, a presidente da Câmara Municipal de Lagos, socialista Joaquina Matos, que, incrédula, perguntou “porque é que agora os CTT decidem encerrar ao fim de décadas as estações de Luz, Sagres e Aljezur”.”Mas porquê? O que se passa? Não vai encerrar nada, não aceitamos essa medida. A população precisa de continuar a ter este serviço público”,insistiu Joaquina Matos, também presidente da Associação das Terras do Infante(a qual integra os municípios de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo) e que se prepara para falar com o Governo e a administração dos C”Organizem-se! Dêem todo o apoio para o posto da Luz não encerrar” – pediu a autarca lacobrigense aos presentes na reunião,lembrando, a propósito, a “união no Algarve” contra a exploração de petróleo ao largo do mar, em Aljezur. “A luta vai continuar, estamos cá para isso e o importante é estarmos todos unidos”, reforçou Joaquina Matos.
“FALA-SE MUITO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO TURISMO NO ALGARVE E DEPOIS VÊM ESTAS ENTIDADES COM DECISÕES DESTE TIPO”, NOTA CIDADÃO INGLÊS
Já os cidadãos ingleses que participaram neste encontro (e que tiveram de contar como presidente da Junta de Freguesia da Luz para traduções) prometeram recolher assinaturas junto de toda a comunidade estrangeira da zona “para ganhar peso”, a fim de impedir o encerramento dos correios. “Se não é bom para eles (CTT) por motivos económicos, também não é bom para nós, numa zona turística como esta”, lamentou uma habitante. “Fala-se muito sobre a importância do turismo no Algarve e depois vêm estas entidades com decisões deste tipo”, notou outro participante.
“CRIAR UM GRUPO DE TRABALHO PARA GANHAR A DIMENSÃO QUE SE PRETENDE”

O encontro realizado no sábado serviu, assim, como ponto de partida para”trocar ideias” e “criar um grupo de trabalho para ganhar a dimensão que se pretende.” “É preciso unir, não parar para poder ter o impacto desejado e conseguir um grande manifesto de forma a não deixar encerrar os CTT da Luz”, concluiu o presidente da Junta de Freguesia local, João dos Reis, entre um forte aplauso dos presentes.