Começa amanhã, em Lagos, a 11.ª edição do Verão Azul – Festival Transdisciplinar de Artes Contemporâneas, com mais de 20 propostas que têm por base o som na sua relação com o corpo e com o espaço. Pensada pelos directores artísticos Ana Borralho & João Galante, e pelo co-curador lacobrigense Daniel Matos, a programação deste ano, que se estende por diversas linguagens, como as artes visuais, a música, a performance, a dança e a poesia, centra-se “numa zona de procura pelo intermédio, onde se continua a aprender a ser uma minoria da maior forma possível”.
Esta quinta-feira, dia 6 de Abril, depois do workshop & lab Repairing the Irreparable: Modus Operandi AND, conduzido por Fernanda Eugénio e Ana Dinger, e do Grupo de Crítica, com uma conversa moderada por João dos Santos Martins, ambos destinados a estudantes Erasmus, todos os caminhos apontam para o Centro Cultural de Lagos, onde tem lugar, às 17h30, a vernissage da exposição colectiva NO, FUTURE, NO CRY. A mostra traduz o vocabulário do festival enquanto portal para a “redescoberta de realidades imersivas e inovadoras sobre estar e ser num mundo cada vez mais veloz, mais refractado”, através de obras de David OReilly, Weisstub, Rui Palma, Fernando J. Ribeiro e Static Drama, entre a escultura e a obra digital.
No mesmo espaço, pelas 18h30, João Felgueira na pele de Joninator protagoniza a performance “Screen-Inator”, num momento de interacção com o público, e, às 21h00, as lendas da performance anárquica, Rebecca Biscuit e Louise Mothersole, que é como quem diz Sh!t Theatre, chegam do Reino Unido para “Drink Rum With Expats” em formato espectáculo apoteótico com crowdsurfing à mistura.
A estreia nacional da sueca radicada em Berlim Tami T (22h30), que promete espalhar glitter cor de rosa pela plateia e pela pista de dança com a sua pop electrónica e instrumentos DIY, e o DJ set da artista multidisciplinar Odete (23h30) encerram a primeira noite do festival, no Laboratório de Actividades Criativas.
No dia seguinte, a partir das 16h30, a sessão de escuta “Sombra de Vento”, pelo artista e compositor João Polido, que sucede ao lançamento do novo número da publicação semestral “Coreia”, de João dos Santos Martins, e a exibição do filme “Headshot”, de Antonia Buresi e Lola Quivoron, rodado durante uma performance de Ana Borralho & João Galante, preenchem o Clube Artístico Lacobrigense.
Ainda a 7 de abril, e de regresso ao Laboratório de Actividades Criativas, abre-se espaço para as descargas eléctricas da banda local VIL (23h00), que representa o metal do Algarve, e dos Hetta, que descem à região com um set entre o caos e a urgência do mathcore, do screamo e do noise.
O sábado à tarde mostra o aclamado documentário “Sisters with Transistors”, de Lisa Rovner (17h30), que conta a história notável das mulheres pioneiras da música electrónica, no Clube Artístico Lacobrigense. À noite, no Centro Cultural de Lagos, oportunidade de ouro para assistir e conhecer dois espectáculos singulares: a apresentação de “Image Langage” (2022), o último e aplaudido trabalho da compositora e artista visual electro-acústica francesa Félicia Atkinson (21h00), e “Madmud”, uma proposta musical e poética da coreógrafa Tânia Carvalho (22h30), que, através da voz e do piano, sublinha a sua vontade em não se esgotar numa só linguagem.
De seguida, a partir da meia-noite, rumo ao Laboratório de Actividades Criativas para o concerto de Xexa, a artista afrofuturista cuja sonoridade é uma assemblage de ritmos tradicionais africanos com sintetizadores, desenho de som e vocalização. Cabe à ponta de lança da editora e colectivo artístico Príncipe Discos, a produtora afro-portuguesa Nídia, continuar a definir o futuro da música electrónica na pista de dança.
Em Lagos, a 11.ª edição do Festival Verão Azul partilha ainda uma masterclass por Ana Borralho & João Galante, integrada no projecto de Erasmus+, no dia 9, no Espaço Jovem / Escola de Dança de Lagos.
Na semana seguinte, entre os dias 13 e 16 de Abril, o Verão Azul ocupa Loulé com mais um combo de propostas artísticas distintas e transgressoras. Além dos concertos de Tânia Carvalho, VIL e Hetta, do clubbing de Nídia ou da exposição colectiva NO, FUTURE, NO CRY, já conhecidos, destacam-se a sessão de slam poetry Wham, Slam, Poetic Jam, que desafia a comunidade local de artistas/poetas/diseurs, (propostas até 11 de Abril para
info@festivalveraoazul.com), o espectáculo-manifesto “Hip: A Pussy Point of View”, da bailarina e coreógrafa Piny, ou “Echos From a Liquid Memory – Prototype Version”, uma peça que funde a composição musical e visual num processo de manipulação digital com intervenção de água, por Carincur.
De 6 a 16 de Abril, em Lagos e em Loulé, a 11.ª edição do Festival Verão Azul habita a região algarvia e antecipa a época estival com o mundo infinito de possibilidades e cruzamentos da criação em arte contemporânea. Produzido pela associação cultural casaBranca, o Verão Azul tem financiamento da DG Artes, contando com co-produção da Câmara Municipal de Lagos e Cine-Teatro Louletano – Câmara Municipal de Loulé. O Teatro do Bairro Alto EGEAC CML apoia a apresentação das Sh!t Theatre