Numa breve entrevista ao Litoralgarve, na praia do Porto de Mós, em Lagos, Jaime Maximiano, empresário da restauração, do Grupo Adega da Marina, não esconde o seu receio com a época turística que só agora se está a iniciar e com os condicionalismos impostos pela pandemia da Covid-19, diz que “neste momento, não há clientes para encher restaurantes” e acredita que, se o tempo ajudar, no mês Outubro as praias ainda possam ter nadadores-salvadores.
“Não despedi ninguém. Estou a fazer das tripas coração e não quero despedir ninguém”. A garantia foi dada ao Litoralgarve pelo empresário da restauração Jaime Maximiano, responsável do Grupo Adega da Marina, em Lagos, na passada quarta-feira, dia 10 de Junho, na praia do Porto de Mós, numa altura em que aguardava a chegada do secretário de Estado José Apolinário, coordenador da execução da Situação de Calamidade no Algarve, no âmbito da Covid-19. O governante deslocou-se ao local para se inteirar do cumprimento das novas regras de segurança para prevenir a pandemia.
“O que eu tenho é medo e muito”
Sobre a época turística que se está agora a iniciar, nesta fase de desconfinamento, aquele empresário foi perentório ao confessar sentir medo. “O que eu tenho é medo e muito. As pessoas, para já, criaram novos hábitos de vida. Vai ser preciso as pessoas ganharem muita confiança no que se faz cá fora para criarem novamente os hábitos de saírem”, observou.
“Só vamos começar a pensar em recuperação séria a partir da Páscoa do próximo ano”

“Só vamos começar a pensar em recuperação séria a partir da Páscoa do próximo ano”, perspetivou Jaime Maximiano, para quem “vamos ter um Verão curtinho”. “No ano passado, a praia começou a trabalhar no dia 01 de Maio. Neste ano, começou a 06 de Junho e a época balnear vai até 30 de Setembro”, lembrou Jaime Maximiano. Depois, procurando transmitir um sentimento de confiança, acrescentou: “Se o tempo ajudar e se não houver para aí uma pandemia que obrigue a voltar para trás, não acredito que em Outubro sejam dispensados os nadadores-salvadores, sendo um mês de alto risco, com muitas crianças na praia. Vamos acreditar que as praias ainda estejam a funcionar nessa altura.”
“Tenho mais de cem pessoas a trabalhar”
A poucos metros do seu restaurante Campimar e com sol e vento norte pela frente, numa altura em que se viam cerca de duas dezenas de pessoas ao banho na praia do Porto de Mós, com bandeira verde a indicar pouca gente, como determinam as novas regras, o empresário do Grupo Adega da Marina admitiu que o “Agosto vai ser o grande mês”, mas, ressalvou, “não é com o Agosto ou até com dois meses que se consegue pagar” salários e outros encargos. “Tenho mais de cem pessoas a trabalhar, incluindo na Adega da Marina, sem incluir o restaurante António.” Teve de despedir pessoal? – perguntámos. “Não despedi ninguém. Estou a fazer das tripas coração e não quero despedir ninguém. Toda a gente tem casa, tem família”, respondeu, de imediato, Jaime Maximiano.
“Gastei à volta de 150 mil euros” nas obras do restaurante Adega da Marina, em Lagos

No restaurante Adega da Marina, situado na Avenida dos Descobrimentos, em Lagos, as obras de remodelação levadas a efeito em pleno estado de emergência nacional, com a quarentena, quando surgiu a pandemia do novo coronavíus Covid-19, obrigaram a um avultado investimento. “Gastei à volta de 150 mil euros”, revelou-nos Jaime Maximiano, acrescentando: “Foi tudo alterado cozinha, copas, praticamente só zonas de serviços, que precisávamos. Estávamos há 27 anos a necessitar desta remodelação e não são coisas que se façam num dia.”
“Neste momento, não há clientes para encher restaurantes”
Já em relação às novas medidas de segurança impostas pela Covid-19, o empresário lembrou: “Sempre tive cuidados ao nível da higiene”. “As esplanadas vão ter de compensar. Foi um bom auxílio que nos foi dado pela Câmara Municipal de Lagos e a nível nacional. Foi-nos pedido para suprimirmos muitos lugares no interior. O espaço interior na Adega Marina fica reduzido a 50 por cento, até para as pessoas se sentirem bem. Estou menos preocupado com a quantidade, mas mais preocupado sobretudo com o distanciamento”, sublinhou Jaime Maximiano, notando que “neste momento, não há clientes para encher restaurantes.” E “se, por exemplo, vier um pouco de vento norte, aqui fora já não atendo ninguém”, concluiu o empresário.
Autor: José Manuel Oliveira