ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2021 – Entrevista a Pedro Moreira, candidato do PSD a presidente da Câmara Municipal de Lagos: “A cidade está mal cuidada, desleixada e, em muitos casos, abandalhada”

“Ninguém   fiscaliza  ou   penaliza   o   que   quer   que   seja”

 

“Há    indivíduos    a    vender    droga    no    centro    da cidade,   ou   a    burlarem    pessoas    nesse    sentido,   porque o   que,   afinal,    têm,    nem   sequer   é    droga.   Mas   tudo transmite   uma    imagem   terrível   de   Lagos,  um sentimento   de   insegurança   e,  no    fundo,  de  aparente desleixo   das   autoridades.”

 

“A   esquadra   de   Lagos   devia   ter   à   volta   de   100 polícias.   E  neste  momento   tem   cerca   de   60.   Portanto, há   aqui   diferença   de   40    agentes   que   nos   fazem   falta na   rua,   ou   a   desempenhar   outras    funções.”

 

“O mesmo se passa com a GNR que tem cerca de 22 guardas para cobrir toda a área rural, incluindo a Praia da Luz que no verão tem uma população muito numerosa. Essa é uma das razões para a falta de segurança que se nota em Lagos.  A outra tem a ver com o atraso na criação da Polícia Municipal, um processo que se arrasta há já dois ou três anos.”

 

“Sinto-me descontente com a forma como a cidade tem vindo a ser gerida e esse descontentamento sente-se na maioria da nossa população.”

 

“Fui escolhido por unanimidade da Comissão Política de Secção e tenho recebido muito apoio dos militantes. Até dos que se tinham afastado por uma ou outra razão.”

 

“Espero que em Lagos, como cidade, tenhamos aprendido que temos de ser mais diversificados na nossa economia, olhando, por exemplo, para a economia do mar, de forma industrial – na aquacultura por exemplo, pois neste momento só a encaramos na vertente do turismo. E, volto a insistir, não podemos estar tão dependentes desta atividade. É essa a nossa grande lição no concelho de Lagos”, resultante da pandemia da Covid-19

 

Nesta entrevista exclusiva ao Litoralgarve, Pedro Moreira, candidato do Partido Social Democrata (PSD) à presidência da Câmara Municipal de Lagos, nas eleições autárquicas que terão em Outubro de 2021, aponta os vários problemas existentes na cidade, com o PS na liderança, desde a falta de segurança e carência de habitação social e a preços controlados, até à degradação do património e de espaços públicos; promete um Hospital com melhores condições dentro de quatro anos e uma base económica mais diversificada, de forma a não estar dependente do turismo. Escolhi uma equipa competente e com valências várias para se implantar uma mudança positiva neste concelho, garante.

 

Litoralgarve – O que o leva a se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Lagos?

Pedro Moreira – Nasci em Lagos, na Rua da Atalaia há quase 55 anos. Habituei-me a viver numa cidade maravilhosa, aberta ao mundo e cosmopolita. Uma cidade das artes e dos artistas com um ambiente muito próprio. Sinto-me descontente com a forma como a cidade tem vindo a ser gerida e esse descontentamento sente-se na maioria da nossa população. Lagos está a marcar passo há quase 20 anos numa série de áreas que são importantes no seu desenvolvimento e no seu futuro. Considero que é necessária uma mudança de rumo e que essa mudança só pode ser produzida com uma equipa nova à frente da câmara. Tenho a experiência e a competência para liderar uma equipa nova com esse objetivo, assim como corporizar e incentivar junto dos mais de 1.000 funcionários municipais essa vontade de melhorar a nossa cidade, criando-lhes condições para tal.

 

Litoralgarve – Mas o que está a falhar, na sua opinião?

Pedro Moreira – Estão a falhar várias coisas, como por exemplo a habitação. Não há habitação que chegue para as necessidades da cidade, nomeadamente para os jovens que cá vivem e querem sair das casas dos seus pais, como para aqueles que escolhem Lagos para trabalhar e não têm habitação a preços acessíveis. Nos últimos quinze anos, não vi a Câmara Municipal ter tido alguma preocupação em acautelar este problema. A autarquia tem um papel importante na regulação, não do preço, porque neste caso o mercado funciona, mas pelo menos na capacidade de criar alternativas acessíveis à população com rendimentos médios e baixos, para que possa aceder à habitação, seja de compra, ou alugada.

 

Litoralgarve – Além da habitação, que outras queixas ouve por parte da população e que lacunas constata ao nível do concelho?

Pedro Moreira  – Uma das coisas que constatei quando assumi a presidência da Comissão Política Concelhia de Lagos do PSD e numa altura que tivemos um resultado negativo nas eleições autárquicas, é que cerca de 56 por cento da população com direito a votar, não votou. Absteve-se. Além disso, ainda houve quatro ou cinco por cento de votos nulos e brancos, o que representa um valor muito elevado. Isso revela, em primeiro lugar, um afastamento da população em relação à vida política do concelho, e, em segundo lugar, um descontentamento, na minha opinião, quanto aos atores políticos que se apresentaram a votação perante o  eleitorado com o objetivo de gerirem o município. Termos menos de 40 por cento da população que pode votar, a votar, para mim é um sinal preocupante, um sinal de que alguma coisa não está bem. Apresentando um projeto com uma visão de futuro, que englobe todos aqueles que queiram fazer uma cidade melhor, é minha intenção neste período demonstrar às pessoas que vale a pena voltarem a votar, de forma a combater estes números de abstenção.

 

“Esta    pandemia    veio    trazer-nos    uma    janela    de    oportunidade   de    captar    os nómadas    digitais,     pessoas   que   trabalham   em    qualquer   sítio    do     mundo    e   que,    muito    provavelmente,    gostariam    muito de    viver    em     Lagos”

 

Litoralgarve – E como vai tentar convencer as pessoas? O que tem para oferecer ao concelho de Lagos. O que pode mudar com o PSD na presidência da Câmara Municipal, a partir de Outubro de 2021?

Pedro Moreira – O PSD já foi poder autárquico em Lagos. Pretende-se que quem gere a cidade tenha uma visão integrada de futuro e ao mesmo tempo consiga perceber o que é que faz falta na gestão corrente do município. Somos, basicamente, uma cidade turística. E isso traz potencial, mas também fragilidades económicas. Temos de diversificar essa nossa atividade económica local. Por exemplo, esta pandemia veio trazer-nos uma janela de oportunidade de captar os nómadas digitais, pessoas que trabalham em qualquer sítio do mundo e que, muito provavelmente, gostariam muito de viver em Lagos, devido ao nosso clima, à nossa forma de receber, à nossa História, à nossa gastronomia, a tudo aquilo que temos para oferecer, de forma a que eles possam estar aqui a trabalhar tranquilos, em vez de ficarem fechados num gabinete de uma cidade qualquer fria e escura do norte da Europa, por exemplo.

 

Litoralgarve – O que é preciso, em concreto, nessa visão integrada para Lagos, que o senhor defende?

Pedro Moreira – Temos de criar áreas de expansão da cidade, seja junto à própria zona urbana, como nas povoações de Bensafrim, Odiáxere ou Chinicato. Há uma série de sítios, que são naturalmente zonas com uma pressão imobiliária menor e que estão, neste momento, estranguladas e onde não se pode construir praticamente nada. Não estou com isto a defender que temos de espalhar aí betão por todo o lado. Mas temos de ter alguns espaços nestas povoações principalmente, que lhes permitam crescer, por um lado, e, por outro, que permitam receber pessoas que dificilmente conseguirão encontrar um alojamento a preço acessível dentro do casco urbano da cidade de Lagos. Pretendemos também implementar um sistema de apoio à recuperação de edifícios e habitação degradados, financiando a sua recuperação com a obrigatoriedade de integrarem posteriormente uma bolsa de arrendamento gerida pela câmara e cujos rendimentos sejam repartidos entre os proprietários e a câmara, para amortização dos capitais financiados. Esta situação permite tornar produtivos para os proprietários os prédios que estavam sem utilização e aumentar a oferta de habitação a preços razoáveis para os lacobrigenses.

 

“Acho    que,    pelo    menos,    umas    quinhentas habitações    terão    de     ser     construídas  pela Câmara,    ou    por     parceiros    com     custos    e preços    de    venda     controlados”

 

Litoralgarve – Quantas habitações são necessárias no concelho?

Pedro Moreira  –  Em Dezembro de 2019, a Câmara Municipal de Lagos tinha inscritas cerca de 670 famílias para habitação social. Com a crise causada pela pandemia, provavelmente esses números serão, agora, mais elevados. Acho que, pelo menos, umas quinhentas habitações terão de ser construídas pela Câmara, ou por parceiros com custos e preços de venda controlados. Compreendo que a autarquia não possa assumir completamente essa responsabilidade da construção deste numero de habitações. Mas é necessário bom senso e sentido de entreajuda, por exemplo entre os promotores imobiliários da cidade, que são quem tem normalmente capacidade para construção, para que se estabeleçam acordos, de forma a serem feitas essas habitações a custos controlados e assim permitir que as pessoas com rendimentos médios e baixos tenham acesso tanto à habitação para compra, como para arrendamento. Se eu for eleito presidente da Câmara Municipal de Lagos, em Outubro deste ano, será minha prioridade apostar no sector da habitação social e na habitação a custos controlados.

 

“Neste    momento,    a     polícia    não    é    o problema,    mas   existe   um    problema    de policiamento    eficaz.    A     situação    resulta    do facto    de     a     esquadra    da    PSP    de    Lagos não    ser    autónoma”

 

Litoralgarve – O senhor já confessou, várias vezes, que sente os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lagos desmotivados, que há problemas no trânsito, bicicletas a circularem por cima dos passeios e em zonas pedonais, por exemplo, e insegurança na cidade. Como analisa este problema e de que forma poderá ser resolvido?

Pedro Moreira – Nós temos um problema de segurança na cidade. Não é um problema grave de criminalidade. Mas é um problema de criminalidade de pequeno delito, que causa, depois, um problema de imagem. Essa criminalidade de pequeno delito tem a ver com problemas de várias toxicodependências. Também temos o problema com esses nómadas provenientes de alguns países da Europa, além de portugueses, e que escolhem a nossa cidade porque temos um bom clima e gente pacata. E eles vêm para cá e por cá ficam. Nada tenho contra o estilo de vida que essas pessoas decidem ter, desde que não obriguem os outros, a maioria da população, a terem de se confrontar e a conviver com um estilo de vida que não é o normal.

 

Litoralgarve – O que está a falhar a esse nível?

Pedro Moreira – O que está a falhar? A Câmara Municipal de Lagos fez um trabalho importante, alterando o regulamento municipal para que fossem penalizados e evitados os comportamentos que são lesivos à imagem da nossa cidade e da segurança que todos queremos ter em espaço público. Nesse tipo de comportamentos, destaco os grafites, o ‘acampar’ no meio da rua com uma quantidade de cães, os animais andarem sem trela, atacarem-se uns aos outros e a transeuntes, cenas de pancadaria entre esses indivíduos causadas por desentendimentos devido às dependências que têm. Ora, todas essas situações não são razoáveis numa cidade que quer ter qualidade de vida, seja para os seus próprios cidadãos poderem circular e usufruírem do espaço público, como para os turistas que nos visitam e nos proporcionam o nosso rendimento, o nosso ganha-pão. E esta é uma cidade que vive praticamente do turismo, como já referi e que se pretende mudar.

 

Litoralgarve  – O senhor diz que a Câmara criou regulamentos. Afinal, o que está a falhar em Lagos ao nível da segurança? O problema é da PSP?

Pedro Moreira – Neste momento, a polícia não é o problema, mas existe um problema de policiamento eficaz. A situação resulta do facto de a esquadra da PSP de Lagos não ser autónoma. É praticamente um anexo da esquadra de Portimão e é tratada como tal. Somos sempre preteridos nas prioridades.

 

“É   importante   haver   um    sistema    de    videovigilância    no   centro   da   cidade,   ligado   às   autoridades,    sobretudo   nas   zonas   com    mais    afluência    de   pessoas”

 

Litoralgarve – Faltam agentes da PSP em Lagos?

Pedro Moreira – Sim, há falta de agentes em Lagos. Temos uma média de agentes claramente inferior à média nacional por 100.000 habitantes. Temos cerca de 40 agentes em falta em relação à média nacional e essa situação repercute-se, depois, na falta de patrulhamento, na falta de agentes disponíveis para acorrerem, atempadamente, a situações de violência, ou de ilícitos criminais. O mesmo se passa com a GNR que tem cerca de 22 guardas para cobrir toda a área rural, incluindo a Praia da Luz que no verão tem uma população muito numerosa. Essa é uma das razões para a falta de segurança que se nota em Lagos. A outra tem a ver com o atraso na criação da Polícia Municipal, um processo que se arrasta há já dois ou três anos. E não há polícia municipal, nem há fiscais da Câmara. O que acontece perante essa situação é que todos nós sofremos, porque ninguém fiscaliza ou penaliza o que quer que seja. Como já referi, temos um regulamento municipal que penaliza esse tipo de comportamentos, com multas e coimas, mas ninguém atua porque não há ninguém para atuar, não há agentes policiais, não há fiscais. 

Por outro lado, consideramos que é importante haver um sistema de videovigilância no centro da cidade de Lagos, ligado às autoridades, sobretudo nas zonas com mais afluência de pessoas. A sua implantação contribuiria para ser um sistema dissuasor de comportamentos incorretos, tanto para a vandalização dos equipamentos e do património público existentes, como para tráfico de droga, que é um dos problemas que mais tem crescido nos dois últimos anos em Lagos. Há indivíduos a vender droga no centro da cidade, ou a burlarem pessoas nesse sentido, porque o que, afinal, têm, nem sequer é droga. Mas tudo transmite uma imagem terrível de Lagos, um sentimento de  insegurança e, no fundo, de aparente desleixo das autoridades.

 

“Lembro   que,   no    ano    passado,   registaram-se   alguns    atropelamentos    na    Rua   25   de Abril,   que    é    uma    das    artérias   do   centro de   Lagos    com    mais    tráfego    humano   e   que    seriam    supostamente,     pedonais.    Mas   há    sempre    situações   em    que    surgem carros,    bicicletas,    apesar    de    uma    eventual instalação    de    pilaretes    não   resolver   o problema   da   circulação   das    bicicletas    em zonas   proibidas    e    por    cima   dos    passeios, como    se   veem   por   aí    em    situação irregular”

 

Litoralgarve – Notam-se, também, problemas de trânsito no centro da cidade, com a circulação de carros e bicicletas em zonas proibidas, de que muita gente se queixa…

Pedro Moreira – Lagos tem falta de planeamento a nível de mobilidade. E esta situação tende a agravar-se no futuro se nada for feito. Já há dois anos, nas Grandes Opções do Plano e Orçamento do Município de Lagos, tínhamos proposto que o centro da cidade fosse fechado com barreiras arquitetónicas e pilaretes automáticos, que sobem e descem através de um controlo, para que fossem vedadas ao trânsito comum (exceto para residentes), principalmente as zonas do centro histórico, quando há mais afluência de gente nas ruas. Na altura, o então vice-presidente da Câmara, senhor Paulo Jorge Reis, disse que estavam a estudar o assunto, que aquilo era muito controverso. Ou seja, para este executivo camarário, como é controverso preferem não atuar, principalmente nas coisas que vêm facilitar a vida aos cidadãos. E então, nada foi feito! Nós achamos que é importante haver um sistema de controlo do trânsito para que não haja uma carga tão grande de veículos dentro da cidade durante as horas em que há maior afluência de pessoas durante os meses de Verão. Lembro que, no ano passado, registaram-se alguns atropelamentos na Rua 25 de Abril, que é uma das artérias do centro de Lagos com mais tráfego humano e que seriam supostamente, pedonais. Mas há sempre situações em que surgem carros, bicicletas, apesar de uma eventual instalação de pilaretes não resolver o problema da circulação das bicicletas em zonas proibidas e por cima dos passeios, como se veem por aí em situação irregular. O que resolverá essa situação é o tal policiamento, a que já me referi, com a Polícia Municipal, e a fiscalização a atuar.

 

“A  primeira   medida   que    vou    tomar   é   exigir   a    quem   de   direito,   junto   do   diretor nacional   da    Polícia   de    Segurança   Pública, ou   do   ministro   da    Administração   Interna, que   a    esquadra    da    PSP    de    Lagos   e    o Posto   da    GNR   voltem   a   ser    autónomos.  E voltando   a    ser    autónomos,   passarão   a   ter uma   série   de    capacidades   que,    neste momento,    não    têm.”

 

Litoralgarve – E o que pensa o senhor fazer para resolver esse problema? Qual é a primeira medida que tenciona tomar se for eleito presidente da Câmara Municipal de Lagos?

Pedro Moreira – A primeira medida que vou tomar é exigir a quem de direito, junto do diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, ou do ministro da Administração Interna, que a esquadra da PSP de Lagos e o Posto da GNR voltem a ser autónomos. E voltando a ser autónomos, passarão a ter uma série de capacidades que, neste momento, não têm.

 

Litoralgarve – Tais como?

Pedro Moreira – Terão pelo menos a capacidade de ter o reforço de pessoal, de forma a complementar o quadro de agentes policiais com números que permitam desempenhar o seu papel em melhores condições. Relembro que a câmara, ou seja todos nós temos financiado com os nossos impostos a construção de novas esquadras e postos, além de diverso equipamento, por exemplo automóvel.

 

Litoralgarve – Quantos agentes são necessários?

Pedro Moreira – A esquadra de Lagos devia ter à volta de 100 polícias. E neste momento tem cerca de 60. Portanto, há aqui diferença de 40 agentes que nos fazem falta na rua, ou a desempenhar outras funções.

 

Litoralgarve – Lagos é uma cidade abandalhada, desleixada, como muita gente diz?

Pedro Moreira – Lagos é uma cidade fantástica, mas infelizmente desde que o PSD deixou o poder passou a ser uma cidade cada vez mais desleixada, como podemos verificar, por exemplo, pelos grafites que se encontram nas paredes por detrás do edifício dos CTT, numa zona do centro histórico. Aquela parede está toda pintada, aliás suja com coisas sem nexo. É que se estivesse com obras de arte urbana, como fazem, por exemplo, os artistas que trabalham para o LAC – Laboratório de Artes Criativas, em Lagos, ainda seria interessante. Agora, aquilo que ali está há anos é uma vergonha! E ainda ninguém se lembrou de fazer uma limpeza. A Câmara Municipal de Lagos tem pessoal que poderia substituir-se aos CTT para limpar aquela parede. E como digo aquela, digo outras. Há equipamentos mobiliários urbanos, existentes, por exemplo, na Rua da Porta de Portugal, no centro da cidade, com pedras partidas nos lagos, que representam um perigo para a segurança das pessoas que ali se sentam. Noutros locais, há pedras desgastadas e soltas. Alguns dos bancos instalados junto à Caixa Geral de Depósitos têm as tábuas arrancadas e os pregos ferrugentos, voltados para cima, colocando em risco a segurança das pessoas. Nós, PSD, apresentámos moções que foram aprovadas na Assembleia Municipal de Lagos, para que esses equipamentos fossem arranjados, mas continua tudo na mesma. A Câmara nada fez nesse sentido. Houve uma altura, em que na sequência de uma moção que apresentámos, realmente consertaram uns bancos, em que faltava uma série de tábuas, instalados em frente ao estabelecimento da Taquelim Gonçalves e junto à praça de táxis. Mas nada mais foi feito.

 

“Temos    um    estacionamento    sem    a   mínima qualidade    e    toda    uma    zona    verde    que   é um    depósito   de    entulhos   e    lixo.    A zona   do    Bairro    Operário    não    merece    uma   zona   verde    de    qualidade?”

 

Litoralgarve  – Vai pôr ordem na cidade a esse nível?

Pedro Moreira  –  Escolhi uma equipa competente e com valências várias para se implementar uma mudança positiva no concelho. Uma das nossas principais medidas será nas zonas públicas, nos parques públicos, nas ruas com maior movimento. A cidade tem de se apresentar com uma qualidade superior. Não é admissível que haja equipamentos degradados no centro de Lagos! E quem diz no centro, também diz fora dessa área, em especial nas freguesias rurais. As pessoas têm os parques, têm os equipamentos para usufruírem e estes têm de estar em condições, não podem estar degradados. Estou a lembrar-me, também, do Jardim da Constituição, uma obra que não foi concluída. Aquele chão é um autêntico desastre! Segundo o senhor vereador Luís Bandarra, devia ter levado um verniz para que a terra não andasse de um lado para o outro e as ervas não crescessem da forma como se verifica. Mas nada foi feito! A Câmara efetuou pequenas reparações no local, mais uma vez instadas por uma nossa moção. Por exemplo, o sistema de iluminação está enterrado no chão, encontrando-se tudo partido. Está todo avariado e tapado. Este tipo de desleixo é inadmissível numa cidade que vive do turismo. A terceira fase do Anel Verde, entre a Porta dos Quartos e o cemitério velho, está na posse da Câmara desde 2009 e nada se fez. Temos um estacionamento sem a mínima qualidade e toda uma zona verde que é um depósito de entulhos e lixo. A zona do Bairro Operário não merece uma zona verde de qualidade? Onde se poderiam construir uma série de equipamentos lúdicos, um bom parque infantil, um parque canino, uma área desportiva? Não consigo compreender esta lógica de desleixo e falta de respeito pelos lacobrigenses. É necessária uma mudança de postura e visão.

 

“Gostava   que    a    zona    da    Tecnopolis    saísse do    anedotário    local    e    fosse    uma    área onde   se   pudesse   fazer   um   bairro   que cumprisse   o   desígnio   do    tecnopolis.   Ou   seja,   que    fosse    criada    uma    zona    urbana dedicada    às    novas   tecnologias   e    ao   ensino superior,   por exemplo.”

 

Litoralgarve – E de que maneira?

Pedro Moreira – Atuando em tempo útil na resolução dos problemas e implementação dos novos projetos. Os nómadas digitais, a que já me referi, oriundos de outros países europeus, sem as nossas condições climáticas, podem viver e trabalhar em Lagos, ao nível da Internet. Há uma série de negócios, hoje em dia, na área digital, com muita gente a trabalhar a partir de casa. O teletrabalho tornou-se uma coisa normal. O Estudo universitário e politécnico. Agora, temos é de atrair essa gente. Gostava que a zona da Tecnopolis saísse do anedotário local e fosse uma área onde se pudesse fazer um bairro que cumprisse o desígnio do tecnopolis. Ou seja, que fosse criada uma zona urbana dedicada às novas tecnologias e ao ensino superior, por exemplo. Isso não acontece porque aqueles terrenos já foram adquiridos por empreendedores de Lagos e não há competência para negociar da parte da Câmara Municipal para os convencer e sensibilizar a terem esta visão de futuro, tendo por objetivo projetar uma diversificação da nossa economia, com um polo de atração para a atividade digital e da investigação.

 

Covid-19?  “O   que   estranho   é    o    silêncio    do senhor    presidente    da    Câmara   de   Lagos  – pelo   menos   ainda    não   vi,    nem    ouvi qualquer    palavra    de    queixa,   ou   de exigência   oficial   –   perante   o    governo   central em    relação   aos    apoios    que    foram prometidos. E isso, eu acho grave!”   (…)   “Acho que   ele    devia,    neste    caso,    esquecer-se   das obediências    partidárias   e    colocar-se    à   frente   de    todos    nós,    na    exigência   de apoios    que    têm    de    vir,    obrigatoriamente, do   Estado.”

 

Litoralgarve – Como avalia a atuação de Lagos nesta pandemia da Covid-19?  

Pedro Moreira – Lagos tem gerido o combate à pandemia razoavelmente. Mas, em termos gerais, o combate à pandemia é gerido pelo Estado central.

 

Litoralgarve – Há muita pobreza envergonhada no concelho de Lagos, pessoas com fome, como se fala?

Pedro Moreira – Não sei se haverá muita gente com fome. Agora, sei que há muita gente a passar mal. Há muita gente com grandes dificuldades económicas, porque vivemos basicamente do turismo e o turismo ficou bastante reduzido no último ano devido à Covid-19. Penso que o Estado falhou a esse nível no Algarve, em geral, falhou em Lagos. Aquele plano específico de apoio ao Algarve, que foi anunciado em Julho de 2020, como muito urgente e um desígnio nacional, como disse o nosso Presidente da República, ainda não chegou cá. E não vai chegar. E a chamada ‘bazuca’ europeia [plano de recuperação económica proveniente da União Europeia, com mais de 45 mil milhões de euros para Portugal] também não virá resolver o nosso problema. Ainda faltam alguns meses para o dinheiro chegar a Portugal e as pessoas têm de comer todos os dias e têm contas para pagar todos os dias. A Câmara Municipal de Lagos faz o que pode na parte do apoio alimentar, se calhar não  consegue fazer mais porque este é um problema já com grandes dimensões. Mas também existe apoio de associações, de igrejas, que têm tentado suprir estas falhas às vezes da parte da Câmara. O que estranho é o silêncio do senhor presidente da Câmara de Lagos – pelo menos ainda não vi, nem ouvi qualquer palavra de queixa, ou de exigência oficial – perante o governo central em relação aos apoios que foram prometidos. E isso, eu acho grave! Porque o senhor presidente da Câmara é presidente da Câmara Municipal de Lagos, antes de ser socialista. Contudo, se calhar ele é mais socialista do que presidente da Câmara Municipal de Lagos. Acho que ele devia, neste caso, esquecer-se  das obediências partidárias e colocar-se à frente de todos nós, na exigência de apoios que têm de vir, obrigatoriamente, do Estado.

 

Com   o   PSD   na    presidência   da    Câmara,   o  concelho     “terá   um   Hospital    com    melhores condições.   Terá    uma    base    económica   mais diversificada.   Em suma,   Lagos    será    uma cidade    de    oportunidades    vocacionada    para o    desenvolvimento    sustentável,   inteligente   e inclusivo.”

 

Litoralgarve – Já referiu que se for eleito presidente da Câmara Municipal de Lagos, em Outubro de 2021, vai colocar videovigilância no centro da cidade e apostar na habitação social e na habitação a custos controlados, entre outras prioridades. E dentro de quatro anos, o que poderá o concelho ter mais, com o PSD no poder?

Pedro Moreira  – Terá um Hospital com melhores condições. Terá uma base económica mais diversificada. Em suma, Lagos será uma cidade de oportunidades vocacionada para o desenvolvimento sustentável, inteligente e inclusivo. O que se irá refletir noutra promessa. Nomeadamente os parques e os jardins têm de ser renovados. Em relação ao Parque Júdice Cabral, conhecido como auditório municipal [o chamado jardim das freiras], acho inconcebível que um espaço daquela natureza, com aquela importância que tem para a cidade de Lagos e para a qualidade de vida dos seus habitantes, esteja no estado em que está e aos anos  que se encontra nessa situação. Aquele parque tem de ter uma atenção imediata! Tudo o que lá está encontra-se degradado. Vou lançar um concurso de ideias para dar as devidas condições àquele espaço e criar um jardim público, com um auditório com outras condições, onde possa ter lugar uma série de eventos, nomeadamente culturais. Terá de haver um maior apoio e ligação da câmara às empresas, comerciantes, famílias e instituições de Lagos.

 

“As    obras    são    importantes    e    necessárias. Agora,   é    pena    que    só    sejam    feitas    de quatro    em     quatro    anos,    na    altura    das eleições    autárquicas…”

 

Litoralgarve – Apesar das críticas do PSD, Lagos tem beneficiado  de obras de renovação, nomeadamente ao nível de pavimentos, ruas, estradas e outros espaços públicos…

Pedro Moreira – As obras são importantes e necessárias. Agora, é pena que só sejam feitas de quatro em quatro anos, na altura das eleições autárquicas…

 

Litoralgarve – Mas os responsáveis do executivo camarário podem justificar atrasos, nomeadamente com a falta de empreiteiros nos concursos públicos lançados, a burocracia existente, uma série de condicionalismos que contribuem para adiar a concretização desses projetos…

Pedro Moreira – Não há empreiteiros?…  Acho que há empreiteiros, pode é haver concursos desertos, porque estes são mal elaborados a nível de preços. Temos de ter a noção do que é o mercado, quais são os valores que estão a ser praticados nas obras públicas e não podemos lançar um concurso por metade do preço que está a ser praticado a nível de obras públicas no mercado, porque sabemos que esse concurso irá ficar deserto, porque ninguém se interessará pelo mesmo. Portanto, tem de haver aqui uma consciência do que anda cá fora e esses concursos têm de ser mais assertivos e mais corretos, porque perdemos muito tempo. Os processos de obras públicas são, já de si, morosos e se andamos para a frente e para trás com esse tipo de situações, não lhe queria chamar ‘jogadas’, quem perde é a cidade e o concelho de Lagos. Há uma série de obras importantes que não são concretizadas.

 

 

“Verifica-se,   por    exemplo,    uma    incapacidade da    Câmara    Municipal    de    Lagos    para dialogar   com   as    entidades    que    são proprietárias    de    uma    série    de    equipamentos    históricos    da    cidade,    os    quais    se    vão     degradando.   É   o   caso   da Igreja   de    São    Sebastião,    que    está    num estado   lastimável.”

 

Litoralgarve – Quais são essas obras?

Pedro Moreira – Estou a lembrar-me, por exemplo, do Balneário Romano da Luz. Nós, PSD, já há dois ou três anos, apresentámos uma moção para a limpeza e a abertura do balneário, ao menos como está. Disseram-nos que não, porque as obras estavam para começar passado um mês ou dois. E o certo é que três anos depois ainda nem sequer começaram. Isto é inadmissível! É inadmissível que um equipamento daqueles, cultural e histórico, que podia atrair à vila da Luz milhares de pessoas e constituir uma fonte de rendimento, continue afinal, como está, sem qualquer utilidade. É que neste tipo de equipamentos em qualquer parte do mundo, paga-se para se visitar. E essas receitas podem ser utilizadas, ou na manutenção desses, ou de outros equipamentos públicos do município. E aquilo está fechado, ninguém consegue usufruir do espaço há pelo menos três anos. Mas existem mais nessa situação.

 

 

Litoralgarve – Por exemplo?

Pedro Moreira  – Verifica-se, por exemplo, uma incapacidade da Câmara Municipal de Lagos para dialogar com as entidades que são proprietárias de uma série de equipamentos históricos da cidade, os quais se vão degradando. É o caso da Igreja de São Sebastião, que está num estado lastimável. Provavelmente o Episcopado não terá dinheiro para recuperar o edifício. Contudo, a Câmara pode chegar a um acordo com o Episcopado e assumir a responsabilidade da recuperação daquele edifício, que é importantíssimo para a nossa cidade. Por exemplo, sei que na Igreja de São Sebastião há uma capela dos ossos muito interessante, a qual está fechada. Em Évora, também existe uma capela dos ossos, que é vista por dezenas de milhares de pessoas todos os anos e que pagam um valor para visitar esse espaço. E esse dinheiro com certeza que ajudaria na manutenção de todo o edifício. É incompreensível não se tirar partido dessa situação no património histórico e cultural existente no concelho de Lagos, para que toda a gente possa usufruir do mesmo. Temos, também, o exemplo da Caravela Boa Esperança, que está a apodrecer na ribeira e vai servindo, diria, de ‘bola de futebol’ entre a Região de Turismo do Algarve e a Câmara de Lagos. E é curioso que o município inscreve no seu orçamento todos anos, 50 mil euros para a manutenção da caravela, mas esse dinheiro, de certeza não é utilizado.

 

 

Litoralgarve – Já disse, nesta entrevista, que Lagos tornou-se uma cidade abandalhada, desleixada. A culpa é mesmo da Câmara, presidida pelo PS, ou existem mais responsáveis?

Pedro Moreira – Acho que os responsáveis da Câmara não têm a atenção que deviam ter a uma série de fatores. A cidade está mal cuidada, desleixada e, em muitos casos, abandalhada. Numa coisa em que eles não se desleixam é na cobrança de taxas e impostos. Nós pagamos impostos como se fossemos uma cidade de luxo, mas depois os serviços e a forma como nos apresentamos aos próprios munícipes e a quem nos visita, deixa muito a desejar.

 

 

“Não   me    parece    que    o    Chega    irá    ter    os   resultados    nas    eleições     autárquicas,   em Lagos,   que    o    seu     presidente    alcançou   nas eleições   presidenciais”

 

Litoralgarve – Nas próximas eleições autárquicas, há um novo partido, o Chega. Nas últimas eleições presidenciais, em Janeiro deste ano, o presidente deste partido, André Ventura, ficou em segundo lugar em Lagos, entre outros concelhos do Algarve. Como encara este desafio, esta situação? Admite acordos?

Pedro Moreira – Não me parece que exista um desafio acrescido pela existência de novos partidos. O PSD vai concorrer sozinho a estas eleições.

 

 

Litoralgarve – Mas gostaria de ter  [acordos]?

Pedro Moreira – Não, não gostaria de ter, porque já tenho um projeto próprio para a cidade.

 

 

Litoralgarve – No concelho de Lagos, o Chega poderá, entretanto, dividir o eleitorado e conquistar votos…

Pedro Moreira – É uma possibilidade. Mas considero que o Chega é um partido que está muito baseado na figura do seu presidente. Olhando depois à volta, o cenário não é consistente. O presidente é uma pessoa que tem grande capacidade de comunicação, que consegue congregar o descontentamento de uma franja, de uma parte da população em relação aos atores políticos e à forma como se faz política em Portugal. Contudo, acho que as eleições em que ele se apresentou como candidato à Presidência da República foram uma coisa e as eleições autárquicas são outra, mais pessoais. Ou seja, são eleições em que se apresentam candidatos a vários órgãos dos municípios, com um projeto, e as pessoas ou confiam nesses candidatos, ou não confiam. Não me parece que o Chega irá ter os resultados nas eleições autárquicas, em Lagos, que o seu presidente alcançou nas eleições presidenciais.

 

 

Litoralgarve – E o PSD? Há quem diga que, nestes quatro anos, a oposição do seu partido ficou bastante aquém das expectativas e o PS até poderá beneficiar com essa situação nas próximas eleições autárquicas, reforçando a maioria absoluta…

Pedro Moreira – Não concordo com essa ideia. O PSD já tem provas dadas de competência enquanto executivo autárquico em Lagos. O PSD Lagos tem, nestes últimos 3 anos, desenvolvido um esforço sério de estar presente junto das populações, com uma especial atenção nas freguesias rurais, tendo desenvolvido uma série de ações e apresentado moções nas Assembleias Municipais e de Freguesia com o intuito de melhorar as condições de vida das populações e retomar um projeto para a cidade que foi interrompido no tempo. Dou, como exemplo, a participação desde a primeira hora nas reuniões de cidadãos que se opuseram às plantações intensivas de abacates em Barão de S. João e na Luz. Questionamos as diversas entidades enquanto partido político, acompanhamos as queixas formalizadas pelos cidadãos e sempre questionamos a oportunidade destas explorações. Ao contrário dos responsáveis da câmara e das Juntas de Freguesia, que se limitaram a encolher os ombros e numa atitude de subserviência perante o Ministério da Agricultura e dos exploradores, não defenderam as suas populações.

 

 

Litoralgarve – Sente união no PSD em Lagos, em torno da sua figura?

Pedro Moreira  –  Sinto. Fui escolhido por unanimidade da Comissão Política de Secção e tenho recebido muito apoio dos militantes. Até dos que se tinham afastado por uma ou outra razão.

 

“Rui   Rio    é    uma    pessoa    séria,    com capacidades   para    ser    primeiro-ministro.   E   é reconhecido   como   tal    pelos    portugueses.   É uma   pessoa   diferente   daquilo   que    tem    sido o    normal   da    política    nos    últimos   anos.”

 

Litoralgarve – A nível nacional, tem passado a imagem de que o PSD está dividido e até poderá estar em causa a figura do seu presidente, Rui Rio, nas eleições autárquicas, em caso de resultado desfavorável, com perda de câmaras municipais. Como tem visto a liderança no seu partido e qual a perspetiva para o futuro?

Pedro Moreira – O PSD sempre teve esta característica de não se unir em torno de um líder e haver pessoas descontentes, pensando que alguém pode fazer melhor. Isso só diz muito do PSD, que é um partido de várias sensibilidades. Dentro da nossa ideologia, há pessoas mais ao centro, há pessoas mais à direita, há pessoas mais à esquerda e todos nós conseguimos conviver democraticamente no interior do mesmo partido, o que já não vejo nos outros. No PS,  quando está no poder, todos se juntam à volta do seu líder e não há praticamente oposição interna, o que acho mau. Isso também faz com que não haja debate interno, surgimento de novas ideias, de novas soluções.

 

 

Litoralgarve – O PSD poderá voltar ao poder, a ser governo, com Rui Rio?

Pedro Moreira – Acho que Rui Rio é uma pessoa séria, com capacidades para ser primeiro-ministro. E é reconhecido como tal pelos portugueses. É uma pessoa diferente daquilo que tem sido o normal da política nos últimos anos. Estudei no Porto durante três anos, entre 1984 e 1987, e lembro-me bem como é que aquela cidade era naquela altura, em que eu até lhe chamava uma aldeia com um milhão de habitantes. O Porto era uma cidade com muitas deficiências, com muitos grupos, com muitos interesses, que não eram saudáveis para a própria cidade. E o Rui Rio conseguiu, com a sua retidão, também com a sua teimosia, lançar as fundações da transformação do Porto para a cidade que é hoje. E o Porto de hoje é muito, muito melhor do que era naquela altura em que era governado pelo socialista Fernando Gomes.

 

 

Litoralgarve  – Que ilações retira da Covid-19?

Pedro Moreira – A nível ambiental, acabámos por refrear bastante o consumo. Esta pandemia destruiu a nossa economia e está a destruir-nos psicologicamente. Não vamos ficar todos maluquinhos, mas vamos ficar afetados com esta situação. Custa-me a leveza com que nos cortam a liberdade, muitas vezes sem explicações técnicas credíveis, custa-me o medo que é incutido nas pessoas constantemente. Como seres humanos, somos extraordinariamente fortes em nos adaptarmos às mudanças e à adversidade, e espero que aprendamos alguma coisa com estes tempos difíceis que temos passado, seja a nível da solidariedade, seja a outros níveis. Um aspeto positivo que a pandemia acabou por incentivar é precisamente a solidariedade. Há uma fraternidade entre as pessoas, capacidade de entreajuda, perceber que podemos estar amanhã numa situação difícil, como muitos estão hoje. Os portugueses têm essa capacidade de compaixão pelos outros.

 

 

Litoralgarve – E o que espera no futuro em Lagos, depois desta pandemia?

Pedro Moreira  – Espero que em Lagos, como cidade, tenhamos aprendido que temos de ser mais diversificados na nossa economia, olhando, por exemplo, para a economia do mar, de forma industrial – na aquacultura por exemplo, pois neste momento só a encaramos na vertente do turismo. E, volto a insistir, não podemos estar tão dependentes desta atividade. É essa a nossa grande lição no concelho de Lagos.

 

 

QUEM  É   QUEM

Sou  uma   pessoa    séria,   prezo   muito   a   minha   palavra.  Dou-me   bem   com   toda    a   gente,   gosto    de   aglutinar   e   incentivar    equipas  

Com  54  anos  e  natural de Lagos,  Pedro  Moreira  tem quatro filhos  (um rapaz e  três  raparigas),  é  diretor  de  hotel,  diz  que  sempre  vivi  rodeado  deste  negócio  do  turismo“é  nesta  atividade  que  gosto  de   trabalhar  e  me  sinto  realizado.  Recorda os brinquedos de infância, foi atleta do Clube Karaté de Lagos durante quase 20 anos e agora, como faz questão de destacar, só ginásio e pesca lúdica. Admirador de Francisco Sá Carneiro e de Nelson Mandela, o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Lagos e atual líder da Comissão Política Concelhia do partido, considera-se  perito em unir, em aproximar pessoas.

 

Nome completo: Pedro Augusto Borges de Lima Palma Moreira

Data de nascimento: 14 de Junho de 1966. Tem 54 anos.

Signo: Gémeos

Estado civil: Divorciado

Filhos: Tem quatro. Um filho de 29 anos,  João Pedro, que trabalha na Luz; uma filha, Beatriz, com 25 (emigrante no Luxemburgo); a Júlia, com 17, e a Daniela, com 16 anos, ambas estudantes.

Naturalidade: Lagos, na área da freguesia de São Sebastião. “Nasceu na Rua da Atalaia, também conhecida por Porta dos Quartos”.

Residência: Lagos

Profissão: Diretor de hotel.

“Fui diretor do ‘Luz Bay Club’, na Praia da Luz, durante dez anos. Depois, tive uma agência imobiliária, a qual já era da família e que ficou à minha responsabilidade durante mais dez anos”.

Habilitações literárias: Tem um curso de Gestão e Técnica Hoteleira da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto (1984-1987), e um Curso de Artes, em Lisboa (2013-2017).

Experiência política / cargos – Presidente da Comissão Politica Concelhia do PSD  Lagos (2017- 2021); Vogal da Comissão Política Distrital do PSD – Algarve (2019-2021).

Sonho de infância: “O meu pai também era diretor de hotel e gerente do ‘Luz Bay Club’ [o conhecido João Moreira] “e a minha mãe era governanta de andares”, na mesma empresa. “Sempre vivi rodeado deste negócio do turismo. Portanto, desde muito novo soube o que queria fazer e sempre pensei que a indústria hoteleira seria o meu destino fosse em que área fosse. É nesta atividade que gosto de trabalhar e me sinto realizado”.

Brinquedo quando era criança: “Tinha dois ou três ‘Action Man’, um conhecido soldado com uma série de equipamentos, que teria mais ou menos a dimensão da ‘Barbie’, hoje em dia. Era o meu pai que me trazia esse boneco, nas suas viagens ao estrangeiro, não sei donde. E também gostava de Legos.”

Sou   sportinguista,  de   alma   e    coração  (…) gosto   de    filmes   de    ficção    científica   e    de séries    policiais   e    também   gosto    muito   de cozinhar  ()   nomeadamente    cabidela   de galinha,   por    exemplo,    arroz    de    pato,    ou pato    recheado    com    arroz,    pezinhos de coentrada

Clube desportivo: “Sou sportinguista, de alma e coração. Aliás, nesse aspeto, partilho o gosto com o atual presidente da Câmara Municipal de Lagos [Hugo Pereira], que também é do Sporting”.

Tempos Livres: “Tenho um vício que é a leitura. Algum livro especial? Tenho muitos. Gosto de ler livros policiais, gosto de ler livros de ensaios sobre a atualidade, por exemplo, gosto de ler algumas obras clássicas”.

Modalidades desportivas que pratica:  Fui atleta do Clube Karaté de Lagos durante quase 20 anos. Agora só ginásio e pesca lúdica.

Filmes:  “Gosto de filmes de ficção científica e de séries policiais.”

Gastronomia: “Gosto muito de cozinhar. Sou eu que, normalmente, faço a comida em casa. Pratos preferidos? Muitos. Cabidela de galinha, por exemplo, arroz de pato, ou pato recheado com arroz, pezinhos de coentrada, etc”.

Onde costuma passar férias: “Comecei a viajar pelo mundo, desde muito novo, primeiro com os meus pais e depois sozinho. Mas neste momento, não tenho grande vontade de andar a passear. Fui casado com uma mulher do leste europeu, neste momento a minha companheira também é do leste europeu e normalmente aproveito as minhas férias para passar alguns dias na terra dela, na Ucrânia.”

Idiomas que domina: “Inglês, francês, espanhol e, claro, português”.

Religião: “Sou católico, apostólico, romano. Mas não sou muito praticante.”

“Não   tenho    muita    paciência   para   aturar pessoas    que    são    mesquinhas    ou    com egos exagerados”

Principal virtude: “Sou uma pessoa séria, prezo muito a minha palavra. Quando digo uma coisa, ou me comprometo seja com o que for, muito raramente volto atrás. Dou-me bem com toda a gente, gosto de aglutinar e incentivar equipas. Sou perito em unir, em aproximar pessoas.”

Maior defeito: “Não tenho muita paciência para aturar pessoas que são mesquinhas ou com egos exagerados.”

Figura nacional que mais destaca: “Gosto muito de Francisco Sá Carneiro [antigo presidente do PSD], uma referência para mim.”

Figura internacional que mais admira: Nelson Mandela

José Manuel Oliveira

Paulo Silva

 

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