Numa altura em que a pandemia da Covid-19 é “globalmente uma situação que não está controlada” na região algarvia, onde continua a aumentar o número de novos infetados e vítimas mortais, o presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado, em declarações ao Litoralgarve, avisa, desde já, que o Estado de Emergência, com recolher obrigatório, irá abranger o Natal “e para além do Natal”. E enquanto se aguarda o plano de vacinação contra a Covid-19, no Algarve a vacina contra a gripe, cujo processo deverá ficar concluído antes da quadra natalícia, contempla um total de cerca de 50 mil pessoas. “É um número significativo e superior ao do ano passado”, sublinha o principal responsável da Administração Regional de Saúde do Algarve, sem esconder a sua supresa.
Litoralgarve – Como está a decorrer o processo da vacinação contra a gripe no Algarve?
Paulo Morgado – Já tínhamos a última tranche e estamos a terminá-la. Recebemos um total de 7.600 vacinas, que estão em distribuição nos centros de saúde e vamos terminar dentro de uma semana ou duas, assim esperamos. E teremos o processo de vacinação terminado.
“NO TOTAL HAVERÁ CERCA DE 50 MIL PESSOAS VACINADAS NO ALGARVE CONTRA A GRIPE (…) MAIS DE 30 POR CENTO” DO QUE EM 2019
Litoralgarve – Quantas pessoas já foram vacinadas?
Paulo Morgado – Até ao momento, mais de 40 mil pessoas nos nossos serviços. E mais de 7.000 nas farmácias. No total, haverá cerca de 50 mil pessoas vacinadas no Algarve contra a gripe.
Litoralgarve – Corresponde às suas expectativas?
Paulo Morgado – É um número significativo e superior ao do ano passado. Estamos a cerca de 30 por cento acima dos números de 2019. Ou seja, vacinámos mais 30 por cento de pessoas. E penso que antes do Natal, esse processo estará resolvido.
Litoralgarve – E como avalia a situação da pandemia da Covid-19 nesta região?

Paulo Morgado – Estou preocupado, porque não podemos afrouxar as medidas [de restrição], de maneira nenhuma. Globalmente, a situação não está controlada.
“ESTAS MEDIDAS [DE RESTRIÇÃO] DEMORAM SEMPRE SEMANAS PARA CONSEGUIRMOS VER O EFEITO. SE NÓS AFROUXAMOS, OS CASOS [DE INFEÇÃO] VOLTAM A SUBIR”
Litoralgarve – O Estado de Emergência, com recolher obrigatório, e agora esta proibição de circulação entre concelhos, vai resolver o problema?
Paulo Morgado – Claro que sim, mas demora tempo. Estas medidas demoram sempre várias semanas para conseguirmos ver o efeito. E depois, é a teoria da mola. Se nós afrouxamos as medidas, os casos [de infeção) voltam a subir. Quando for para afrouxar, tem de se estar num nível baixo. Se afrouxarmos num nível alto, torna a subir de novo. Portanto, é preciso que os portugueses, em geral, e os algarvios, neste caso, em particular, se preparem para vivermos muitas semanas em Estado de Emergência.
Litoralgarve – E o Natal vai ser assim?
Paulo Morgado – O Natal vai ser assim e para além do Natal.
“É MUITO NATURAL QUE, EM JANEIRO DE 2021, SE TUDO CORRER BEM, SE POSSA INICIAR UM ESFORÇO DE VACINAÇÃO [CONTRA A COVID-19] EM TODO O PAÍS”
Litoralgarve – O que poderá fazer a vacina contra a Covid-19? Qual é a sua expectativa?
Paulo Morgado – A vacina será uma esperança, com certeza. É muito natural que, em Janeiro de 2021, se tudo correr bem, se possa iniciar um esforço de vacinação em todo o país. E, claro, também no Algarve. Há, ainda, alguma incerteza sobre as datas do início da vacinação, porque depende da aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos.
Litoralgarve – Quantos profissionais de saúde, no Algarve, estão neste momento infetados?
Paulo Morgado – Vinte e quatro. São sete do sector privado e os restantes do sector público.
ALGARVE ESTÁ RECETIVO A RECEBER DOENTES COM COVID-19 DE OUTRAS REGIÕES, NUMA ALTURA EM QUE APENAS “30 POR CENTO DAS CAMAS ESTÃO OCUPADAS”
Litoralgarve – E em relação às camas disponíveis para doentes com Covid-19 nos hospitais?
Paulo Morgado – No Algarve, temos ainda muitas camas disponíveis. Temos 29 camas ocupadas para um total de 92 camas alocadas ao Covid. Ou seja, são à volta de 30 por cento de camas ocupadas. E o Algarve está recetivo para receber doentes de outras regiões do país.
José Manuel Oliveira