Jovem estudante Gonçalo Braga conta, ao ‘Litoralgarve’, a experiência no papel de Rei Dom Sebastião: “Fomos sempre muito bem recebidos pelo público durante os espetáculos
E o pai, Carlos Braga, professor de educação física na Escola Júlio Dantas, em Lagos, descreve como fez de Capitão da Nau de Santa Bernarda, a partir da Avenida dos Descobrimentos, evocando a célebre viagem para a batalha de Alcácer Quibir. “Foi uma experiência muito gratificante e cansativa, com a minha voz de capitão da nau a dar ordens aos marinheiros e Contramestre, num total de onze tripulantes, para levantar velas, âncora, soltar amarras e outras.”
José Manuel Oliveira

‘Viva El Rei’!, ‘Viva Lagos!’, ‘Viva Portugal!’, ‘Viva Lagos e a História de Portugal!’ Foi, assim, que, já pelas 00h.20m. da madrugada de 07 de Maio de 2023 (Domingo), num palco instalado junto às muralhas, na altura iluminadas, do antigo Castelo dos Governadores (onde até há poucos meses funcionou o Hospital de Lagos), a poucos metros da famosa Janela Manuelina e do Jardim da Constituição de 1976, atores dos grupos ‘Aqui Há História’, de Lagos, e ‘Décadas de Sonho’, de Santa Maria da Feira, entre bailarinas, o Rei Dom Sebastião, que comemorava as suas 19 anos primaveras, e outros figurantes, se despediram de mais de uma centena de pessoas, no público, que assistiam ao final do espetáculo da 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos. Na altura, apesar da hora tardia já para muita gente e de um pouco de frio e vento que também se faziam sentir, não faltaram aplausos e luzes de telemóveis para registo de fotos e filmagens, entre as pessoas sentadas num auditório montado no local e de outras espalhadas pela relva, que acompanhavam ao pormenor as imagens da sessão de encerramento deste evento.
“No início, sentia-me um pouco nervoso porque havia muito público a assistir e a ver, em particular, o Rei Dom Sebastião, e eu não tinha grande experiência para desempenhar este papel. De resto, nem tive muita preparação para o efeito.
Contei, sobretudo, com o apoio de amigos e familiares”, confessa o jovem estudante e ator Gonçalo Braga de 17 anos“
Em entrevista ao ‘Litoralgarve’, a principal figura da 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos, ao representar o Rei Dom Sebastião, além de outros personagens durante o certame, Gonçalo Braga, de 17 anos e estudante de Multimedia na Escola Secundária Júlio Dantas, nesta cidade, onde integra, como ator, o Grupo ‘Aqui Há História’, começou por contar como decorreu o desfile no dia 04 de Maio de 2023, a partir das 14.30 horas, desde o Mercado de Levante (conhecido por ‘mercado da reforma agrária’), no Largo do Rossio de São João Baptista, com passagem pela Avenida dos Descobrimentos e chegada à Praça do Infante Dom Henrique: “No início, sentia-me um pouco nervoso porque havia muito público a assistir e a ver, em particular, o Rei Dom Sebastião, e eu não tinha grande experiência para desempenhar este papel. De resto, nem tive muita preparação para o efeito. Contei, sobretudo, com o apoio de amigos e familiares”. Mas não necessitou de tomar calmantes – “nem pensar” – como nos garantiu.
“Mais tarde, durante o desfile e ao passar junto ao posto de abastecimento de combustíveis da Repsol, na Avenida dos Descobrimentos, eu já seguia sozinho no cavalo, à-vontade”
“Havia muitos estrangeiros, que não sabiam o que significava este desfile histórico e limitavam-se a fotografar e a fazer filmagens”
E prosseguiu: “Quando o cavalo, que tive de montar neste desfile, veio para Lagos, sentia-me um pouco receoso.
Inicialmente, foi levado pelas rédeas, com o apoio do seu cavaleiro. Mais tarde, durante o desfile e ao passar junto ao posto de abastecimento de combustíveis da Repsol, na Avenida dos Descobrimentos, eu já seguia sozinho no cavalo, à-vontade.”
Em relação ao público, que assistiu ao cortejo, Gonçalo Braga notou que muitas pessoas estariam no local para “observar, mais do que reagir.” “Havia muitos estrangeiros que não sabiam o que significava este desfile histórico e limitavam-se a fotografar e a fazer filmagens. E mesmo numa altura em que se ouvia gritar ‘Viva o Rei’, a maioria dessas pessoas ficava calada.”
“No papel de Rei Dom Sebastião, em que foi a primeira vez, tive uma semana de treino” e sentiu que “foi a figura mais respeitada por toda a gente”
Começou em Janeiro deste ano a preparação de Gonçalo Braga para os diversos papéis que desempenhou como ator do Grupo ‘Aqui Há História’, na 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos. Contudo, “no papel de Rei Dom Sebastião, em que foi a primeira vez, tive uma semana de treino” apenas. “Já para outros papéis, preparei-me imenso, como representar o povo, fazer de
marinheiro a bordo da Nau de Santa Bernarda, participar numa luta com espadas no programa de animação durante a ceia medieval, na Messe Militar de Lagos, o que obrigou a muito treino, e a fazer de bobo da corte”, recordou o jovem do Grupo ‘Aqui Há História’.
E qual o papel que mais gostou de representar? – questionámos. “Foi o de rei, a figura mais respeitada por toda a gente, como ator, tendo sido essa a minha primeira experiência ”, respondeu, sem hesitação. E até lembrou que, também, “quem recebeu mais palmas do público, foi o rei.”Já sobre a História de Portugal que estudou há anos, na escola, Gonçalo Braga destacou o período alusivo ao “século XVI, de que me lembro algumas coisas.”
“Em média, foram nove horas a trabalhar por cada dia, até à meia-noite, uma hora da madrugada”, desde a animação no local do certame, ao programa nas viagens a bordo da Nau Santa Bernarda

Na altura em que falava ao ‘Litoralgarve’, o ator Gonçalo Braga confessou sentir-se “muito exausto”, pois “dormi pouco, durante os quatro dias”, de 04 a 07 de Maio, da 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos. “Em média, foram nove horas a trabalhar por cada dia, até à meia-noite, uma hora da madrugada”, desde a animação no local do certame, até ao programa nas viagens a bordo da Nau Santa Bernarda. “Fomos sempre muito bem recebidos pelo público durante os espetáculos. E mesmo na última noite, domingo, dia 07 de Maio, apesar de algum frio que se fazia sentir junto ao Jardim da Constituição, e o facto de muitas pessoas terem de ir trabalhar no dia seguinte e as crianças terem escola, o número de espetadores presente pareceu-me razoável”, destacou Gonçalo Braga.
Em jeito de balanço, reconheceu ser “normal haver algumas falhas técnicas”, tendo, apontado, nesse sentido “problemas com o som nas colunas, que nem sempre foram controlados.”
” Há que “melhorar o som das colunas”
Por outro lado, e já a pensar em 2025, ano em que deverá ter lugar a próxima edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos, Gonçalo Braga aproveitou, desde logo, para deixar um apelo à Câmara Municipal, como entidade organizadora, no sentido de “melhorar o som das colunas.”
E manifestou a sua disponibilidade para desempenhar“qualquer papel” no programa de animação e recreação histórica, como ator do Grupo ‘Aqui Há História’, juntamente com o ‘Décadas de Sonho’.
No próximo Festival dos Descobrimentos de Lagos, em 2025, “se não surgir alguém e eu tiver de fazer de rei, poderão contar comigo”
“O papel de Rei é muito cansativo e se houver mais pessoas para o desempenhar, não me irei opor e poderei ter outro papel. Contudo, se não surgir alguém e eu tiver de fazer de rei, poderão contar comigo”, observou Gonçalo Braga, que “gostaria de ser ator profissional”. “Seria do meu agrado representar e é de felicidade que necessitamos neste mundo”, sublinhou.
O equivalente a cinco quilómetros por viagem, desde a Avenida dos Descobrimentos até à Ponta da
Piedade, ida e volta, a bordo da Nau de Santa Bernarda
Também em destaque na 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos, esteve o pai deste jovem ator, o rei Dom Sebastião. Carlos Braga, professor de Educação Física na Escola Secundária Júlio Dantas, foi o capitão da Nau “Santa Bernarda”, que efetuou, em cada um dos quatro dias, três viagens desde a Avenida dos Descobrimentos, a poucos metros de distância do edifício da Messe Militar, até à Ponta da Piedade, num total equivalente a cerca de cinco quilómetros de ida e volta.

“Foi uma experiência muito gratificante e cansativa, com a minha voz de capitão da nau a dar ordens aos marinheiros e Contramestre, num total de onze tripulantes, para levantar velas, âncora, soltar amarras e outras. Entre a nossa tripulação, estava um elemento, Miguel Rodrigues, que funcionou como Imediato, ou seja, o oficial executivo do navio, a quem competia repetir as ordens dadas pelo Capitão, ou, eventualmente, tomar conta da embarcação e dos marinheiros” – descreveu, em declarações ao ‘Litoralgarve’, Carlos Braga, elemento do Grupo ‘Aqui Há História’.
O Frade dava “a bênção à navegação” e o Imediato “chicotadas” a marinheiros, apanhados em jogos de azar.
“Visitantes Portugueses, Franceses, Ingleses, Alemães, Espanhóis, muitos Italianos, alguns Indianos, tiveram, assim, oportunidade de reviver uma viagem histórica especial, com agitação e personagens do século XVI, num evento único. Neste caso, foi retratar a viagem para a batalha de Alcácer Quibir, com desvio para Gibraltar para abastecer a nau de cerveja”, conta, ao nosso Jornal, o capitão da nau “Santa Bernarda”, professor Carlos Braga
E acrescentou: “Também havia um frade, neste caso Ângelo Mariano, que dava a bênção à navegação e prestava cuidados de moralidade, com condenações religiosas. Por exemplo, a um marinheiro apanhado em jogos de azar, era permitido dar cinquenta chicotadas no início. Contudo, ao evocar Jesus Cristo, que recebeu vinte chicotadas, o castigo acabava por diminuir para, apenas, uma chicotada. As pessoas riam-se, aplaudiam, fotografavam e filmavam. A animação a bordo foi constante, incluindo música e danças, tendo cada viagem contado com a lotação máxima da nau, 65 pessoas, entre visitantes Portugueses, Franceses, Ingleses, Alemães, Espanhóis, muitos Italianos, alguns Indianos, que tiveram, assim, oportunidade de reviver uma viagem histórica especial, com agitação e personagens do século XVI, num evento único.
Neste caso, foi retratar a viagem para a batalha de Alcácer Quibir, com desvio para Gibraltar para abastecer a nau de cerveja”.
Já a tripulação efetiva daquela antiga embarcação de pesca, agora nau de Santa Bernarda, proveniente de Portimão, era constituída por quatro membros. Refira-se que havia coletes de salvamento para todas as pessoas que seguiam a bordo. Cada visitante pagou dez euros. Nos quatro dias desta 11ª. edição do Festival dos Descobrimentos de Lagos, houve doze viagens, ou seja, três por dia, que funcionaram como inovação.
A preparação desta iniciativa e do cortejo, bem como da animação durante a ceia medieval, obrigou a despender “mais de cinco mil euros em fatos para os atores, adereços essenciais no desfile, mapas e espadas, em lojas especificas de Portugal, nomeadamente em Lisboa, e de Espanha”, referiu Carlos Braga, Diretor do Grupo de Recriação Histórica “Aqui Há História”, e núcleo da
Associação de Artesãos do Barlavento.