Apresentação do livro “Amor e Vinho. Da Poesia Luso-Árabe à Nova Música Portuguesa (Séculos XI/XXI)”

O Município de Silves promove a apresentação do livro “Amor e Vinho. Da Poesia Luso-Árabe à Nova Música Portuguesa (Séculos XI/XXI)”, da autoria de Eduardo M. Raposo.

 A iniciativa que terá lugar na Biblioteca Municipal de Silves, no dia 18 de março, pelas 18h30, inclui a degustação dos VINHOS DE SILVES e a interpretação de alguns temas musicais, com a participação de Eduardo Ramos.

 A apresentação da obra contará com a presença de Rogério de Brito e de José Veloso, numa interessante abordagem de como os temas amor, vinho, poesia, música e a luta pela liberdade se relacionam e se encontram tão intimamente ligados à História de Portugal.

 De referir que esta iniciativa, resulta de uma parceria entre o Município de Silves, Centro de Estudos Documentais do Alentejo, editora Colibri e Paxá Wines.

+ SOBRE A OBRA

Com a sensibilidade à flor da pele, o autor «desarma nos» (digo, fascina nos) ao falar de amor, vinho, música, poesia, e luta pela liberdade para nos conduzir, num percurso único, por caminhos pouco trilhados na História de Portugal.

É disso prova clara, a evidência posta na importância que teve, para a construção dos alicerces da nossa identidade, o espantoso fenómeno do encontro de civilizações operado ao longo de milénios no espaço mediterrâneo. (…)

Voltemos ao amor, ao vinho, e à poesia, que ao longo da nossa história foram alimento fundamental na vivência e sedimentação do que de mais nobre e enriquecedor a memória pode guardar num olhar longínquo sobre o nosso passado. (…) 

Quanto à poesia luso árabe rios de amor e vinho, sem margens nem foz, inundaram a nossa memória e neles navegámos até aos nossos dias tendo por companheira a certeza de que o vinho vivo do amor é ambrosia que nós, deuses da nossa existência, teremos como alimento na eternidade libertadora da poesia.

[JANITA SALOMÉ]

 O presente livro, para além da extensiva e preciosa informação sobre a influência poética árabe na Língua Portuguesa, ao longo da sua história, tem o aliciante de nos confrontar com a realidade de há muito conhecida mas que, nos nossos tempos, tende a ser esquecida e escamoteada – os portugueses são um povo resultante de diversos encontros étnicos ao longo de séculos de convivência entre si.

É destes encontros, por vezes pacíficos, por vezes de conflito, que somos descendentes, em maior ou menor grau. Esta constatação deveria ser argumento político e cultural contra os radicalismos que hoje proliferam, tanto no campo Muçulmano como no Cristão, e que tanto incitam à violência e à intolerância.

Mil anos de poesia em mais de 180 poemas, desde o século de Almutâmide, génese da nossa poesia lírica passando por D. Diniz, João Roiz de Castelo Branco, Bernardim Ribeiro, Gil Vicente, Camões, Bocage, Pessoa, chegamos à Nova Música Portuguesa, onde destacamos Janita Salomé, Vitorino, Rui Veloso, Sérgio Godinho, Trovante, Luís Represas, Fausto, Brigada Victor Jara, Jorge Palma e João Afonso, «cantautores» e interpretes, que cantam o amor e o vinho, o sol, o sul e o mar da nossa expansão. A Poesia cantada assume aqui o elo agregador da nação portuguesa como aconteceu em momentos decisivos da nossa história: no século XIX, com Luís de Camões, no Ultimatum inglês, ou com José Afonso, no 25 de Abril de 1974, com «Grândola Vila Morena».

[FERNANDO MÃO DE FERRO]

+ SOBRE EDUARDO M. RAPOSO

Eduardo M. Raposo nasceu em 1962 – Funcheira, Ourique. Com quase 5 anos rumou à Diáspora. Posteriormente, na inquietação do “ser português”, tem percorrido a utopia do imenso Sul. Assim chegou à escrita, há quase 40 anos – jornalismo e não só. Nos anos 80 iniciou intensa atividade de intervenção cultural e em 90 de investigação académica e associativista, que permanece, onde a busca da totalidade do ser e o belo estão presentes. Dirigiu/dirige revistas culturais (Memória Alentejana) organizou mais de 80 colóquios, tertúlias e encontros culturais, publicou 500 artigos e entrevistas na imprensa. Divulgou o «Canto de Intervenção» e o «Cante» em publicações científicas (Estudios Extremeños) e congressos internacionais (PHI CHAM, Sorbonne, 2019). Apresentou dezenas de espetáculos de música e poesia e fez conferências (Casa da Música). Organizou homenagens a Lorca, Urbano, Adriano, Almutâmide, Brito Camacho, Mestre Salgueiro e outros. Publicou seis livros: três biografias (Cláudio Torres, Urbano, Fonte Santa), dirigiu uma antologia poética, dois sobre o «Canto de Intervenção» e participou na Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Construtor de utopias e tolerante radical é doutor em História da Cultura e das Mentalidades Contemporâneas e investigador do CHAM da FCSH/UNL. Integra a Comissão Científica do II Congresso sobre o «Cante», em preparação e está a desenvolver estudos sobre o «Cante» e as tabernas. Sacraliza a amizade e escreve como aprendeu…