“Esperemos que o número de recuperados vá aumentando na próxima semana e comece a suplantar o número de casos novos”, perspetivou, em conferência de imprensa, realizada nesta sexta-feira, em Loulé, Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde, de modo a “entrarmos na fase decrescente da curva”. Já o autarca António Pina garante que é “seguro passar férias no Algarve, embora com condicionalismos.”
Há, neste momento, “80 doentes recuperados” de Covid-19 no Algarve, “21 internados” em hospitais, sendo “quatro em Unidades de Cuidados Intensivos”, enquanto “245 estão em vigilância ativa” por parte das autoridades de saúde, numa região onde ascende a “320 o número de casos confirmados”, acumulados desde o início da pandemia.

Foi com essa informação que a Delegada de Saúde Regional do Algarve, Ana Cristina Guerreiro, abriu, nesta sexta-feira, dia 24/04/2020, a habitual conferência de imprensa semanal na sede do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, em Loulé, para fazer o ponto da situação sobre o estado do surto do novo coronavírus, Covid-19 nesta região do Sul do país, onde ocorreram até agora 11 óbitos. “Foram testadas 9.685 pessoas, que deram resultado negativo”, acrescentou aquela responsável, para quem o Algarve, em termos gerais, está numa “situação bastante cómoda” em termos de novos casos, pois todos os dias “apenas se registam mais um ou dois.”
Em relação aos lares de idosos, um dos focos de preocupação das autoridades de saúde, Ana Cristina Guerreiro destacou “boas notícias para o lar de Boliqueime”, no concelho de Loulé, onde “foram feitos novos testes a residentes e a funcionários.” Há, “neste momento apenas 12 residentes positivos, dos quais nove se mantêm no lar e três estão internados”, referiu.
O rastreio efetuado pelos técnicos do laboratório ‘Algarve Biomedical Center’ aos lares de idosos da região já contemplou 67,7 por cento dos testes previstos, não tendo sido ainda detetado entre os utentes e os funcionários mais nenhum caso de infeção do novo coronavírus.
Migrantes com “situação controlada”
Por outro lado, no tocante a cidadãos migrantes a trabalhar no sector agrícola, a Delegada de Saúde Regional considerou, também, tratar-se de uma “situação controlada.” No concelho de Tavira, existe um grupo de “20 migrantes positivos”, que integra dois outros trabalhadores estrangeiros provenientes de outros concelhos do Algarve, nomeadamente “um de Silves e um de Albufeira”, os quais foram deslocados para a Zona de Apoio à População de Santo Estevao, “por questões de nacionalidade e com o seu acordo.” Estão ali confinados “19 migrantes de nacionalidade indiana e um nepalês.”
Já em Albufeira, há “apenas uma pessoa positiva” confinada numa unidade hoteleira, neste momento a funcionar como Zona de Apoio à População, e mais “um apartamento com oito migrantes, em isolamento profilático e sob vigilância” das autoridades de saúde da região.
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Em Armação de Pera, no concelho de Silves, Ana Cristina Guerreiro apontou, igualmente, uma “notícia boa”. É que uma das pessoas que se encontrava doente já está com “dois testes negativos e vai voltar para casa”, recuperada. Quanto ao grupo desses migrantes, “há cinco pessoas positivas, em habitação própria e sob vigilância das autoridades de saúde.”
Nível de casos “muito reduzido” em comparação com o resto do país
Por seu turno, o presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, reforçando a intervenção da sua colega, destacou a “situação de estabilidade” em que a região se encontra, com um nível de casos “muito reduzido” em comparação com o panorama a nível nacional. “Temos agora 80 recuperados e esperamos que esse número aumente nos próximos dias”, sublinhou, notando que a Covid-19 “é uma doença prolongada, os doentes estão, às vezes, três semanas, ou mais, positivos” e depois “só com dois testes negativos” é que são considerados como curados. Isto é, demora muito tempo até um doente ser considerado recuperado do novo vírus. E “dos 20 profissionais de saúde que ficaram doentes com Covid-19, quatro já estão recuperados”, adiantou o presidente da ARS do Algarve.
“A doença não desaparecerá tão cedo”, avisa Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve
“Esperemos que o número de recuperados vá aumentando na próxima semana e comece a suplantar o número de casos novos”, perspetivou Paulo Morgado, de modo a “entrarmos na fase decrescente da curva.” E voltou a alertar no sentido de não baixar a guarda, pois os números “bons” da região algarvia têm “tudo a ver com as medidas que a população adotou e que será preciso manter.” “A doença não desaparecerá tão cedo. Vai ficar connosco durante muitos meses, até se encontrar cura, tratamento eficaz ou uma vacina”, insistiu aquele responsável.

Por outro lado, Paulo Morgado chamou a atenção para o facto de “estarmos já a preparar a retoma de alguma atividade normal”, a qual, observou, “há-de ser gradual, mantendo todos os cuidados para evitar novas infeções.” O futuro, avisou, “não vai ser igual ao passado, quer na sociedade, quer nos serviços de saúde.”
Já a Delegada Regional de Saúde, Ana Cristina Guerreiro, ao ser questionada sobre o motivo de o Algarve apresentar uma taxa de resolução muito superior ao resto do país, admitiu existirem “pequenos contributos” para tal. Em primeiro lugar, notou, “nas grandes regiões é mais difícil conseguir, de uma forma rápida, saber os números de recuperados. São regiões com fontes de informações muito dispersas.” Como tal, mesmo a nível nacional, o número de doentes já recuperados até poderá ser superior àquele de que se tem conhecimento.
“Pode também ter acontecido termos encontrado no Algarve os doentes positivos mais cedo e que, portanto, não tenham desenvolvido a doença de forma tão grave” antes de serem acompanhados por profissionais de saúde. Outra possibilidade apontada por Ana Cristina Guerreiro é “a boa articulação que temos com o Centro Hospitalar” do Algarve. “Somos uma região mais pequena, com fonte laboratorial muito próxima. Por isso, para nós é mais fácil ter acesso aos dados”, salientou a Delegada Regional de Saúde.
“Não pode haver aglomerações nos acessos às praias”, avisa a Delegada de Saúde Regional, Ana Cristina Guerreiro
Numa altura em que o Algarve começa a preparar o regresso do turismo, nomeadamente com a abertura de hotéis e restaurantes, aquela responsável está preparada para o aumento de novos casos de infeção. “Temos de chegar a uma situação de equilíbrio, em que consigamos dar resposta por parte dos serviços de saúde pública, quer por parte dos serviços de prestação de cuidados”, sublinhou Ana Cristina Guerreiro.

Sobre a criação de novas regras nas praias, locais propícios à aglomeração de pessoas, a Delegada de Saúde Regional defendeu áreas delimitadas no areal, de forma a “manter a distância social”, para que “as pessoas não estejam em cima uma das outras.” “Não pode haver aglomerações nos acessos às praias”, alertou, apontando para a necessidade de “regras para circular nas passadeiras”, bem como para utilizar barcos, boias e gaivotas, entre outros equipamentos, além dos bares, restaurantes, sanitários e zonas envolventes das praias. A vigilância da qualidade das águas balneares também terá de ser “mais apertada”.
“O Algarve continua a ser um destino turístico seguro”, diz o presidente da AMAL, António Pina
Já o autarca António Pina, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil e da Comunidade Intermunicipal do Algarve/AMAL, numa altura em que o desemprego na região atingiu 12,8 por cento, quatro vezes mais do que os números a nível nacional, devido à paralisia da atividade turística, vincou a sua intervenção neste encontro com os jornalistas, deixando um apelo: “é seguro vir para o Algarve.” Depois do período de desconfinamento, o Algarve “tentará criar as suas regras de boas práticas nos espaços públicos, seja nas praias, nos hotéis ou nos restaurantes.”
“Queremos um Algarve ‘Covid Free’ ” – afirmou António Pina, para quem a região reúne “condições para ter regras diferentes das do resto do país.” “É preciso construir a ideia de que o Algarve continua a ser um destino turístico seguro. É seguro vir passar férias para o Algarve, embora com condicionalismos” devido ao novo coronavírus, insistiu o presidente da AMAL.
70 estruturas de apoio à população, com 3.509 camas para isolamento profilático, quarentena e reserva social em apoio a lares
No tocante a Zonas de Apoio à População, validadas pelas Autoridades de Saúde e instaladas nos 16 concelhos do Algarve, existem 70 estruturas com capacidade de 3.509 camas de três tipologias – isolamento profilático, quarentena, reserva social (apoio a lares), indicou o Comandante Operacional Distrital da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Vítor Vaz Pinto. Estão acionadas três Zonas de Apoio à População, nos municípios de Albufeira e de Tavira, para quarentena/isolamento profilático.
Ao mesmo tempo, existem 102 estruturas com capacidade de 1.167 camas em unidades hoteleiras e militares, também validadas pelas autoridades de saúde e instaladas nos 16 concelhos algarvios. Desde o dia 24 de Abril, está igualmente acionado um hotel no município de Loulé.
Portimão Arena e Pavilhão Desportivo Municipal da Penha, em Faro, preparados para funcionar como hospitais de campanha
Por outro lado, o Pavilhão do Sporting Clube Farense conta agora com 50 camas em apoio ao aumento da capacidade de internamento do Hospital de Faro para doentes Covid. No pavilhão multiusosos Portimão Arena, na cidade de Portimão, e no Pavilhão Desportivo Municipal da Penha, em Faro, estão preparados espaços destinados para a eventual necessidade de instalar Hospitais de Campanha no Algarve.
Autor: José Manuel Oliveira