No décimo andar de um apartamento na Praia da Rocha, em Portimão, Hélder Costa descreve ao ‘Litoralgarve’ o sismo sentido na noite de sexta-feira, sem ter provocado estragos. Já numa zona situada no centro da cidade, foi uma cadela que, ao ladrar, alertou a dona da habitação para o abalo.
José Manuel Oliveira
Hélder Costa, de 50 anos, estava no apartamento situado no décimo andar de um edifício na Praia da Rocha, em Portimão, onde vive com a esposa e o filho, quando, por volta das 23h.10m. de sexta-feira, 08 de Setembro de 2023, sentiu o sismo que atingiu o Algarve, em consequência do terramoto registado em Marrocos, no norte de África.

“Não foi um tremor de terra com grande intensidade, percebi o que estava a acontecer”
“Eram 23.10 horas. Sentimos um pouquinho o apartamento, no décimo andar, a tremer, em particular um candeeiro instalado na sala e objectos mais frágeis que estão pendurados. Não houve estragos. Não foi um tremor de terra com grande intensidade, percebi o que estava a acontecer e mantive-me calmo”, contou, ao ‘Litoralgarve’, Hélder Costa, que, na altura, consultava vários ‘sites’ na Internet. “Depois, ao ver a Internet e as redes sociais, percebi melhor o sucedido”, acrescentou.
“Não estou preocupado e vou continuar o mais tranquilo possível”
Já a sua mulher, de nacionalidade brasileira, que se encontrava na cozinha, é que “ficou mais nervosa”. “No Brasil, não estava habituada a este tipo de fenómenos e eu expliquei-lhe que o Algarve, por se encontrar localizado numa zona sísmica, é propício a tremores de terra”, referiu Hélder Costa, que, apesar do que aconteceu e dos riscos, não se mostra preocupado. “Não penso tomar medidas, não estou preocupado e vou continuar o mais tranquilo possível”, sublinhou aquele residente na Praia da Rocha. No momento em que o abalo sísmico foi sentido, o filho não se encontrava em casa, por ser saído com amigos.
Cadela ladrou numa casa, a dona sentiu o abalo, mas o marido nem deu por nada
Numa outra zona de Portimão, situada no centro da cidade, até foi uma cadela a dar o alerta na residência, onde mora um casal. “A cadela ladrou e eu senti o abalo. Mas não foi nada de especial”, observou Maria Emília, enquanto o marido, na altura sentado numa outra divisão ao apartamento, garantiu ao nosso Jornal: “nada senti”.

Mais de 2.000 mortos e, pelo menos, 2.059 feridos, em Marrocos, num terramoto com três réplicas, sentido em Portugal
O último balanço oficial indica que o sismo de magnitude 6.9, na escala de Ritcher, na noite de sexta-feira, com epicentro registado a dez quilómetros de profundidade, numa zona montanhosa a 65 quilómetros a sul de Marraquexe, em Marrocos, já provocou, além de enorme devastação, pelo menos 2.012 mortos e 2.059 feridos, naquele país do norte de África, tendo tido três réplicas, segundo as autoridades locais. E acabou por se fazer sentir em várias zonas de Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
No Algarve, sem causar danos pessoais, nem materiais conhecidos, atingiu Vila Real de Santo António, Castro Marim, Quarteira, no concelho de Loulé, bem como esta cidade, Estoi, localidade situada no município de Faro, e a capital desta região, além de Portimão e Lagos, com intensidade máxima III / IV, na escala de Mercalli modificada.
Embora com “menor intensidade”, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, este abalo sísmico também foi sentido em Albufeira, Olhão, Silves, Cascais, Almada, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira, Alenquer, Loures, Mafra, Sintra, Odivelas, Amadora, Sines, Santiago do Cacém, Setúbal, Sesimbra e, no norte do país, mais concretamente em Vila Nova de Gaia.
Dois sismos em menos de dez horas, na terça-feira, no Algarve
Recorde-se que já na passada terça-feira, 05 de Setembro de 2023, foram registados dois sismos de magnitude próximo de 4,em menos de dez horas, no Algarve, com epicentro a cinquenta quilómetros de Olhão.