No interior do Pavilhão Multiusos de Sagres, local escolhido para as exéquias fúnebres durante a manhã da passada quinta-feira, dia 17 de Outubro de 2024, foram colocadas trezentas cadeiras por funcionários da Câmara Municipal de Vila do Bispo. Algumas não estavam ocupadas. Muitas pessoas preferiram ficar de pé. Tal como no exterior do edifício, onde chegou a estar quase uma centena. Clésio Ricardo, de 47 anos, despediu-se com um sorriso nas fotos exibidas. O corpo foi cremado no Crematório de Albufeira. O autarca e treinador de futebol do Clube Recreativo Infante de Sagres poderá vir a ter o seu nome numa rua desta localidade.
José Manuel Oliveira
Lembrai-vos diante do Senhor e nas vossas orações de: Clésio Patrício Moreira Ricardo
Nasceu em 08 de maio de 1977
Faleceu em 12 de outubro de 2024
lia-se, entre uma foto a cores de Clésio Ricardo, exibindo um sorriso, numa parte dos cartões colocados pela Agência Funerária Guerreiro & Guerreiro, com sede em Lagos, numa mesa reservada para o efeito à entrada do Pavilhão Multiusos de Sagres, no concelho de Vila do Bispo. «Se me amas não chores» – eis o destaque no título de um texto de Santo Agostinho.
Futebolistas veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres, que são bombeiros da corporação de Vila do Bispo, ainda tentaram reanimar o seu treinador, Clésio Ricardo, após ele ter sofrido um ataque cardíaco e caído para um lado. Na altura, a sua equipa vencia por 1-0 a do Internacional Clube de Almancil, do concelho de Loulé. O jogo ficou suspenso e houve apoio psicológico.
Foi naquele amplo edifício, situado na Rua do Mercado, que decorreu, durante a manhã da passada quinta-feira, dia 17 de Outubro de 2024, o velório do presidente da Junta de Freguesia de Sagres e treinador de futebol do Clube Recreativo Infante de Sagres. Clésio Ricardo, recorde-se, sofreu um ataque cardíaco, tendo caído para um lado, durante a primeira parte do jogo entre a equipa de veteranos, que orientava, e a do Internacional Clube Almancil, do concelho de Loulé, ao final da tarde de 12 de Outubro (um sábado), no Campo Municipal 1º. de Maio, em Vila do Bispo. Na altura, decorriam vinte minutos de jogo, a sua equipa vencia por 1-0, apurou o ‘Litoralgarve’. A partida ficou suspensa e foi acionado apoio psicológico.
Apesar da prontidão do socorro no relvado, onde contou, inclusivamente, com vários futebolistas que jogam na equipa de veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres e que são bombeiros de Vila do Bispo, e de duas ambulâncias desta corporação, a que se juntaram, pouco depois, outras, como a de Suporte Imediato de Vida (SIV), proveniente de Lagos, e uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), de Portimão, o óbito acabou por ser declarado, entre as 21h30 e as 22h00 no Hospital de Faro.
Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo, Emerson Gomes, lembra, ao ‘Litoralgarve’, o que se seguiu após a paragem cardio-respiratória: “Não falava, não ventilava. Houve episódios de reversão da situação e depois voltava como estava.”
“Não falava, não ventilava. Houve episódios de reversão da situação e depois voltava como estava”, lembrou, na altura, ao ‘Litoralgarve’, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo, Emerson Gomes, sobre o estado de Clésio Ricardo, após ter entrado em paragem cardiorrespiratória no Campo Municipal 1º. de Maio, naquela localidade.
Autarcas, deputado do Chega na Assembleia, pelo Círculo Eleitoral de Faro, João Paulo Graça, vice-presidente da Direção da Associação de Futebol do Algarve, Albertino Galvão de Sousa, comandante da GNR da Vila e comandante do Porto de Lagos, entre as figuras presentes nas exéquias fúnebres
Mais de quatrocentas pessoas despediram-se do treinador de futebol e presidente da Junta de Freguesia de Sagres, numa manhã de sol, com algumas nuvens à mistura. No interior do Pavilhão Multiusos, situado naquela localidade, foram colocadas trezentas cadeiras por funcionários da Câmara Municipal de Vila do Bispo. Algumas não estavam ocupadas. Mas, como constatou no local, o repórter do ‘site‘ «Litoralgarve», tanto nos espaços laterais, como na área traseira dentro do edifício, foram muitas as pessoas que participaram no velório. Já no exterior do pavilhão, o número chegou a atingir quase uma centena.
Além do executivo camarário de Vila do Bispo (o vereador independente Dino Lourenço participou na parada dos bombeiros), podia ver-se, entre outras personalidades, o presidente da Assembleia Municipal, Luciano Rafael, presidentes das Juntas de Freguesia do concelho, o socialista Carlos Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Odiáxere, do concelho de Lagos, o vice-presidente da Direção da Associação de Futebol do Algarve, Albertino Galvão de Sousa, João Paulo Graça, deputado do partido Chega na Assembleia da Republica pelo Círculo Eleitoral de Faro, o comandante do posto da Guarda Nacional Republicana de Vila do Bispo e o comandante do porto de Lagos, que abrange o concelho de Vila do Bispo.
Num palco montado em frente a uma parede, onde se via, em grande plano, uma foto de Clésio Ricardo, com o sorriso que o caracterizava, quatro elementos da corporação dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo (que se revezavam) formaram uma guarda de honra junto à urna, de cor castanho claro, que esteve sempre fechada. E junto a uma parede lateral, dezenas de ramos de flores prestavam homenagem a Clésio Ricardo, que faleceu aos 47 anos.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, Armindo Vicente, e o autarca independente Luís Paixão, este em representação da equipa de veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres, foram alguns dos oradores durante o velório, tendo tecido elogios ao falecido.
O discurso lido por Luís Paixão, em nome da equipa de veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres, junto à urna: “O Clésio foi muito mais do que o nosso treinador. Era a alma da nossa equipa, o líder incontestável que, com o seu sorriso e sabedoria, soube sempre comandar-nos com uma autoridade natural, mas cheia de empatia. Com ele, não havia dúvidas, nem contestação.”
“É com enorme tristeza e profundo pesar que a equipa de veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres se despede de Clésio Ricardo, um amigo, um líder e um companheiro inesquecível. O Clésio foi muito mais do que o nosso treinador. Era a alma da nossa equipa, o líder incontestável que, com o seu sorriso e sabedoria, soube sempre comandar-nos com uma autoridade natural, mas cheia de empatia. Com ele, não havia dúvidas, nem contestação. As suas decisões eram respeitadas e seguidas por todos, e isso é um testemunho da sua capacidade de liderança, algo que sabemos ser especialmente desafiador numa equipa de veteranos, em que muitos dos seus jogadores eram até mais velhos do que ele” – começou por dizer Luís Paixão, num discurso escrito.
“Mesmo enfrentando adversidades pessoais imensas, a doença que o colocou numa cadeira de rodas e a perda trágica do seu filho, nunca perdeu a sua força interior nem o seu sorriso. Foi no futebol, e especialmente no contacto com os jogadores e as crianças que treinava, que encontrou a motivação para continuar a lutar.”
E prosseguiu: “Além de ser um excelente treinador, Clésio era um exemplo de resiliência. Mesmo enfrentando adversidades pessoais imensas, a doença que o colocou numa cadeira de rodas e a perda trágica do seu filho, nunca perdeu a sua força interior nem o seu sorriso. Foi no futebol, e especialmente no contacto com os jogadores e as crianças que treinava, que encontrou a motivação para continuar a lutar. Sabemos que foi o campo de futebol que lhe deu forças e, como ele dizia, o salvou em momentos tão difíceis.”
“Clésio mostrava o que era ser um verdadeiro líder. Coordenar 30 homens, manter a disciplina e a união do grupo” constituam “uma tarefa que ele desempenhava com a sua habitual tranquilidade e determinação. Nunca ninguém lhe falhou, pois todos o respeitávamos imensamente.”
Em seguida, Luís Paixão recordou que “todos os anos, quando viajávamos para fora de Portugal para jogar, o Clésio mostrava o que era ser um verdadeiro líder.” “Coordenar 30 homens, manter a disciplina e a união do grupo” constituam “uma tarefa que ele desempenhava com a sua habitual tranquilidade e determinação. Nunca ninguém lhe falhou, pois todos o respeitávamos imensamente”, destacou.
“Embora tenha sido uma grande perda, reconforta-nos saber que partiu sem grande sofrimento, num local onde se sentia feliz e realizado”
Neste discurso, escutado com natural emoção entre participantes no velório, Luís Paixão observou, a certa altura, que o “coração” de Clésio Ricardo, “do tamanho do mundo, começou a ceder no lugar que mais amava, o campo de futebol, e entre aqueles que o admiravam.” “Embora tenha sido uma grande perda, reconforta-nos saber que partiu sem grande sofrimento, num local onde se sentia feliz e realizado”, acentuou aquele representante dos veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres.
“Clésio, deixas um legado de amizade, força e liderança que nunca será esquecido. A tua presença fará sempre parte da nossa equipa e do Clube Recreativo Infante de Sagres”, enalteceu, a terminar, Luís Paixão, expressando à família do treinador, “as mais sinceras condolências e um profundo agradecimento por tudo o que o Clésio nos deu ao longo dos anos. Até sempre, amigo.”
“«O futebol dá-me força para viver!» – dizia-me nas nossas conversas”, recorda, ao ‘Litoralgarve’, o padre José Manuel Chula, considerando Clésio Ricardo um “exemplo de perseverança”
Por sua vez, o padre José Manuel Chula, durante a homilia, e reforçando a mesma ideia, no final, em declarações ao ‘Litoralgarve’, considerou Clésio Ricardo como um “exemplo de perseverança”. Nesse sentido, destacou a “vontade” do treinador de futebol e presidente da Junta de Freguesia de Sagres, em “ultrapassar” os problemas do dia-a-dia, “apesar das dificuldades” de locomoção que sentia.
“Era uma pessoa que se preocupava com todos, em geral, e no futebol, em particular, com as crianças. «O futebol dá-me força para viver!», dizia-me nas nossas conversas”, lembrou, ao nosso Jornal, o sacerdote José Manuel Chula. Apesar dos contactos estabelecidos com o pároco, Clésio Ricardo não era frequentador da Igreja.
Elementos da equipa de futebol de veteranos levaram a urna aos ombros para o carro funerário, perante uma guarda de honra formada por quase duas dezenas de bombeiros de Vila do Bispo. E até se ouviu o toque de uma sirene junto a viaturas de emergência, em sinal de homenagem. Populares despediram-se de Clésio Ricardo, com aplausos, quando a viatura funerária deixou Sagres a caminho de Albufeira, onde teve lugar a cremação, numa cerimónia reservada à família, conforme pedido expresso pela própria.
Já no final do velório, pelas 11h32m., quase duas dezenas de bombeiros de Vila do Bispo, com capacetes e mãos em gestos de continência, formaram, em duas filas, uma guarda de honra no exterior do Pavilhão Multiusos de Sagres, enquanto a urna, levada aos ombros por elementos da equipa de futebol de veteranos do clube desta localidade, saía do edifício em direção ao carro funerário. Em simultâneo, ouvia-se o toque de uma sirene onde estavam estacionadas várias viaturas dos bombeiros e outras de emergência, reforçando esta homenagem de despedida a Clésio Ricardo. Pouco depois, entre aplausos dos presentes e chuviscos à mistura, o carro funerário seguiu em direção a Albufeira, onde teve lugar a cremação, numa cerimónia reservada à família.
Ainda em Sagres, várias pessoas tentavam confortar os pais, a irmã, sobrinhos e outros familiares de Clésio Ricardo, neste momento difícil para todos.
Foi eleito presidente da Junta de Freguesia de Sagres, na lista de cidadãos independentes do Grupo «Somos Pelo Concelho de Vila do Bispo», em Outubro de 2021. Mas poderia ser a aposta do Partido Socialista para o mesmo cargo nas próximas eleições autárquicas
Eleito presidente da Junta de Freguesia de Sagres, na lista de cidadãos independentes do Grupo «Somos pelo Concelho de Vila do Bispo», cargo que passou a exercer no dia 09 de Outubro de 2021, Clésio Ricardo, natural de Lagos, movimentava-se em cadeira de rodas, por ser paraplégico, devido a uma intervenção cirúrgica que correu mal. A já referida paixão pelo futebol e a motivação transmitida pela população de Sagres levaram-no a ser treinador, nomeadamente de equipas de formação do clube local e dos veteranos, ao serviço dos quais acabou por falecer. Segundo apurámos, residia com a sua companheira, na Praia da Luz, no concelho de Lagos, mas o casal estava a preparar-se para se mudar para Sagres, onde vivem os pais de Clésio Ricardo.
Por outro lado, de acordo com informações recolhidas pelo nosso Jornal, poderia ser a aposta do Partido Socialista para encabeçar a lista à Freguesia de Sagres, nas próximas eleições autárquicas, as quais terão lugar em Setembro ou Outubro de 2025.
Secretário do executivo da Junta de Freguesia de Sagres, Cláudio Filipe Lourenço Machado, assume a presidência do órgão
Entretanto, devido ao falecimento de Clésio Ricardo, a presidência daquela Junta de Freguesia do concelho de Vila do Bispo será ocupada por Cláudio Filipe Lourenço Machado, até agora secretário do executivo.
“Tomava medicação para o coração, depois de lhe ter sido detetado um problema cardíaco em exames realizados, após se ter sentido mal quando se encontrava numa sessão da Assembleia de Freguesia de Sagres, há sete ou oito meses”
“Ele estava super-normal, já tinha falado sobre o jogo à equipa. Aos 20 minutos da primeira parte, quando estávamos a ganhar por 1-0, sofreu um ataque cardíaco, caindo para um lado. Tratou-se de um choque para todos. Foi prontamente assistido por jogadores veteranos do Clube Recreativo Infante de Sagres, que são bombeiros, e como o quartel da corporação de Vila do Bispo está situado perto do campo de futebol, as ambulâncias chegaram de imediato. Ele tomava medicação para o coração, depois de lhe ter sido detectado um problema cardíaco em exames realizados, após se ter sentido mal quando se encontrava numa sessão da Assembleia de Freguesia de Sagres, há sete ou oito meses”, contou, ao ‘Litoralgarve’, um associado do Clube Recreativo Infante de Sagres.
“Vamos deixar passar esta fase. Depois, iremos equacionar uma verdadeira homenagem, bem organizada, ao Clésio, que poderá vir a ter o seu nome numa rua de Sagres, ou até no pavilhão municipal”
Em tempo de luto, “união é a palavra” de ordem, sublinhou André Pinheiro, junto a uma das portas da sede daquela colectividade, situada na Rua Comandante Matoso, em Sagres. “Vamos deixar passar esta fase. Depois, iremos equacionar uma verdadeira homenagem, bem organizada, ao Clésio, que poderá vir a ter o seu nome numa rua de Sagres, ou até no pavilhão municipal” multiusos, admitiu aquele associado, apontando para a necessidade de “deixar às gerações futuras” a mensagem do que representou o treinador de futebol e presidente da Junta de Freguesia, agora falecido.
Treinador David Estevão regressa ao clube de Sagres para ocupar o lugar deixado vago pela morte de Clésio Ricardo
Já o presidente da Direção do Clube Recreativo Infante de Sagres, Sérgio Agostinho, revelou ao ‘Litoralgarve’, que o treinador de futebol David Estevão, atualmente empresário de restauração, ocupará o cargo deixado por Clésio Ricardo. Trata-se de um regresso a esta coletividade, após passagem por equipas de outros clubes.
Faixa com o nome e foto de Clésio Ricardo, no Campo Municipal 1º. de Maio, em Vila do Bispo, numa competição de futebol internacional de veteranos nos dias 02 e 03 de Novembro de 2024
Nos próximos dias 02 de 03 de Novembro, acrescentou Sérgio Agostinho, será prestada homenagem ao treinador e autarca agora desaparecido, através da “colocação de uma faixa com o nome e uma foto de Clésio Ricardo, no Campo Municipal 1º. de Maio, em Vila do Bispo.” É ali que terá lugar um torneio de futebol de veteranos, no qual, além do Clube Recreativo Infante de Sagres, deverão participar o Clube de Futebol Esperança de Lagos, uma equipa da Sérvia, outra da Bélgica e uma outra proveniente de França.
No futuro, Sérgio Agostinho pensa que poderá ser atribuído o nome de Clésio Ricardo a uma artéria de Sagres, ou de Vila do Bispo, como forma de homenagear a memória do treinador e autarca.
Futebol, karaté e petanca movimentam um total de 161 praticantes
Com 84 anos de existência, o Clube Recreativo Infante de Sagres tem, neste momento, oitenta atletas inscritos no futebol, trinta dos quais veteranos, e os restantes integrados nas escalões de petizes, traquinas, benjamins, infantis e iniciados (duas equipas). A esses juntam-se sessenta praticantes de karaté e vinte e um de petanca.










