Realiza-se, hoje, quarta-feira, 12 de Março, à tarde, no Cemitério Novo de Lagos, o funeral de Martinho Martins (Tó), assassinado com tiros em Odiáxere

A vítima tinha 56 anos e era natural de Santiago, arquipélago de Cabo Verde. Cerimónia fúnebre está marcada para as 15h00.

José Manuel Oliveira

Tem lugar nesta quarta-feira, 12 de Março de 2025, a partir das 15.00 horas, no Cemitério Novo de Lagos, o funeral de Martinho Moreira Martins, conhecido por Tó, de 56 anos, assassinado com tiros na rua, cerca das 23h30m. do passado dia 04, após desavenças com outro homem, junto ao bar do Clube Desportivo de Odiáxere, neste concelho, em cujas instalações decorria uma megabaile na despedida do Carnaval, com muitas pessoas a se divertirem e sem imaginarem o que tinha acontecido.  

Nascido no dia 12 de Novembro de 1968 na maior ilha de Cabo Verde

A informação divulgada pela Agência Funerária Guerreiro & Guerreiro, Lda., com sede em Lagos, deu conta da chegada do corpo às 19.00 horas de terça-feira, 11 de Março, a uma das capelas do Cemitério Novo desta cidade, onde decorre o velório. Como já referimos, o funeral de Martinho Moreira Martins (Tó), nascido a 12/11/1968, em Santiago, a maior ilha de Cabo Verde, e falecido a 05/03/2025, realiza-se hoje, quarta-feira, dia 12, a partir das 15.00 horas.

Recorde-se que a vítima, ainda submetida a manobras de reanimação no local do crime, após a chegada de ambulâncias, foi transportada para o Hospital de Portimão, onde acabou por ser declarado o óbito. O corpo seguiu para o Gabinete do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, ali instalado, a fim de ser autopsiado.

Homicida está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Silves, a aguardar julgamento, e arrisca pena até 25 anos

Já o homicida, Samuel, está a aguardar julgamento em prisão preventiva, a medida de coacção mais gravosa aplicada por decisão de um juiz de instrução criminal do Tribunal de Portimão, onde foi presente para primeiro interrogatório judicial, tendo sido indiciado de homicídio qualificado e posse de arma proibida.

Depois dos disparos mortais, saiu do local e entregou-se no posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Lagos, situado na localidade do Chinicato, onde reside e tinha a arma que foi buscar casa para cometer os crimes. E na sexta-feira, dia 07 de Março, foi conduzido ao Estabelecimento Prisional de Silves, onde aguarda o julgamento. Samuel, de 28 anos, arrisca-se a cumprir uma pena de prisão até 25 anos. O inquérito é tutelado pelo Ministério Público – Secção de Lagos.

“Os factos ocorreram na sequência de um confronto nas imediações de uma festa de Carnaval, por motivos fúteis, que apenas cessou com a intervenção de terceiros”, refere a Polícia Judiciária

Recorde-se que, em comunicado, o Gabinete de Imagem e Comunicação da Polícia Judiciária (PJ) indicou que, através do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, com a colaboração da GNR de Lagos, “deteve [na passada quarta-feira, dia 05 de Março] um  homem de 28 anos, suspeito da autoria dos crimes de homicídio qualificado e posse de arma proibida, cometidos na noite desta terça-feira, dia 04, que vitimou um outro homem de 56 anos”. E referiu que “os factos ocorreram na sequência de um confronto nas imediações de uma festa de Carnaval, por motivos fúteis, que apenas cessou com a intervenção de terceiros.”

“Nova discussão, no decurso da qual o agressor veio a desferir três disparos, um deles atingindo a vítima na região abdominal, lesão que, não obstante ter recebido assistência médica, lhe provocou a morte”

“O agressor e a vítima eram conhecidos de longa data e tinham um historial de desavenças frequentes”

“Cerca de uma hora e meia depois – prossegue o comunicado de imprensa – os homens voltaram a cruzar-se no mesmo local, iniciando nova discussão, no decurso da qual o agressor veio a desferir três disparos, um deles atingindo a vítima na região abdominal, lesão que, não obstante ter recebido assistência médica, lhe provocou a morte.

Ao que a investigação apurou, o agressor e a vítima eram conhecidos de longa data e tinham um historial de desavenças frequentes.”

Deste modo, o comunicado da PJ confirma a informação divulgada pelo ‘Litoralgarve’, com base em declarações junto de populares em Odiáxere e na cidade de Lagos.

Prazos de duração da prisão preventiva, medida imposta para evitar, nomeadamente, alarme social, continuidade da atividade criminosa e perigo de fuga do arguido

Ao abrigo do Código Penal, a  prisão preventiva imposta ao autor do homicídio cometido em Odiáxere, no concelho de Lagos, “tem os seguintes prazos de duração máxima, extinguindo-se quando, desde o seu início, tiverem decorrido: 4 meses sem que tenha sido deduzida acusação; 8 meses sem que, havendo lugar a instrução, tenha sido proferida decisão instrutória; 1 ano e 2 meses sem que tenha havido condenação” em primeira instância.”

Esta medida de coacção, que é a mais gravosa, resulta, nomeadamente, da existência do perigo de fuga do arguido, da continuidade da actividade criminosa e do alarme social entre a população.

É expressamente proibida a reprodução na totalidade ou em parte, em qualquer tipo de suporte, sem prévia para Argumentos do advogado João Grade, ao ‘Litoralgarve’: “Não está suficientemente provado que, com os tiros, quisesse matar”

Homicida “diz que disparou um primeiro tiro para o ar, como sinal de aviso para o outro homem se ir embora. Depois, houve um tiro que lhe acertou na barriga e a vítima acabou por falecer já no Hospital de Portimão”

“Como o viu estendido no chão, pensou que estava só ferido”

Como o ‘Litoralgarve’ noticiou na altura, durante a primeira audiência, realizada na quinta-feira, 06 de Março, no Tribunal de Portimão, enquanto o Procurador do Ministério Público, nas alegações finais, pediu prisão preventiva para o autor dos disparos mortais, o advogado João Grade, contratado pelo homicida, apelou ao juiz para o seu cliente aguardar julgamento em prisão domiciliária. Isto, porque, considerou, já em declarações ao ‘Litoralgarve, João Grade, “não está suficientemente provado que, com os tiros, quisesse matar.”

“Diz que disparou um primeiro tiro para o ar, como sinal de aviso para o outro homem se ir embora. Depois, houve um tiro que lhe acertou na barriga e a vítima acabou por falecer já no Hospital de Portimão. Como o viu estendido no chão, pensou que estava só ferido”, contou-nos o advogado.

Está “nervoso e chora”, lembrou João Grade, referindo-se ao estado de espírito do seu cliente, numa altura em que o homicida ainda aguardava a decisão do juiz.

Crime premeditado com arma de fogo de calibre 6.35 milímetros

Ainda no Chinicato, deslocou-se, também, ao posto da GNR, para cumprir a medida de apresentações periódicas a que está obrigado em termos judiciais, após ter saído da cadeia por ver sido ultrapassado o prazo de prisão preventiva a que se encontrava sujeito, enquanto aguarda julgamento num processo envolvendo tráfico de droga

Samuel, de 28 anos, casado e pai de três filhos, poderá ter utilizado uma arma de fogo de calibre 6.35 milímetros que foi buscar à sua residência, situada na localidade do Chinicato, perto da cidade de Lagos, para cometer o crime considerado premeditado. Curiosamente, ainda no Chinicato deslocou-se, também, ao posto da GNR, a fim de cumprir a medida de apresentações periódicas a que está obrigado em termos judiciais, após ter saído da cadeia por ver ultrapassado o prazo de prisão preventiva a que se encontrava sujeito, enquanto aguarda julgamento num processo envolvendo tráfico de droga. Pelo meio, apresentou vários recursos judiciais. Desconhece-se se entrou nas instalações da GNR já armado. O facto de muitos edifícios das forças da autoridade não possuírem dispositivos de segurança nesse sentido, tem permitido a vários indivíduos envolvidos em crimes entrarem ali com pistolas e outras armas, ameaçando os agentes de serviço.

“Desavenças” entre os dois homens começaram na tarde de terça-feira junto a um bar situado no Largo da Alegria, onde decorreram o desfile de carros alegóricos e espetáculos musicais, um dos quais com Quim Barreiros, o Rei do Carnaval de 2025 em Odiáxere

Como o ‘Litoralgarve’ já referiu, com base em informações obtidas em Odiáxere, o problema entre os dois homens, ambos de origem africana e que já se conheciam há muito tempo, começou no interior de um conhecido bar, situado a poucos metros do antigo moinho, no Largo da Alegria, naquela localidade. Nessa altura, tarde de terça-feira de Entrudo, dia 04 de Março, decorria um desfile de carros alegóricos, com milhares de pessoas a assistir, a que se seguiram, no palco montado para o efeito, espectáculos musicais, nos quais sobressaíram as actuações de Sónia Quim Costa Batucadas, Quim Barreiros (o Rei do Carnaval 2025, organizado pelo Clube Desportivo de Odiáxere), pelas 17h.30m, e de Ricardo Glória, tendo este artista terminado às 22.30 horas.

Enquanto isso, durante a tarde, os já dois referidos indivíduos desavindos entraram em “discussões, desavenças”, mas “sem consequências”, ao que nos confidenciaram, muito contribuindo para tal, também, a presença de militares da GNR na zona, como forma de garantir a segurança do Carnaval em Odiáxere.

“Problemas antigos” e “ajuste de contas”, na sequência de agressões ao pai do homicida

“O Samuel, sobretudo quando está com amigos, gosta de se mostrar mais forte para com outras pessoas, desafiando-as. Foi o que terá acontecido, mais uma vez, perante o Tó, como era conhecida a vítima, Martinho Martins, com notável compleição física e que trabalhou como porteiro em bares de Lagos”

“Os problemas entre eles eram antigos. O Samuel, sobretudo quando está com amigos, gosta de se mostrar mais forte para com outras pessoas, desafiando-as. Foi o que terá acontecido, mais uma vez, perante o Tó, como é conhecida a vítima, Martinho Martins, com notável compleição física e que trabalhou como porteiro em bares de Lagos. Era um homem da noite. Há tempos, ao que se sabe, ele agrediu o pai do Samuel, proprietário de um estabelecimento comercial nesta cidade, e agora terá chegado o momento de um ajuste de contas por esse e outros motivos. Aconteceu no Carnaval de Odiáxere, onde se cruzaram, como poderia ter sido noutra situação e noutro local”, disse, ao ‘Litoralgarve’, quem conhece os problemas entre o homicida e a vítima mortal.

“Fez uma espera” ao rival junto à sede do Clube Desportivo de Odiáxere, onde decorria um megabaile de Carnaval, após ter ido buscar a arma a casa

Já à noite, os dois homens prosseguiram as discussões entre eles. Depois de ter ido buscar a casa a arma de fogo, que possui, Samuel “fez uma espera” a Martinho Martins, sabendo que ele se deslocaria até junto à sede do Clube Desportivo de Odiáxere. E numa altura em que decorria um mega baile nas instalações daquela coletividade, os problemas entre os dois indivíduos agravaram-se na via pública.

“Uma questão de orgulho para mostrar que é o mais forte e, ao mesmo tempo, vingar-se de problemas há muito existentes entre eles”

Após mais uma discussão, de acordo com várias fontes, Samuel, que até terá sido incentivado por um amigo, ao dizer-lhe: «Dá-lhe agora! Dá-lhe agora!», disparou três tiros à queima-roupa, acabando por causar a morte de Martinho Martins (Tó). “Para o Samuel foi uma questão de orgulho para mostrar que é o mais forte e, ao mesmo tempo, vingar-se de problemas há muito existentes entre eles”, garantiram, ao nosso Jornal, vários populares em Lagos, conhecedores da situação conflituosa. Uma dessas pessoas recordou-nos a existência de “um gangue, com ligações ao tráfico de droga, que muitas vezes o acompanhava, na rua e num restaurante da cidade.” “Cheguei a ver o Samuel e elementos desse gangue a entrarem para um carro topo de gama, na Avenida dos Descobrimentos”, acrescentou.

A seguir ao alerta às autoridades por parte de populares que estavam, na rua, o local do crime, junto ao bar do Clube Desportivo de Odiáxere, as forças envolvidas na prestação do socorro, nomeadamente os Bombeiros Voluntários de Lagos, foram rápidas a chegar à vítima. Contudo, já pouco ou nada havia a fazer, apesar de várias manobras de reanimação, enquanto o autor dos disparos se foi embora.

Com sangue na via pública e provas do crime para recolher, foi montado um perímetro de segurança pelas autoridades, limitando o acesso ao local. Martinho Martins seguiu numa ambulância para o Hospital de Portimão, onde acabou por ser declarado o óbito, como já descrevemos. O corpo deu, depois, entrada no Gabinete do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, instalado junto àquela unidade de saúde, a fim de ser autopsiado para determinar as causas da morte.

Já Samuel, autor dos tiros fatais, acabou por se entregar no posto da GNR de Lagos, na localidade do Chinicato. O megabaile na despedida do Carnaval 2025, que decorria, com muitas pessoas a se divertirem nas instalações do Clube Desportivo de Odiáxere, acabou por ser cancelado quando se soube do sucedido.

A vítima “era um homem da noite. Sempre o conheci como boa pessoa, muito simpático e cumprimentava toda a gente”, recordou, ao ‘Litoralgarve’, um popular, residente em Lagos

Martinho Martins, de 56 anos, residia numa urbanização situada na zona de São João, em Lagos, cidade onde, como referimos, trabalhou como porteiro em bares. “Era um homem da noite. Sempre o conheci como boa pessoa, muito simpático e cumprimentava toda a gente”, afirmou, ao ‘Litoralgarve’ um popular, notando que “isto de negócios da noite envolve também outros problemas, é muito complicado e muitas vezes nem se sabe o que se passa em concreto”.

Uma senhora, que, por acaso, até se cruzou com Martinho Martins, em Odiáxere, onde decorreram o desfile do Carnaval e, mais tarde, espetáculos musicais, na tarde de terça-feira de Entrudo, ainda está estupefata com o sucedido. “Na altura, pareceu-me que estava tudo bem com ele”, observou. Já sobre o facto de o homicídio, ocorrido numa rua, à noite, ter acabado com o mega baile de Carnaval e as atuações de Humberto Silva e Cláudio Rosário, no interior das instalações do Clube Desportivo de Odiáxere, a senhora desabafou: “Carnavais há muitos; vida há só uma!”