“Se os guardas tivessem disparado para a lancha que os desobedeceu e os atacou, eles estariam no dia seguinte a prestar contas em tribunal, enquanto os traficantes ainda poderiam ser galardoados com indemnizações”.
José Manuel Oliveira
Em declarações exclusivas ao ‘Litoralgarve’, Paulo Rosário Dias, vereador do Chega na Câmara Municipal de Lagos e que é também presidente do Conselho de Jurisdição na Assembleia Distrital de Faro deste partido, culpa “a fraca política de segurança”, em Portugal, pela tragédia ocorrida no Rio Guadiana, zona de Alcoutim, onde o militar da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras da Guarda Nacional Republicana (GNR) Pedro Nuno Marques Manata e Silva faleceu quando a embarcação em que seguia, com outros colegas, foi abalroada por uma lancha rápida espanhola, suspeita de envolvimento em tráfico de droga no Algarve.
E aponta, igualmente, o dedo ao poder judicial: “Se os guardas tivessem disparado para a lancha que os desobedeceu e os atacou, eles estariam no dia seguinte a prestar contas em tribunal, enquanto os traficantes ainda poderiam ser galardoados com indemnizações”.

Por outro lado, uma placa e um busto a instalar numa artéria da cidade de Lagos, em homenagem àquele militar da GNR, poderão ser propostas a apresentar por Paulo Rosário Dias, como representante do Chega, que quer ver justiça.
Litoralgarve – Conhecia o senhor Pedro Nunes Marques Manata e Silva? Se sim, qual é a sua opinião sobre este militar da GNR?
Paulo Rosário Dias – Conheci, mas não privava com ele pessoalmente. Tenho, sim, vários amigos que lhe eram próximos e com eles partilho a perda. Nos Estados Unidos [da América], isto nunca teria acontecido porque as forças de segurança têm autoridade e, inclusive, ordem para fazer parar quem não obedece.
“Esta tragédia foi mais uma situação em que a nossa fraca política de segurança foi responsável pela morte de quem nos defende”
“As nossas forças de segurança arriscam a vida em cada operação, mas a falta de meios e sobretudo de autoridade é ridícula. Precisamos mesmo de políticos capazes de mudar isto”
Litoralgarve – Como avalia esta operação de combate ao tráfico de droga no Rio Guadiana, zona de Alcoutim, frente a Espanha, de que resultou o acidente mortal?
Paulo Rosário Dias – Tenho de referir que não foi nenhum acidente. Tudo indica que foi uma manobra calculada para permitir a fuga dos traficantes. Infelizmente, esta tragédia foi mais uma situação em que a nossa fraca política de segurança foi responsável pela morte de quem nos defende. Sabemos que se os guardas tivessem disparado para a lancha que os desobedeceu e os atacou, eles estariam no dia seguinte a prestar contas em tribunal, enquanto os traficantes ainda poderiam ser galardoados com indemnizações. As nossas forças de segurança arriscam a vida em cada operação, mas a falta de meios e sobretudo de autoridade é ridícula. Precisamos mesmo de políticos capazes de mudar isto.
Nos Estados Unidos [da América], por exemplo, isto nunca teria acontecido porque as forças de segurança têm autoridade e, inclusive, ordem para fazer parar quem não obedece.
“Parece-me adequado que seja apresentada uma proposta à Comissão de Toponímia” do Município de Lagos para dar o nome do militar da GNR Pedro Nuno Marques Manata e Silva a uma artéria da cidade, como forma de homenagem
Litoralgarve – Agora na condição de vereador do Chega na Câmara Municipal de Lagos, admite, por exemplo, apresentar uma proposta para dar o nome de uma rua, praça, avenida ou outra artéria da cidade a este militar da GNR, falecido em serviço?
Paulo Rosário Dias – Estamos, ainda, a avaliar. Primeiro há que cumprir o respeito pelo luto e os devidos votos de pesar. Mas parece-me adequado que seja apresentada uma proposta desta natureza à Comissão de Toponímia.

“Lagos tem a sua própria epidemia de droga, que tanto prejuízo e sofrimento causam às famílias lacobrigenses, e que urge muito resolver”
Litoralgarve – Poderia, também, ser criado um busto em memória deste militar?
Paulo Rosário Dias – Não me oporia a nenhum tipo de homenagem, mas mais importante que estas, é garantir que mais nenhum dos nossos militares morra às mãos dos traficantes.
Lagos tem a sua própria epidemia de droga, que tanto prejuízo e sofrimento causam às famílias lacobrigenses, e que urge muito resolver.










