E mais: “Apoio-te, mas não posso exercer os meus direitos políticos porque sei que terei represálias. Estas reacções fazem-me lembrar outros tempos”, lamentou o representante do Chega, num recado dirigido aos autarcas socialistas em Lagos, durante as comemorações do 25 de Abril, nesta cidade.
José Manuel Oliveira
Na sua intervenção durante a sessão solene das comemorações do 51º. aniversário do 25 de Abril de 1974, em Lagos, ao ar livre na Praça Gil Eannes, frente ao antigo edifício dos Paços do Concelho, o deputado do partido Chega na Assembleia Municipal, Paulo Rosário Dias, após ter saudado de forma protocolar os responsáveis políticos locais, não poupou, mesmo de modo sucinto, críticas ao poder socialista instalado neste município e, em particular, ao presidente da Junta de Freguesia de São Gonçalo, Carlos Saúde, e ao presidente da Câmara de Lagos, Hugo Pereira.
“Quando na rua me dizem: cuidado que tenho um emprego na Junta de Freguesia. Concordo contigo, mas não posso dar a cara porque tenho um pedido feito na Câmara Municipal. Apoio-te, mas não posso exercer os meus direitos políticos porque sei que terei represálias. Estas reacções fazem lembrar outros tempos”, denunciou, a determinada altura, Paulo Rosário Dias, que é, também, o candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Lagos, nas eleições autárquicas a realizar em Setembro ou Outubro deste ano.
“Nem todos temos a liberdade que gostaríamos de ter. Liberdade para ter uma casa, liberdade para ter serviços públicos em condições, liberdade para sair à rua em segurança, em especial as mulheres”
E prosseguiu, lançando mais recados em várias direcções: “Uma pergunta: Porque estamos aqui hoje? Porque é feriado? Sim. Porque é 25 de Abril? Sim. Na verdade, cada um de nós tem os seus motivos para estar aqui. Mas ainda que haja sentimentos particulares, há algo que une todos! O respeito pela liberdade. Liberdade é um conceito que tem um significado especial para cada um de nós. A liberdade de pensar, de expressar, a de existir, entre outras. Nem todos teremos a liberdade que queríamos ter, liberdade para ter segurança financeira, liberdade para ter uma casa, liberdade para ter serviços públicos em condições, liberdade para sair à rua em segurança, em especial as mulheres, liberdade para pensar e expressar opiniões nossas.”
“Para que foi então o 25 de Abril senão para temos liberdade política?”
“Quando na rua me dizem: cuidado que tenho um emprego na Junta de Freguesia. Concordo contigo, mas não posso dar a cara porque tenho um pedido feito na Câmara Municipal. Apoio-te, mas não posso exercer os meus direitos políticos porque sei que terei represálias. Estas reacções fazem lembrar outros tempos. Para que foi então o 25 de Abril senão para temos liberdade política? De nos respeitarmos enquanto democratas com opiniões próprias?”, insistiu o deputado municipal do Chega.
“Quem serão hoje os verdadeiros fascistas? Quem serão hoje os grandes opressores? Os que exigem mais seriedade e responsabilidade? De que lado estará hoje a perseguição do regime?”
“Quem serão hoje os verdadeiros fascistas? Quem serão hoje os grandes opressores? Serão os que questionam o regime? Os que questionam o sistema? Os que abominam a corrupção sob todas as formas? Os que exigem mais seriedade e responsabilidade? De que lado estará hoje a perseguição do regime? E de que lado estará hoje a resistência popular?”, questionou Paulo Rosário Dias.
“Ter orgulho em sermos portugueses, em sermos lacobrigenses, não é uma liberdade sempre garantida”
Não há Liberdade sem Identidade. Ter orgulho em sermos portugueses, em sermos lacobrigenses, não é uma liberdade sempre garantida, mas está sempre ao nosso alcance porque está no nosso coração”, observou aquele responsável político.
“Quem percorre as ruas de Lagos nos dias de hoje, pode por vezes duvidar da nossa liberdade para usar a nossa língua, para expressar os nossos costumes, para afirmar os nossos valores” – observou, em jeito de recado à imigração, o deputado municipal do Chega
E acrescentou: “Quem percorre as ruas de Lagos nos dias de hoje, pode por vezes duvidar da nossa liberdade para usar a nossa língua, para expressar os nossos costumes, para afirmar os nossos valores” “Mas eu vos digo, apelou: Não duvidem dessa liberdade. Não prescindam desse orgulho. Somos livres para existir e amar a nossa identidade. Só assim seremos livres para amar outras. Não há liberdade sem liberdade de pertencer.”
“O orgulho na nossa cidade tem que ser mais resistente que as nossas muralhas. Tem que ser mais estimado que as nossas fortalezas”
“E por isso, o orgulho na nossa cidade tem que ser mais resistente que as nossas muralhas. Tem que ser mais estimado que as nossas fortalezas. Tem que estar mais vivo que os nossos monumentos históricos”, sublinhou Paulo Rosário Dias, no seu discurso, numa alusão à degradação do património em Lagos, o que tem gerado muitas críticas também por parte da população.
As comemorações nacionais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lagos, com a necessidade de estar à altura do evento
A concluir, o deputado municipal do Chega destacou o facto de a cidade de Lagos se preparar para ser palco das comemorações nacionais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, recordando que, em 1996, já tinha recebido esta celebração.
“E temos um monumento ali ao lado da fortaleza para nos lembrar disso. Estaremos certamente à altura de celebrar Portugal. Porque, hoje, é 25 de Abril, demos vivas para uma democracia com ética, com seriedade, com algum atrevimento ou resistência, mas sempre com respeito e sempre com responsabilidade”, afirmou.
Antes de sair do local onde proferiu o seu discurso, o deputado municipal do Chega, com natural entusiasmo, ainda disse: “Viva a todos os que amam a nossa Portugalidade, e viva a nossa estimada cidade de Lagos!” “Um grande feriado para todos vocês!”, desejou Paulo Rosário Dias.
A surpreendente vitória do Chega nas eleições legislativas antecipadas, no concelho de Lagos, onde ganhou em todas as freguesias, relegando os socialistas para terceiro lugar, o que representa um aviso para as eleições autárquicas dentro de quatro meses
Mais de três semanas depois, a 18 de Maio de 2025, nas eleições legislativas antecipadas, para surpresa de muita gente o Chega acabou por ser o partido mais votado, com 4.419 votos (31,56 por cento do total) nas quatro freguesias do concelho de Lagos – São Gonçalo, Luz, Odiáxere e União das Freguesias de Bensafrim e Barão de São João.
Já a AD- Coligação PSD/CDS (3.414 votos – 24,38 por cento) ficou em segundo lugar, enquanto o PS (3.116 votos – 22,25 por cento) foi relegado para a terceira posição, num município com 23.886 eleitores, onde votaram 14.002 (58,62 por cento) e 9.884 preferiram a abstenção, o que corresponde a uma taxa de 41,38 por cento do eleitorado.
Tal sucede numa altura em que, recorde-se, o empresário Paulo Rosário Dias já se assume como candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Lagos e está no terreno e nas redes socais em fase de pré-campanha eleitoral.










