“O Serviço Nacional de Saúde não está tão mau como pintam”, garantiu o médico Paulo Morgado, presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve

Num seminário sobre “o estado da saúde em Lagos”, realizado no auditório do edifício dos Paços do Concelho Século XXI, nesta cidade, destacou o “excelente reconhecimento a nível nacional durante a pandemia da Covid-19”, e em particular no Algarve, nomeadamente no tocante à vacinação. Aproveitou para alertar para a necessidade de investimento na formação de médicos e enfermeiros e com melhores salários. E, no final da sessão, em declarações ao ‘Litoralgarve’, Paulo Morgado apontou o elevado preço da habitação como fator para poder afastar de Lagos profissionais de saúde de várias zonas do país.

Já o autarca Hugo Pereira deixou outros avisos: “Lagos também não vai parar enquanto não aparecer um hospital digno do destino digno que é Lagos, em termos de oferta turística. Vamos continuar a exigir um hospital público novo”.

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está tão mau como pintam”. Quem o disse foi o presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, médico Paulo Morgado, durante o seminário subordinado ao tema ‘O estado da Saúde em Lagos’, que teve lugar durante a tarde do dia 17 de Setembro de 2022, no auditório do edifício dos Paços do Concelho Século XXI, situado na Praça do Município, nesta cidade.

Além de Paulo Morgado, o encontro, moderado por Joaquina Matos, presidente da Assembleia Municipal de Lagos, contou com a participação de Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), de Leonor Bota, Diretora do Conselho de Administração do Agrupamento de Centros de Saúde do Barlavento, de Maria Alice Serrano e Silva, assessora da Administração do Grupo Hospital Particular do Algarve para a área clínica, e de Sérgio Branco, presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros.      

“Tem  de   haver  apenas   um   Serviço   Nacional   de   Saúde”,   defendeu  Paulo   Morgado,   que   discorda   da   “descentralização    de    serviços”

Ao insistir que “o Serviço Nacional de Saúde não é tão negativo como alguns estão a pintar”, o médico Paulo Morgado, natural de Lagos, destacou o facto de o SNS ter tido um “excelente reconhecimento a nível nacional durante a pandemia da Covid-19”, e em particular no Algarve, nomeadamente no que respeita à vacinação. E lembrou o facto de a Austrália ter registado “42 mil casos por dia” de infeção durante o pico desta pandemia, em Maio de 2021, além de outras situações complicadas.

Por outro lado, apontou, entre problemas na população algarvia, as áreas da saúde mental, cardiovascular e respiratória. “Onde vamos investir? Temos de investir no que é prioritário”, defendeu Paulo Morgado, sublinhando a necessidade do aumento do número de profissionais, nomeadamente em Lagos, no tocante a médicos e enfermeiros.

Para o presidente do Conselho Diretivo da ARS do Algarve “tem de haver apenas um Serviço Nacional de Saúde no país”, discordando, nesse sentido,  da “descentralização de serviços”.

Isto, numa altura em que o Governo criou uma direção executiva do SNS para coordenar a resposta assistencial das unidades de saúde daquele organismo. “Será o órgão diretivo, de representação e de mais elevada responsabilidade de gestão do SNS”, segundo o Conselho de Ministros. O cargo estará a cargo, por um período de três anos, do médico Fernando Araújo, presidente do Centro Hospitalar Universitário de São João, desde Abril de 2019.

O  curso  de  medicina   no   Algarve   “tem atualmente   42   alunos”.   A ideia  “é   que   possa chegar   aos   96”   numa  estrutura   ou funcionamento  básico    de   mais  de  três   anos.

Já  “o  ensino   de   enfermagem  é   uma   dificuldade.    Só  temos  dois   cursos   de   enfermagem   na região   do   Algarve   –   um   na   Universidade   do    Algarve   e  um  no   Instituto  Piaget”

Segundo Paulo Morgado, o curso de medicina no Algarve “tem atualmente 42 alunos”. A ideia, acrescentou, “é que possa chegar aos 96” numa estrutura ou funcionamento básico de mais de três anos. “Para isso, os municípios do Algarve juntaram-se todos e decidiram financiar a Universidade do Algarve para que consiga aumentar o número de novos médicos recém formados no Algarve. Quantos mais formados, melhor”, sublinhou,  observando que “a maioria deles fixa-se no Algarve”.

“O ensino de enfermagem é uma dificuldade”, alertou o presidente  do Conselho Diretivo da ARS do Algarve. “Só temos dois cursos de enfermagem na região do Algarve – um na Universidade do Algarve e um no Instituto Piaget [em Silves – n.d.r]. Os cursos não têm conseguido crescer sobretudo na Universidade do Algarve, onde tínhamos alguma esperança de crescer no sentido de formar enfermeiros, porque todos os enfermeiros que se formam, nós contratamos. Quer a ARS, quer o CHUA”, adiantou Paulo Morgado. 

“Sem  dar   melhores   condições  é   impossível   ter pessoas.   É   necessário   que   as   pessoas   tenham aumentos   significativos”  em   termos   económicos   (…)  “Omelete   sem   ovos  é   muito difícil   fazer   se    não    tivermos   recursos humanos”

Contudo, aquele dirigente chamou a atenção para o facto de, “sem dar melhores condições, é impossível ter pessoas.” “É necessário que as pessoas tenham aumentos significativos […] É impossível conseguir até  [concorrer  –  n.d.r.] com o sector privado, porque nalgumas áreas o privado paga melhor”, reconheceu Paulo Morgado.

Admitiu que os profissionais de saúde, hoje, escolhem “em função muito também daquilo que são as condições que lhes oferecem”. Por isso, reforçou, “o Serviço Nacional de Saúde tem de oferecer remunerações dignas para que as pessoas tenham a vida decente, o que é fundamental”.

“Omelete sem ovos é muito difícil fazer se não tivermos recursos humanos”, frisou Paulo Morgado, para quem “tudo começa com a formação e o apoio à formação dos médicos e enfermeiros”. E notou que tal é preciso “nalgumas regiões do país”. Já no Norte, a situação é diferente. “Mas se não tivermos recursos humanos, não vêm do Norte para o Sul”, observou.

“Em   Portimão  sempre  tivemos  falta   de pediatras.  É   uma   situação  já   muito,  muito antiga.  Foi   um  dos   argumentos   para   se dizer: «vamos  fazer um CHA  [Centro   Hospitalar  do Algarve)]»,  porque  se  dizia   que   quando  se fizesse  a  fusão  [dos  hospitais  de  Lagos, Portimão  e  Faro  –  n.d.r],  os  pediatras  de  Faro viriam   fazer  urgência  a   Portimão.  Mas  não, não  vinham,   não   querem.”

Já em declarações ao ‘Litoralgarve’, ao ser questionado sobre quantos médicos e enfermeiros faltarão nesta região do país, Paulo Morgado limitou-se a responder: “Se perguntar ao CHUA [Centro Hospital Universitário do Algarve], dá-lhe uns números assim um bocadinhos duros… Enfermeiros? Estamos a contratar todos os que existem. E temos vindo a aumentar o número de enfermeiros e o número de médicos”.

Litoralgarve –  Ninguém sabe ao certo quantos profissionais serão necessários nas unidades de saúde do Algarve?

Paulo Morgado –  Não é que ninguém sabe. Também não podemos ver as coisas assim. Agora, nessa questão das necessidades temos de ver vários serviços. Cirurgia vascular, por exemplo. Quantos é que faziam falta? Bom, aí é mais difícil calcular. Temos um serviço em que precisávamos de ter quatro ou cinco profissionais. Numa urgência de cirurgia vascular, por exemplo, necessitávamos de mais. A forma como calculamos as necessidades depende um bocadinho dos serviços que a gente queira estar disponíveis. Só oferecemos serviços em função dos recursos que temos. Só temos uma médica de cirurgia vascular. Não pode estar de serviço durante sete dias por semana, 365 dias por ano.

Litoralgarve – Os serviços de pediatria, por exemplo, vão continuar a fechar em Portimão? Vai continuar a haver problemas?

Paulo Morgado –  Temos problemas em Portimão, com a falta de pediatras. É um problema muito antigo. Para um parto é preciso que haja um pediatra que vá à sala de partos, porque quando uma criança nasce pode ter problemas. Em Portimão sempre tivemos falta de pediatras. É uma situação já muito, muito antiga. Foi um dos argumentos para se dizer: «vamos fazer um CHA [Centro Hospitalar do Algarve]», porque se dizia que quando se fizesse a fusão [dos hospitais de Lagos, Portimão e Faro – n.d.r], os pediatras de Faro viriam fazer urgência a Portimão. Mas não, não vinham, não querem.

“Está   [no   Centro  de   Vacinação   de   Lagos]  uma  enfermeira   que   veio   do   Norte   e   alugou cá   uma   casa.   Mas   não   consegue   cá   comprar   uma  casa,   porque   o   custo   de   uma casa   no   Algarve   é   abismal.   E disse-me: «presidente,  eu  se   calhar   vou   ter   de   ir   viver para   Portimão,   porque   não   consigo   pagar uma   casa   aqui    em    Lagos   aos   preços  a   que as   casas   estão» ”

Litoralgarve  – O preço da habitação no Algarve também contribui para a falta de médicos na região?

Paulo Morgado  –   Claro, os custos! Está [no Centro de Vacinação de Lagos] uma enfermeira que veio do Norte e alugou cá uma casa. Mas não consegue cá comprar uma casa, porque o custo de uma casa no Algarve é abismal. E disse-me: «presidente, eu se calhar vou ter de ir viver para Portimão, porque não consigo pagar uma casa aqui em Lagos aos preços a que as casas estão». Há muitas casas em Lagos, mas o preço exorbitante! É o quinto concelho mais caro do país. E isto, como é evidente, condiciona muito todas as profissões e também os médicos. E quem ganha menos, então ainda pior.

“Começámos   mais   cedo   a   vacinação,   porque já   vimos   a   experiência   daquilo  que   aconteceu   na   Austrália,   o   que  nos  alertou para   esta   situação.   Estamos  a   vacinar  com  o novo  reforço,  com  a   nova   vacina   contra  a Covid,   estamos   vacinar   contra   a  gripe, estamos  a  vacinar   os   utentes  dos   lares   de idosos  com   uma   vacina  de   alta   potência. Estamos  a   tentar  fazer  o   máximo  pelas  pessoas   mais   vulneráveis.”

Litoralgarve – Como encara o Inverno no Algarve, com as gripes?

Paulo Morgado  –  Vamos ver, vamos ver… Não gosto muito de me antecipar. Nós estamos a preparar-nos.

Litoralgarve  – Receia falta de recursos humanos?

Paulo Morgado  –  Falta de recursos não. Porque temos vindo a apetrechar-nos com recursos. Temos mais médicos, temos mais enfermeiros, quer ao nível hospitalar, quer nos cuidados de saúde primários. Não são, ainda, os que nós necessitamos. Estamos a fazer a vacinação, estamos a fazer tudo aquilo de que eles precisam.

Litoralgarve  –  E como está a decorrer a vacinação contra a Covid-19?

Paulo Morgado  – Começámos mais cedo a vacinação, porque já vimos a experiência daquilo que aconteceu na Austrália, o que nos alertou para esta situação. Estamos a vacinar com o novo reforço, com a nova vacina contra a Covid, estamos vacinar contra a gripe, estamos a vacinar os utentes dos lares de idosos com uma vacina de alta potência. Estamos a tentar fazer o máximo pelas pessoas mais vulneráveis. Mas vai haver gripe…”

“O  dinheiro  gasto  é  para  tapar  buracos”, criticou  um  cidadão,  para  quem   essa  situação provoca   “falta  de  confiança”  no   Serviço   Nacional    de    Saúde

Durante aquele seminário sobre ‘O estado da saúde em Lagos”, um indivíduo, presente entre o público, considerou que “em causa está a gestão do Serviço Nacional de Saúde”, em que “aumenta a complexidade, com graves problemas”. “O dinheiro gasto é para tapar buracos”, criticou esse cidadão, para quem tal situação provoca “falta de confiança”.

A propósito, assegurou que, durante a pandemia da Covid-19, em  2020, havia milhares de doentes em Lagos com problemas de “saúde mental e sem conseguirem marcação de consulta de psicologia”.

Já Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) –  que inclui os hospitais de Faro, Portimão e Lagos  –  apontou para “consultas de especialidade a partir de Novembro nalgumas valências necessárias”. Mas reconheceu dificuldades ao nível de “pediatras de noite”, 

Sérgio   Branco,   presidente  do  Conselho  Diretivo  Regional  da Secção  Regional  do   Sul  da   Ordem  dos   Enfermeiros: “No   Centro   Hospitalar   do   Algarve   e   dois anos   depois   de   lá    estar,   perguntam-me   se   eu   sou   enfermeiro   especialista.   Dois   anos depois…   Isto   é   má   gestão!”

Por seu turno, o presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco, não poupou críticas à situação neste sector. “Temos 4,2 enfermeiros por 1.000 habitantes. A média da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que inclui países membros da Europa] é cerca de nove”. Em Portugal, “isto é má gestão! Quando eu pergunto quantos são enfermeiros especialistas e quantos não são, nem me sabem dizer. Isto é má gestão!”

E prosseguiu nas suas denúncias: “No Centro Hospitalar do Algarve e dois anos depois de lá estar, perguntam-me se eu sou enfermeiro especialista. Dois anos depois… Isto é má gestão! De facto, esta má gestão acontece diariamente, também quando, por exemplo, um profissional de saúde tem oito, ou doze horas de trabalho num hospital público, chega lá, mete o seu saco biométrico às nove da manhã e às nove e meia está a trabalhar no sector privado. Isto é má gestão. E de facto esta má gestão é transversal a todo o país”.

“Em Portugal,   formamos   cerca   de   três   mil enfermeiros   por   ano,   o   suficiente  para garantir  as   necessidades   ao   nível   do   Serviço Nacional   de   Saúde.   Mas   deixamos   fugir   para   o   estrangeiro   mil   e   quinhentos enfermeiros   por   ano.   Na   altura  da   pandemia,   aquilo   que   ofereceram   aos enfermeiros,   que   tanta   falta   faziam   como  pão   para   a   boca   a   este   país,   eram novecentos   euros   e   um   contrato   por   quatro meses.   Isto   é   uma    vergonha,   meus   caros amigos!”

Depois de referir que estavam “pelo menos duas pessoas nesta sala, que se dedicam à área da saúde mental”, questionou: “digam-nos se, porventura, a saúde mental do ponto de vista operacional é considerada uma prioridade? Ou se essa prioridade apenas à (…) dos papéis”. “E nós temos um país muito bom nisto. Somos muito bons a fazer relativamente a coisas. Vamos aumentar o número de consultas, vamos aumentar o número de camas. Vamos aumentar o número de consultas, como? Não há profissionais… Não temos enfermeiros, não temos médicos, não temos assistentes  operacionais. Não temos técnicos, não temos recursos para aumentar essa tese de oferta assistencial de que tantas vezes falamos. Enquanto não corrigirmos aquilo que é, por exemplo, o fenómeno dos enfermeiros… E falo dos enfermeiros, porque é aquilo que eu sei. Em Portugal, formamos cerca de três mil enfermeiros por ano, o suficiente para garantir as necessidades ao nível do Serviço Nacional de Saúde. Mas deixamos fugir para o estrangeiro mil e quinhentos enfermeiros por ano. Na altura da pandemia, aquilo que ofereceram aos enfermeiros, que tanta falta faziam como pão para a boca a este país, eram novecentos euros e um contrato por quatro meses. Isto é uma vergonha, meus caros amigos!” – lamentou.

“Tem de haver um reconhecimento legítimo para o melhor capital que o Serviço Nacional de Saúde tem, que é o seu capital humano”, avisou aquele dirigente da Ordem dos Enfermeiros.

“O  hospital   antigo”  de   Lagos  “era   uma vergonha   para   todos.   Para   os    profissionais que   lá   trabalhavam,   para   os   doentes   que   lá iam,   em   não   termos  não   só   falta   de   recursos   humanos,   mas  de   recursos   materiais”  (…)    “Uma   coisa    boa   era   a    esplanada   virada para  a   praia….”

Fachada Hospital de Lagos

Por outro lado, considerou que “o hospital antigo” de Lagos, “era uma vergonha”. “Era uma vergonha para todos. Para os profissionais que lá trabalhavam, para os doentes que lá iam, em não termos não só falta de recursos humanos, mas de recursos materiais”, criticou.

E em estilo de ironia, Sérgio Branco desabafou: “uma coisa boa era a esplanada virada para a praia…”, provocando risos e gargalhas no auditório. “E, de facto, era isso a única coisa que os profissionais diziam. Temos uma esplanada virada para a praia. Outros não têm.”

“Quando falarmos em criar estruturas, temos de pensar, antes de mais, em corrigir aquilo que são as fragilidades como estamos na sociedade e a forma como estamos na saúde no Algarve. De nada nos serve termos um hospital novinho em folha, se depois não temos pessoas. Se não corrigirmos aquilo que são as fragilidades em matéria de serviço organizacional. Porque aquilo que vemos é exatamente os mesmos problemas dentro de umas paredes pintadas de branco. E isso nós não queremos, isso não chega!”, avisou, ainda, o presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco.

Hugo   Pereira,   presidente   da   Câmara   Municipal    de    Lagos:  “Ainda   faltam    sete   mil   utentes    com   médicos    de   família   e   é   um   número    bastante   considerável.   E   continuamos   a   assistir    a   muitas    tentativas   e   muitos   atrasos   em   conseguir   consultas”.  O  autarca  saudou,  por  outro    lado,  o   facto   de  “só  faltarem    quatro   médicos”   no   Centro   de   Saúde   desta    cidade

Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, que estava na assistência, tomou a palavra para dizer: “Passámos de ter só quatro para só faltarem quatro” médicos no Centro de Saúde de Lagos. Mas “ainda faltam sete mil utentes com médico de família e é um número bastante considerável. E continuamos a assistir a muitas tentativas e muitos atrasos em conseguir consultas” (…)”, queixou-se o autarca, que não pára “enquanto não tivermos zero utentes sem médico de família”.

Já “em relação ao atual hospital [de Lagos], na verdade melhorou substancialmente. As paredes deixaram de terem de ser pintadas ou caiadas de três em três semanas  [como eram] no antigo hospital. Os profissionais mereciam, e merecem, uma grande medalha de mérito […] por se sujeitarem àquelas condições e obviamente os utentes também. Mas isso melhorou. Neste momento, temos um hospital fisicamente com outras condições que o velhote hospital de Lagos não dava”, reconheceu Hugo Pereira.

“Lagos   merece   ter   um    hospital   novo.   Deram-nos  um   hospital   semi-novo.   Mas   em troca   perdemos   um   hospital   privado,   com condições   excelentes   para    servir   a   população.   Daí   que   deram-nos   com   uma   mão   e   tiraram-nos   com   outra”.

Sem se deter, o edil socialista deixou recados ao Governo: “Lagos merece ter um hospital novo. Deram-nos um hospital semi-novo. Mas em troca perdemos um hospital privado, com condições excelentes para servir a população. Daí que deram-nos com uma mão e tiraram-nos com outra. E Lagos também não vai parar enquanto não aparecer um hospital digno do destino digno que é Lagos, em termos de oferta turística. Vamos continuar a exigir um hospital público novo”.

Defendeu, entretanto, o Hospital Terras do Infante  [que substituiu o Hospital Privado de São Gonçalo de Lagos – n.d.r.] com as especialidades e as valências que o antigo Hospital de Lagos não tinha, nomeadamente serviço ambulatório, fisioterapia e meios complementares de diagnóstico. “Enquanto isso não for feito, não nos vamos calar!”, avisou o autarca, que, por outro lado, agradeceu “todo o trabalho que todo o Serviço Nacional de Saúde teve durante esta pandemia.” Portugal “contra tudo e contra todos, com poucos recursos materiais, financeiros e humanos, conseguiu dar uma boa resposta” a esse nível. “No Dia da Cidade [de Lagos, a 27 de Outubro], iremos tentar prestar a justa homenagem a quem tanto ajudou no caso de Lagos, onde nem tudo correndo bem, mesmo assim superando muito, Lagos tenha conseguido ultrapassar a pandemia” – concluiu Hugo Pereira.

José Manuel Oliveira

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