Mais uma vez foi chumbado na Assembleia da República um Projeto de Resolução do Bloco de Esquerda que propunha a abolição das portagens na Via do Infante. Nesta quarta-feira, dia 18 de julho, PS e PSD voltaram a unir-se numa coligação negativa de bloco central contra o Algarve e as suas populações. À semelhança do que fizeram para todo o país no âmbito das negociações das leis laborais e da descentralização de competências para os municípios. Um bloco central de interesses a funcionar em pleno. É a democracia, é o país, são os cidadãos que saem a perder.
Já é a 7.ª proposta que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda apresenta nesta legislatura para eliminar as portagens no Algarve. Todas as propostas têm sido inviabilizadas por PS, PSD e CDS (esta partido absteve-se). O facto dos deputados destas forças políticas, eleitos pelo Algarve, votarem a favor (PS), ou se abstiverem (PSD e CDS), não altera o essencial – o Projeto foi reprovado e as portagens continuam a manter-se no Algarve. Como sabem que as portagens não serão eliminadas, devido à posição dos seus partidos, procuram ficar bem na fotografia e voltar a enganar os algarvios. O que no fundo não passa de pura hipocrisia e de batota política!
Não deixa de ser extraordinário e muito lamentável continuar a persistir num erro crasso e muito danoso para a região – as portagens no Algarve. Além dos elevados prejuízos económicos e sociais que estas provocam, uma das grandes manchas negras e bem trágicas reside na potenciação dos acidentes rodoviários, em particular na EN125, que foi considerada de novo a via mais perigosa e mortífera do país, não obstante uma parte da via já estar requalificada. São mais de 10 000 acidentes de viação por ano na região, com uma média anual de 30 vítimas mortais e quase 200 feridos graves.
Por outro lado, não deixa de ser estranho o facto de PS e PSD também chumbarem a requalificação da parte que falta da EN125, entre Olhão e Vila Real de Santo António, o que tem motivado muita revolta, assim como a correção da sinalização em alguns troços da via já requalificada, que apresenta erros técnicos, ente Olhão e Vila do Bispo e que tantas críticas tem motivado da parte de utentes e outras entidades. PS e PSD comportam-se à boa maneira do “bem prega S. Tomás, faz como ele diz, mas não faças como ele faz”. E quem sofre é o Algarve e as suas populações.
Também é sabido que a PPP da Via do Infante (como todas as PPP’s rodoviárias a nível nacional) dá um elevado prejuízo ao Estado e aos contribuintes – cerca de 40 milhões de euros por ano. Um autêntico regabofe a engordar os bolsos da concessionária privada e que governo, PS, PSD e CDS continuam a tolerar e a defender.
E uma vez mais o governo discrimina o Algarve quando anuncia descontos para as ex-scuts do interior, esquecendo o Algarve. De qualquer forma os descontos pouco adiantam e serão irrisórios se aplicados ao Algarve, além de contribuírem para a discriminação dos cidadãos. O que importa verdadeiramente, é a eliminação, quanto antes, das portagens no Algarve, a principal região turística do país e que não tem vias alternativas à Via do Infante – tal como prometeu António Costa e que ainda não cumpriu. Palavra dada deverá ser palavra honrada.
O Bloco de Esquerda continuará a empenhar-se na luta pela abolição das portagens – no Parlamento e na rua, incentivando e participando em todas as ações e iniciativas com vista a esse objetivo. O Algarve pode contar com o Bloco de Esquerda.
Autor: O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda