Migrantes marroquinos – “O que aconteceu em Vila do Bispo, Boca do Rio, foi uma situação completamente anormal”, alerta, ao ‘Litoralgarve, Afonso Nascimento, candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal

“Num território marítimo como o de Vila do Bispo, chegou uma embarcação de madeira, com um motor de 25cv, em condições inexplicáveis, com 38 tripulantes a bordo. Não se cruzaram com nenhuma embarcação de pesca, com nenhum controlo marítimo, numa zona onde muito dificilmente não estaria presente uma embarcação num período de cinco horas, ainda por cima de dia!”. Afonso Nascimento, empresário e agora candidato às eleições autárquicas, pelo Chega, naquele concelho, ainda se mostra incrédulo com o sucedido e aproveita para deixar vários recados.

José Manuel Oliveira

Mais de três semanas após o surpreendente e ilegal desembarque a bordo de uma embarcação de madeira, ao final da tarde do dia 08 de Agosto, de 38 cidadãos de nacionalidade marroquina (25 homens, seis mulheres e sete menores) na praia da Boca do Rio, situada na freguesia de Budens, no concelho de Bispo, o caso continua a dar que falar. A generalidade dos residentes naquela zona do Algarve admite tratar-se de uma “falha” das autoridades no controlo da costa portuguesa e receia mais problemas.

“Sobre o que aconteceu especificamente em Vila do Bispo, Boca do Rio, foi uma situação completamente anormal”. Este foi o primeiro recado que começou por lançar, em declarações exclusivas ao ‘Litoralgarve’, o empresário Afonso Nascimento, agora candidato na lista do Chega a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, na sequência de um conjunto de questões envidas para o seu ‘email’ sobre o assunto.

Mostrando-se ainda estupefacto com o sucedido naquela área da orla marítima, onde a presença dos cidadãos marroquinos só foi detectada e filmada para as redes sociais, quando desembarcaram na praia da Boca do Rio, Afonso Nascimento sublinhou, em jeito de reflexão: “Basta pensarmos um pouco: num território marítimo como o de Vila do Bispo, chegou uma embarcação de madeira, com um motor de 25cv, em condições inexplicáveis, com 38 tripulantes a bordo. Não se cruzaram com nenhuma embarcação de pesca, com nenhum controlo marítimo, numa zona onde muito dificilmente não estaria presente uma embarcação num período de cinco horas, ainda por cima de dia!”

“Chegaram a terra e tiveram o devido tratamento,  forças de segurança, assistência médica, instalações de dormitório, etc. Sem comentários, foi feito e dado o que a lei estipula!”

“Então, e o povo de Vila do Bispo? Perguntem há quanto tempo espera consulta por um médico de família.”

“Quando surgem problemas, com necessidade das forças de segurança [os seus agentes] não podem, não há rendição possível. Falta de transporte, etc. Mas durante esses dias [de presença dos migrantes marroquinos] houve disponibilidade com fartura”

E observou: “Chegaram a terra e tiveram o devido tratamento,  forças de segurança, assistência médica, instalações de dormitório, etc.

Sem comentários, foi feito e dado o que a lei estipula!”

Contudo, Afonso Nascimento aproveitou para deixar várias questões e críticas: “Então, e o povo de Vila do Bispo? Perguntem há quanto tempo espera consulta por um médico de família. Quando surgem problemas, com necessidade das forças de segurança [os seus agentes] não podem, não há rendição possível. Falta de transporte, etc. Mas durante esses dias [de presença dos migrantes marroquinos], houve disponibilidade com fartura. Não censuro os homens e mulheres que colaboraram, mas algo está muito mal.”

“Não existe planeamento. Se houvesse, neste e noutros casos acionariam os dormitórios da Rádio Naval, Marinha. São nossos, do Estado Português, estão ao abandono”

As críticas de Afonso Nascimento, nestas declarações ao ‘Litoralgarve’, não ficaram por aqui. “Se qualquer cidadão necessitar de uma utilização de um equipamento no concelho, pode esperar que sejam criadas umas listas de dificuldades para aceder a tal. Não existe planeamento. Se houvesse, neste e noutros casos acionariam os dormitórios da Rádio aval, Marinha. São nossos, do Estado Português, estão ao abandono. E, agora, correm-se determinados riscos para quê?”

“Salvadouros de uma pátria, que despreza seus filhos!!!”

Recorde-se que, durante a sua permanência no concelho de Vila do Bispo, foi disponibilizado pela Câmara Municipal, aos 38 cidadãos marroquinos, o Pavilhão Multiusos Clésio Ricardo, situado em Sagres, onde tomaram refeições, trataram da higiene e dormiram. Coube a militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) garantir o seu controlo.

“Salvadouros de uma pátria, que despreza seus filhos!!!”, lamentou, ainda, Afonso Nascimento, numa alusão às autoridades portuguesas.

“Encaro a questão da imigração de uma forma muito natural, pois se recordarmos todo o povo português ao longo da História foi emigrante por esse mundo fora”

Apesar das críticas, aquele empresário e candidato a autarca, ressalvou: “Encaro a questão da imigração de uma forma muito natural, pois se recordarmos todo o povo português ao longo da História foi emigrante por esse mundo fora. Também sabemos que a saída do nosso povo para as colónias foi bastante positivo para quem foi e para quem os acolheu.”

O aviso de populares no Algarve, ao ‘Litoralgarve»: “Asilo político porquê? Marrocos está em guerra? É para eles ficarem, também, a viver a conta do Orçamento de Estado em Portugal, como muitos imigrantes que cá estão? O que tal iria contribuir seria para mais desembarques na costa algarvia, numa situação controlada por mafias de tráfico de seres humanos.”

“O que aconteceu no concelho de Vila do Bispo foi um teste. Se resultar, mais cidadãos marroquinos e de outros países acabarão por chegar, ilegalmente, a Portugal”

Por outro lado, e numa altura em que aqueles cidadãos marroquinos se encontram nos Centros de Instalação Temporários, em Faro e no Porto, tendo 34 deles pedido asilo político a Portugal, entretanto rejeitado pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), vários populares no Algarve, em conversa com o ‘Litoralgarve’, nem querem acreditar nesse cenário. “Asilo político porquê? Marrocos está em guerra? É para eles ficarem, também, a viver a conta do Orçamento de Estado em Portugal, como muitos imigrantes que cá estão? O que tal iria contribuir seria para mais desembarques na costa algarvia, numa situação controlada por mafias de tráfico de seres humanos.”

“O que aconteceu no concelho de Vila do Bispo foi um teste. Se resultar, mais cidadãos marroquinos e de outros países acabarão por chegar, ilegalmente, a Portugal e pedir asilo político. Isto poderá acontecer numa altura e que continua a não haver condições para dar habitação aos portugueses e proporcionar-lhe saúde e segurança”, avisou um popular, residente naquele município da Costa Vicentina.

Rejeitados, pelas autoridades portuguesas, 34 pedidos de asilo a Portugal, apresentados pelos migrantes marroquinos desembarcados, ilegalmente, no concelho de Vila do Bispo. Falta apreciar quatro pedidos de menores não acompanhados por familiares

Como já referimos, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) rejeitou o pedido de asilo político apresentado ao Estado Português, de 34 dos 38 migrantes marroquinos que desembarcaram, ilegalmente, numa embarcação de madeira, ao final da tarde do dia 08 de Agosto de 2025 (uma sexta-feira) na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo. Na altura, foram acolhidos pela Proteção Civil Municipal no Pavilhão de Multiusos Clésio Ricardo, em Sagres. Depois, receberam ordem para abandonar voluntariamente o país, por parte dos juízes dos tribunais de turno de Silves (num dia) e Lagos (noutro dia), onde foram ouvidos, após serem ali levados por militares da GNR.

De qualquer modo, os 34 migrantes marroquinos que viram, agora, indeferidos os seus pedidos de asilo político em Portugal, ainda podem apresentar recurso no espaço de dez dias.

Por outro lado, falta a Agência para a Integração, Migrações e Asilo apreciar quatro pedidos de asilo político, apresentados por menores não acompanhados por familiares no desembarque ocorrido na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo.

Entretanto, como o ‘Litoralgarve já referiu noutra notícia, na sequência daquele caso, a GNR e a Autoridade Marítima Nacional reforçaram o patrulhamento na costa algarvia e pediram o apoio de populares na transmissão de informações em caso de detectarem qualquer movimentação considerada estranha nessa zona.