“Representamos uma alternativa credível e inovadora”, sublinhou, em entrevista por escrito ao ‘site’ «Litoralgarve», Gabriela Cruz, que surge em segundo lugar na lista de candidatos do Volt Portugal pelo Círculo Eleitoral de Faro, nas eleições antecipadas para a Assembleia da República, a realizar no próximo dia domingo, dia 18 de Maio de 2025. Devido ao facto de Bruno Santos, que encabeça a lista do partido nesta região do sul do país, não conseguir, em tempo útil, responder às questões colocadas pelo nosso jornal, como nos foi referido, coube a Gabriela Cruz, “co-cabeça de lista” deste círculo eleitoral, como se apresentou, representar o Volt Portugal. “Um país justo, ecológico, inovador e conectado à Europa. Um Portugal onde ninguém fique para trás e onde o futuro se construa com responsabilidade, coragem e visão” são algumas das apostas da candidata. A saúde, falta de transportes públicos e a “dependência excessiva do turismo” figuram entre as principais preocupações deste partido no Algarve, onde aponta soluções para resolver problemas.
José Manuel Oliveira
Litoralgarve – Que perspectiva tem o partido VOLT PORTUGAL para estas eleições legislativas antecipadas a 18 de Maio de 2025, no Círculo Eleitoral de Faro? Quantos deputados espera eleger?
Gabriela Cruz – O Volt apresenta-se com ambição, mas também com realismo. Pretende eleger pelo menos um deputado por Faro, marcando uma presença significativa para começar a influenciar diretamente a política nacional, com propostas progressistas e europeístas. Representamos uma alternativa credível e inovadora, e estamos confiantes no apoio crescente que temos sentido no terreno.

Litoralgarve – E qual a primeira medida que tomará se for eleita?
Gabriela Cruz – A primeira medida será apresentar uma proposta de revisão do sistema político-eleitoral para torná-lo mais transparente, participativo e eficaz, que aproxime os cidadãos da decisão política e combata a corrupção de forma estrutural.
Da “dependência excessiva do turismo” no Algarve, à necessidade de criar “condições para fixar médicos na região”
Litoralgarve – Quais são os principais problemas que sente no Algarve e como resolvê-los?
Gabriela Cruz – Os principais problemas do Algarve são:
- Falta de mobilidade e transportes públicos;
- Saúde pública degradada, com falta de profissionais;
- Dependência excessiva do turismo.
O Volt propõe:
- Investimento em transportes ferroviários e autocarros intermunicipais;
- Reforço do SNS – Serviço Nacional de Saúde, condições para fixar médicos na região;
- Apoio à diversificação económica, com tecnologia, energias renováveis e agricultura sustentável.
“Corrupção e falta de confiança nas instituições”
Litoralgarve – E a nível nacional, o que mais a preocupa? Que soluções aponta?
A nível nacional, o Volt preocupa-se com:
- Corrupção e falta de confiança nas instituições;
- Desigualdades regionais e sociais;
- Emergência climática.
As soluções incluem:
- Reforma do sistema judicial e transparência pública;
- Políticas redistributivas;
- Investimento verde e transição energética justa.
Litoralgarve – A que se deve, na sua opinião, o recente corte energético, conhecido por apagão? Admite ter-se tratado de um ciberataque? O que falhou? Como prevenir estas situações no futuro?
Gabriela Cruz – Ainda que não se descarte a hipótese de ciberataque, o Volt aponta falhas na resiliência e digitalização da rede energética. Propõe:
- Auditorias independentes regulares;
- Reforço das defesas cibernéticas;
- Integração europeia dos sistemas energéticos como forma de mitigação.
“O Volt não vê a imigração como problema, mas sim como uma oportunidade”
Litoralgarve – A imigração é um problema em Portugal? Como encara a decisão do Governo notificar, numa primeira fase, para deixarem o país mais de quatro mil imigrantes indocumentados?
Gabriela Cruz – O Volt não vê a imigração como problema, mas sim como uma oportunidade. Critica fortemente decisões desumanas como as notificações em massa. Por isso, propõe:
- Regularização célere e justa;
- Integração ativa através de políticas de inclusão no mercado de trabalho e educação.
“O país não pode recuar em políticas sociais e ambientais” e o Volt encara “com preocupação” uma maioria de direita
Litoralgarve – Se não houver, de novo, maioria absoluta, como antevê a formação do próximo Governo? Admite uma legislatura curta?
Gabriela Cruz – O Volt defende estabilidade, mas teme uma nova legislatura instável se não houver reformas estruturais. Está disponível para dialogar com forças democráticas que partilhem objetivos comuns.
Litoralgarve – Como encara o cenário de um governo constituído pela AD – Coligação PSD/CDS, com apoio da Iniciativa Liberal?
Gabriela Cruz – Com preocupação. O país não pode recuar em políticas sociais e ambientais. O Volt é contra agendas ultraliberais que fragilizem o Estado Social.
“O Volt não defende acordos por conveniência”
Litoralgarve – E de uma nova ‘geringonça’, entre partidos de esquerda, liderada pelo PS?
Gabriela Cruz – Apoia coligações progressistas, desde que baseadas em acordos transparentes e centrados em reformas sustentáveis. O Volt não defende acordos por conveniência, mas por convergência programática.
Litoralgarve – O que pensa da queda do Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro?
Gabriela Cruz – A queda resulta de uma crise de confiança generalizada. O Volt lamenta a instabilidade, mas vê as eleições como oportunidade para renovar a política com propostas construtivas.
Governo revelou “falta de visão a longo prazo” e “fraca resposta aos desafios sociais”
Litoralgarve – Que aspectos negativos e positivos destaca no actual governo?
Gabriela Cruz – Negativos:
- Falta de visão a longo prazo;
- Fraca resposta aos desafios sociais.
Positivos:
- Tentativas de digitalização da administração pública (embora insuficientes).
Muitos eleitores “sentem-se abandonados pelas forças tradicionais” e têm “sede de mudança”
Litoralgarve – O que lhe dizem os eleitores nos contatos que tem estabelecido? Estão saturados de eleições, querem mudança?
Gabriela Cruz – Sim, há cansaço, mas sobretudo sede de mudança. Muitos querem alternativas sérias, com propostas novas e éticas. Sentem-se abandonados pelas forças tradicionais.
Litoralgarve – Receia o aumento da abstenção? Como é possível cativar votos?
Gabriela Cruz – Sim, é uma preocupação. O Volt aposta em:
- Campanhas de proximidade;
- Comunicação clara;
- Participação digital e eventos presenciais.
“A nossa prioridade é ser honestos e eficazes”
Litoralgarve – Como é a campanha do Volt Portugal no Algarve? Quais os custos?
Gabriela Cruz – É uma campanha modesta, baseada em voluntariado, doações de cidadãos e proximidade. Temos poucos recursos, mas muita determinação. A nossa prioridade é ser honestos e eficazes.
Litoralgarve – Que futuro para o país?
Gabriela Cruz – Um país justo, ecológico, inovador e conectado à Europa. Um Portugal onde ninguém fique para trás e onde o futuro se construa com responsabilidade, coragem e visão.










