«O seu sacrifício será recordado como um exemplo de bravura, honra e compromisso com a missão que lhe foi confiada. A sua memória não será esquecida», pode ler-se na Nota de Pesar da Diocese Castrense – a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
O velório, com missa de corpo presente, decorreu na Igreja de Santa Maria, em Lagos, e o funeral teve lugar no Cemitério Novo desta cidade. Dezenas de militares da GNR, de várias valências, oficiais da Marinha, agentes da PSP, da Polícia Judiciária e da Guardia Civil de Espanha, entre elementos ligados à segurança, além de ‘motards’ e muitos populares participaram na derradeira homenagem a Pedro Manata e Silva.
José Manuel Oliveira
Logo pela manhã de sexta-feira, dia 31 de Outubro, houve até quem “pensasse em ‘Halloween’, devido ao aparato que se via” na Praça do Infante Dom Henrique, em Lagos. “Mas, com a presença de tantos militares da GNR, percebeu-se que, afinal, era o funeral do militar” que morreu numa embarcação no Rio Guadiana, zona de Alcoutim, na noite de segunda-feira, 27 de Outubro, em frente a Espanha.
Tratou-se de uma operação de elementos da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras daquela força de segurança, envolvendo a perseguição a uma lancha rápida, suspeita de envolvimento em tráfico de droga. Ao tentarem abordá-la, a embarcação da GNR acabou por ser abalroada, tendo Pedro Nuno Marques Manata e Silva, de 50 anos, sido a única vítima mortal. E ao que se sabe, ficou decapitado. Três colegas, que o acompanhavam, sofreram ferimentos, mas já obtiveram alta hospitalar.
Segundo informação divulgada no ‘site’ da Agência Funerária Guerreiro & Guerreiro, com sede na Rua Juntas de Freguesia, junto à Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, nesta cidade, Pedro Nuno Marques Manata e Silva nasceu no dia 21 de junho de 1975 em Paranhos, localidade da freguesia do município do Porto. O anúncio do seu falecimento, na Internet, referiu, inicialmente, a data de 27 de Outubro de 2025. Mas os cartões daquela agência funerária, que se encontravam na Igreja de Santa Maria, situada na Praça Infante Dom Henrique, em Lagos, onde decorreu o velório, indicavam que o militar da GNR, exibindo a sua foto, devidamente fardado, “faleceu em 28 de outubro de 2025.” Ou seja, surge um dia de diferença na informação prestada.
“Não chores, se verdadeiramente me amas”
Numa outra página, a da esquerda, dos cartões daquela agência funerária, pode ler-se:
Se me amas não chores
Se conhecesses o mistério imenso do Céu onde agora vivo, este horizonte sem fim, esta luz que tudo reveste e penetra, não chores, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus, na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor, uma enorme ternura que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo pensa nesta casa onde um dia estaremos reunidos para além da morte, matando a sede na fonte inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores,
Se verdadeiramente me amas!
Sto. Agostinho
«O seu sacrifício será recordado como um exemplo de bravura, honra e compromisso com a missão que lhe foi confiada. A sua memória não será esquecida»
(Da Nota de Pesar da Diocese Castrense)
É a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança
Forças de segurança, Guardia Civil de Espanha, ‘motards’, bombeiros e representantes da Proteção Civil Municipal de Lagos, entre muitos outros
Segundo apurou o ‘Litoralgarve’, perto de mil pessoas estiveram presentes durante o período do velório, na Igreja de Santa Maria, que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, entre outras figuras. Esse número inclui quem acompanhava à distância as cerimónias, na Praça do Infante Dom Henrique.
Neste local, estavam dezenas de militares da GNR, de várias valências, oficiais da Marinha, agentes da Polícia de Segurança Pública, do corpo de segurança, da Guardia Civil de Espanha, entre outros elementos, a que se juntaram bombeiros e representantes da Proteção Civil Municipal de Lagos. Podiam ver-se, também, ‘motards’ de vários clubes do Algarve (Pedro Manata e Silva era membro do Moto Clube do Arade), amigos do falecido e muitos populares, que se associaram às cerimónias, alguns apenas por mera curiosidade.
Mais de trezentas pessoas, muitas delas militares da GNR, na Praça do Infante Dom Henrique, durante o velório e missa de corpo presente na Igreja de Santa Maria. Esta encontrava-se completamente cheia
Só na Praça do Infante Dom Henrique, como o ‘Litoralgarve’ pôde constatar a partir das 14h00, encontravam-se mais de trezentas pessoas, muitos delas militares da GNR. Já a Igreja de Santa Maria não foi suficiente para receber tanta gente, o que obrigou muitos populares a terem de ficar à porta. No interior, como verificámos no final, foi colocada uma máquina com água e copos, perto de um pequeno altar, onde está a imagem de Nossa Senhora de Fátima, ao dispor das pessoas que conseguiram assistir ao velório e à missa de corpo presente.
Durante as cerimónias fúnebres, ouviram-se cânticos e pelas 14h35m., muitos aplausos, gesto a que se associaram muitos do que estavam em frente à igreja, na Praça do Infante Dom Henrique. Pelo meio, surgiram algumas formaturas de miliares da Guarda.
Via-se mais de uma dezena de coroas de flores e de arranjos florestais, entre as quais do Ministério do Interior do Governo de Espanha
Pelas 15h00, três carros (dois cinzentos e um preto) da Agência Funerária Guerreiro & Guerreiro, de Lagos, foram encaminhados até perto da entrada da Igreja de Santa Maria. Só para um deles foi levada mais de uma dezena de coroas de flores e arranjos florestais. Entre elas, estava uma em sinal de homenagem do Ministério do Interior do Governo de Espanha.
Algumas dessas coroas e diversos arranjos com flores, de variadas cores, acabaram por ser retirados e colocados noutra viatura.
Pedro Nuno Marques Manata e Silva era casado com Vanessa Manata e Silva, funcionária administrativa do Centro de Saúde de Lagos. E Filomena Sardinha, médica de Medicina Geral e Familiar da Clínica ’A Lacobrigense’, sogra do falecido. Seguiram, serenamente, com um jovem, um dos filhos do militar da GNR, no carro funerário que transportou a urna em direção ao Cemitério Novo de Lagos
No carro funerário, com a urna envolta da bandeira de Portugal e perante a guarda de honra de militares da GNR, seguiram, serenamente, duas senhoras e um jovem (filho), familiares do falecido. Pedro Nuno Marques Manata e Silva era casado com Vanessa Manata e Silva, funcionária administrativa do Centro de Saúde de Lagos. Filomena Sardinha, médica de Medicina Geral e Familiar da Clínica ’A Lacobrigense’, era sogra.
Presidente cessante da Assembleia Municipal de Lagos, Joaquina Matos, esteve junto da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, e o presidente da Câmara, Hugo Pereira, atrás de Marcelo Rebelo de Sousa
A acompanhar a urna até ao carro funerário esteve o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o semblante emocionado, como é natural. Ao sair da Igreja de Santa Maria, perto do Chefe de Estado podia ver-se, também, o presidente reeleito da Câmara Municipal de Lagos, socialista Hugo Henrique, e a presidente cessante da Assembleia Municipal de Lagos, Joaquina Matos, do mesmo partido, junto da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral.
Presentes nas cerimónias religiosas encontravam-se, igualmente, outros membros do governo, como o secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia (atual vice-presidente do CDS-PP), e o secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, Paulo Simões.
Ambiente calmo, com céu nublado e 24º de temperatura, à saída da urna levada por militares da GNR, do interior da Igreja de Santa Maria, na Praça do Infante Dom Henrique, para o carro funerário
Quando deixou o local, Marcelo Rebelo de Sousa não quis falar aos jornalistas, por ser um dia de luto. Num ambiente calmo, com céu nublado, embora o sol a surgir de vez em quando, a placa luminosa no exterior da Farmácia Telo, a poucos metros de distância da Igreja de Santa Maria, indicava de 24 graus centígrados de temperatura. Enquanto isso, os três carros funerários (dois com flores e o outro transportando a urna de Pedro Manata e Silva e três familiares) seguiram para o Cemitério Novo de Lagos, situado do outro lado da cidade.
Aqui, pelas 16h00, estavam mais de trezentas pessoas. Após se ter escutado «Dai-lhe Senhor, o eterno descanso», por parte de um dos sacerdotes presentes na celebração das exéquias, ouviram-se três salvas de tiros como forma de homenagem de militares da GNR, em formatura no exterior do cemitério. Tal sucedeu quando a urna desceu à terra. O coval foi reservado num dos espaços situados na zona da esquerda, logo à entrada do Cemitério Novo de Lagos.
Aplausos em frente à sepultura, no cemitério novo de Lagos, onde a esposa de Pedro Manata e Silva ficou com a bandeira de Portugal, que tinha coberto a urna

«Foste, és e serás sempre um dragão de alma» – Super Dragões Lagos, eis a mensagem escrita junto a flores
Uma das coroas de flores mais vistosas, azuis e amarelas, foi a da Polícia de Segurança Pública, representando o símbolo desta instituição
Quando eram 16h18m, o Presidente da República foi visto a sair do local, numa altura em que se assinalava o final das cerimónias fúnebres. E pelas 16h30, não faltaram aplausos junto à sepultura de Pedro Manata e Silva. A esposa ficou com a bandeira de Portugal, que tinha estado envolta na urna, enquanto muitas pessoas aproveitavam para expressar condolências a familiares e amigos do malogrado militar da GNR, e outras fotografavam as flores ali colocadas. Numa delas podia ler-se: «Foste, és e serás sempre um dragão de alma» – Super Dragões Lagos. Outra das coroas de flores mais vistosas, azuis e amarelas, foi a da Polícia de Segurança Pública, representando o símbolo da instituição.
Mantêm-se as investigações entre as autoridades portuguesas e espanholas para deter os ocupantes da lancha suspeita de narcotráfico e de outros eventuais implicados nesta tragédia que acabou por matar o militar da GNR
Pouco antes das 17h00, entre cumprimentos, abraços e despedidas, começou a sair do Cemitério Novo de Lagos a maioria das pessoas que acompanharam o funeral de Pedro Manata e Silva. Entre elas, via-se o antigo presidente da Câmara Municipal de Lagos, advogado Júlio Barroso, com a esposa.
Muitos militares da GNR mantiveram-se no local e só pouco depois começaram a seguir em direção a viaturas, após o último adeus ao colega falecido em serviço durante mais uma operação de combate ao tráfico de droga no Algarve.
Nesta altura continuam a decorrer investigações entre as autoridades portuguesas e do sul de Espanha para deter os ocupantes da lancha suspeita, proveniente do país vizinho. Esta, mais tarde, acabou por ser encontrada incendiada, depois de ter abalroado a embarcação em que seguiam os elementos da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras, provocando a morte de Pedro Manata e Silva, no local.
As investigações poderão conduzir, também, a outros eventuais implicados neste processo relacionado com tráfico de droga no Rio Guadiana, perto de Alcoutim, que acabou por vitimar o militar da GNR, natural da zona do Porto e residente há mais de vinte anos em Lagos, onde integrou inicialmente a Guarda Fiscal, tendo sido sempre considerado excelente profissional.
Fotos: Helena Figueiras, RTP










