“Existe esse risco” de mais assaltos e vandalismo na cidade de Lagos, “mas acreditamos que as forças de segurança conseguirão manter o controlo da situação até à implementação da videovigilância.”
Em entrevista exclusiva ao ‘site’ «Litoralgarve», Ângelo Mariano, coordenador da ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve, nesta zona do barlavento, reconhece problemas de insegurança em Lagos, acusa o Ministério da Administração Interna de atrasar o processo da videovigilância, pois “há mais de um ano que está para ser autorizado”, e apela à população para denunciar às forças policiais situações consideradas suspeitas.
Por outro lado, mostra-se satisfeito em relação à época turística e aponta perspectivas animadoras para 2026, com a aposta nos mercados nórdicos, canadiano e norte-americano, além da consolidação do português e do europeu, nomeadamente britânico, francês e espanhol. Quanto à mão-de-obra na hotelaria, restauração e no comércio, os portugueses estão em maioria, embora a falta de trabalhadores continue a ser notória.
José Manuel Oliveira
Litoralgarve – Como avalia o mês de Agosto em termos turísticos no concelho de Lagos? Foi melhor, idêntico ou superior ao ano passado, no número de visitantes e de receitas? Quais os turistas em maior quantidade?
Ângelo Mariano – O mês de Agosto foi bastante positivo. Sentiu-se uma ligeira melhoria face ao ano passado, tanto em número de visitantes, como em receitas. Lagos continua a ser um destino muito procurado por turistas portugueses, mas também por estrangeiros, sobretudo britânicos, franceses, alemães e espanhóis.
Em Agosto, “o setor da restauração foi dos mais procurados, com grande procura de pratos tradicionais da região e marisco”
“As principais queixas prendem-se com o trânsito intenso, dificuldades de estacionamento e, em alguns casos, com os preços praticados na restauração”
Litoralgarve – O que mais consumiram?
Ângelo Mariano – O setor da restauração foi dos mais procurados, com grande procura de pratos tradicionais da região e marisco. O alojamento local e a hotelaria também registaram elevada taxa de ocupação.
Litoralgarve – E de que se queixaram?
Ângelo Mariano – As principais queixas prendem-se com o trânsito intenso, dificuldades de estacionamento e, em alguns casos, com os preços praticados na restauração.
“A falta de trabalhadores continua a ser um desafio”
Litoralgarve – Tem havido falta de trabalhadores?
Ângelo Mariano – Sim, a falta de trabalhadores continua a ser um desafio. As áreas mais afetadas são a restauração, hotelaria e o comércio.
Lioralgarve – Porquê?
Ângelo Mariano – Esta situação resulta, em grande medida, da sazonalidade e da dificuldade em fixar mão- de-obra qualificada durante todo o ano.
Imigrantes, sobretudo, oriundos do Brasil, Nepal, da Índia e de países do leste europeu “representam cerca de 25% a 30% da força de trabalho” na hotelaria, restauração e no comércio em Lagos. Já os portugueses “estão acima dos 60 por cento”
Litoralgarve – Como tem sido resolvido esse problema?
Ângelo Mariano – Muitas empresas têm recorrido a imigrantes e a trabalhadores temporários, conseguindo assim colmatar algumas das lacunas.
Litoralgarve – O que representam os imigrantes, em termos percentuais, na hotelaria, restauração e no comércio em Lagos? De que nacionalidades são?
Ângelo Mariano – Atualmente, os imigrantes representam cerca de 25% a 30% da força de trabalho nestes sectores em Lagos. São, sobretudo, oriundos do Brasil, Nepal, Índia e países de Leste da Europa.
Litoralgarve – E os portugueses?
Ângelo Mariano – Os portugueses continuam, no entanto, a representar a maioria da mão-de-obra, acima dos 60 por cento.
O mês de “Setembro está a decorrer de forma muito positiva (…), com visitantes que procuram mais tranquilidade”
“Temos registado taxas de ocupação hoteleira na ordem dos 80 a 85%, o que é bastante satisfatório para esta altura do ano”
Litoralgarve – Como está a decorrer o mês de Setembro ao nível turístico?
Ângelo Mariano – Setembro está a decorrer de forma muito positiva, com uma boa taxa de ocupação e visitantes que procuram mais tranquilidade.
Litoralgarve – Qual o nível de taxa de ocupação?
Ângelo Mariano – Temos registado taxas de ocupação hoteleira na ordem dos 80 a 85%, o que é bastante satisfatório para esta altura do ano.
Litoralgarve – E quais são as perspectivas da ACRAL até final de 2025?
Ângelo Mariano – Até ao final do ano, acreditamos que os números continuarão em linha com a tendência de crescimento, apesar das incertezas económicas.
“Estamos a preparar uma campanha de dinamização natalícia com sorteio de cupões, para premiar quem faça compras no comércio local. A ideia é incentivar as famílias a comprarem em Lagos, em vez de procurarem grandes superfícies.”
Litoralgarve – Como pensa a ACRAL atrair compras durante a próxima época natalícia no comércio tradicional em Lagos? Haverá sorteio de cupões pelas compras efectuadas?
Ângelo Mariano – Sim. Estamos a preparar uma campanha de dinamização natalícia com sorteio de cupões, para premiar quem faça compras no comércio local. A ideia é incentivar as famílias a comprarem em Lagos, em vez de procurarem grandes superfícies.
“Acreditamos que o ‘reveillon’ em Lagos terá grande dinamismo. As iniciativas da autarquia, como os concertos e o fogo-de-artifício, atraem milhares de visitantes”
Litoralgarve – Vai haver concurso de montras?
Ângelo Mariano – Poderemos tentar articular com a Câmara Municipal de Lagos para voltarmos a ter esse concurso. Tivemos pouca aderência há dois anos.
Litoralgarve – Quais as perspectivas para a passagem de ano, tendo em vista dinamizar a economia?
Ângelo Mariano – Acreditamos que o ‘reveillon’ em Lagos terá grande dinamismo. As iniciativas da autarquia, como os concertos e o fogo-de-artifício, atraem milhares de visitantes e beneficiam diretamente a restauração, hotelaria e o comércio.
Quanto a 2026, “antevejo um ano muito positivo, desde que se continue a investir na promoção de Lagos”
Litoralgarve – Como antevê 2026?
Ângelo Mariano – Antevejo um ano muito positivo, desde que se continue a investir na promoção de Lagos, na qualificação dos serviços e na captação de novos mercados.
A aposta em mercados nórdicos, no canadiano e norte-americano, bem como a consolidação do português e europeu, nomeadamente britânico, francês e espanhol, para fortalecer o turismo nesta zona do Algarve
Litoralgarve – Que novos mercados?
Ângelo Mariano – Apostamos em mercados nórdicos, no canadiano e norte-americano, que já demonstram interesse crescente pela nossa região, além da consolidação do mercado português e europeu.
O recado para o próximo executivo municipal de Lagos, a eleger no dia 12 de Outubro de 2025
Litoralgarve – O que espera do próximo executivo municipal de Lagos na actividade turística e comercial no concelho?
Ângelo Mariano – Esperamos continuidade no apoio ao comércio local, na promoção turística e em medidas que reforcem a segurança, a mobilidade e a atratividade da cidade.
Litoralgarve – Quais os aspectos positivos e negativos do executivo, que agora cessa funções?
Ângelo Mariano – Destaco a proximidade aos empresários, o apoio ao comércio tradicional e o esforço feito na requalificação urbana. Naturalmente, existem sempre aspetos a melhorar, sobretudo no que toca à mobilidade e ao estacionamento.
Assaltos e vandalismo de madrugada em Lagos? “Estamos preocupados, mas confiamos nas forças de segurança”
São necessárias “campanhas dirigidas a empresários e cidadãos, promovendo boas práticas de segurança, incentivo à denúncia de situações suspeitas e à cooperação ativa com as autoridades”
Litoralgarve – Como reage a ACRAL às vagas de assaltos e casos de vandalismo durante madrugadas, em Lagos? De que forma é possível prevenir este tipo de situações?
Ângelo Mariano – Estamos preocupados, mas confiamos nas forças de segurança. A prevenção passa por reforçar o policiamento, instalar sistemas de videovigilância e apostar em campanhas de sensibilização.
Litoralgarve – Que tipo de sensibilização?
Ângelo Mariano – Campanhas dirigidas a empresários e cidadãos, promovendo boas práticas de segurança, incentivo à denúncia de situações suspeitas e à cooperação ativa com as autoridades.
Falta de policiamento? “Notamos, sobretudo, lacunas no centro histórico e nas zonas de maior vida noturna, entre a meia-noite e as primeiras horas da manhã”
Litoralgarve – As pessoas, em geral, e empresários, em particular, queixam-se de falta de policiamento. Reconhece insegurança em Lagos? O que está mal a esse nível e de quem é a culpa?
Ângelo Mariano – Existe a perceção de falta de policiamento, sobretudo em determinadas zonas e horários. Contudo, reconhecemos o esforço diário das forças policiais, que têm feito um trabalho notável. A questão prende-se mais com falta de meios humanos.
Litoralgarve – Quais as zonas e os horários em que nota falta de policiamento? E quantos agentes policiais seriam necessários para garantir a segurança na cidade?
Ângelo Mariano – Notamos, sobretudo, lacunas no centro histórico e nas zonas de maior vida noturna, entre a meia-noite e as primeiras horas da manhã. Seria desejável o reforço com mais 20 a 30 agentes, para garantir maior visibilidade e eficácia.
Para a instalação das camaras de videovigilância, “as zonas prioritárias são o centro histórico e áreas de maior concentração nocturna”. Contudo, “o processo tem sido moroso por questões legais e burocráticas. Há mais de um ano que está para ser autorizado no Ministério da Administração Interna”
Litoralgarve – Quando será possível instalar o sistema de videovigilância em Lagos e quais são as zonas que devem ser abrangidas? De quem é a responsabilidade pelo atraso?
Ângelo Mariano – Esperamos que a instalação avance em breve. As zonas prioritárias são o centro histórico e áreas de maior concentração nocturna. O processo tem sido moroso por questões legais e burocráticas. Há mais de um ano que está para ser autorizado no Ministério da administração Interna.
Litoralgarve – Que repercussões poderão ter essa situação? Há risco de mais assaltos e vandalismo?
Ângelo Mariano – Sim, existe esse risco, mas acreditamos que as forças de segurança conseguirão manter o controlo da situação até à implementação da videovigilância.
“Acreditamos que a videovigilância será implementada até 2026. Se tal não acontecer, corremos o risco de ver a insegurança aumentar, o que pode afetar a imagem turística da cidade” de Lagos
Litoralgarve – A videovigilância poderá ser uma realidade em 2026? Se tal não acontecer, o que poderá suceder? A segurança depende da videovigilância?
Ângelo Mariano – Tudo vai depender da resposta do Ministério da Administração Interna, mas acreditamos que a videovigilância será implementada até 2026. Se tal não acontecer, corremos o risco de ver a insegurança aumentar, o que pode afetar a imagem turística da cidade. A segurança não depende apenas da videovigilância, mas este é um complemento essencial ao trabalho policial.
Guardas-nocturnos? “Seria importante reforçar a vigilância noturna em zonas comerciais e de maior movimento”
Litoralgarve – Faltam guardas-nocturnos em Lagos?
Ângelo Mariano – Seria importante reforçar a vigilância noturna em zonas comerciais e de maior movimento.
“A presença permanente do Corpo de Intervenção da PSP traria maior segurança e confiança à população e aos empresários”
Litoralgarve – É necessária a presença de agentes do Corpo de Intervenção da PSP durante todo o ano?
Ângelo Mariano – Quanto ao Corpo de Intervenção da PSP, a sua presença permanente traria maior segurança e confiança à população e aos empresários.
Polícia Municipal de Lagos? “Reconhecemos que existem limitações, sobretudo em termos de competências legais e de recursos. No entanto, a Polícia Municipal tem sido um apoio importante, principalmente no ordenamento do trânsito e na fiscalização”
Litoralgarve – Como avalia a ação da Polícia Municipal, da GNR e da Polícia Marítima?
Ângelo Mariano – A ação tem sido muito positiva. Reconhecemos e agradecemos o esforço e dedicação destas forças, assim como da Câmara Municipal de Lagos, pelo excelente trabalho realizado em prol da segurança e do bem-estar de todos.
Litoralgarve – Mas muitos populares queixam-se da falta de eficácia por parte da Polícia Municipal…
Ângelo Mariano – Reconhecemos que existem limitações, sobretudo em termos de competências legais e de recursos. No entanto, a Polícia Municipal tem sido um apoio importante, sobretudo no ordenamento do trânsito e na fiscalização.
Autarquias de Vila do Bispo e Aljezur “têm investido no apoio logístico, na cedência de instalações, no reforço de meios e em campanhas conjuntas de sensibilização” com as forças de segurança. “Esta cooperação tem sido fundamental para garantir a segurança e a tranquilidade da população.”
Nesta entrevista ao ‘Litoralgarve’, Ângelo Mariano fez questão de destacar, também, “o empenho demonstrado pelas autarquias de Vila do Bispo e Aljezur, que têm trabalhado em estreita colaboração com as forças de segurança, garantindo um ambiente seguro e de confiança para residentes, empresários e turistas”. “O contributo destas autarquias é fundamental para reforçar a coesão e a imagem positiva de toda esta zona do barlavento algarvio”, sublinhou o coordenador da ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve.
E de que forma as autarquias de Vila do Bispo e Aljezur têm colaborado com as forças de segurança nestes concelhos? – questionámos
Ângelo Mariano respondeu: “Têm investido no apoio logístico, na cedência de instalações, no reforço de meios e em campanhas conjuntas de sensibilização. Esta cooperação tem sido fundamental para garantir a segurança e a tranquilidade da população.”
“A ACRAL tem vindo a afirmar-se como um parceiro estratégico dos municípios que integram as Terras do Infante – Lagos, Vila do Bispo e Aljezur. O seu trabalho de proximidade com empresários, comerciantes e entidades públicas traduz-se num esforço contínuo de valorização do comércio tradicional, do turismo e dos serviços.”
Por outro lado, destacou a valorização da ACRAL junto dos Municípios das Terras do Infante, dizendo: “A ACRAL tem vindo a afirmar-se como um parceiro estratégico dos municípios que integram as Terras do Infante – Lagos, Vila do Bispo e Aljezur. O seu trabalho de proximidade com empresários, comerciantes e entidades públicas traduz-se num esforço contínuo de valorização do comércio tradicional, do turismo e dos serviços locais.”
E acrescentou: “Nos últimos anos, tem sido possível reforçar a ligação entre a ACRAL e as autarquias, criando sinergias que permitem enfrentar desafios comuns, desde a dinamização do comércio local à promoção da sustentabilidade, passando pela segurança, inovação e pela atração de investimento. O reconhecimento e apoio por parte destes municípios são essenciais para dar continuidade ao trabalho da associação, que procura não apenas representar os interesses dos seus associados, mas também contribuir para o desenvolvimento económico e social de todo o território do barlavento algarvio.”
Deste modo, “a ACRAL reafirma o seu compromisso em colaborar estreitamente com as Câmaras Municipais de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur, reforçando a identidade da região das Terras do Infante como destino de excelência, seguro, atrativo e competitivo”, reforçou Ângelo Mariano.
“Temos promovido iniciativas conjuntas, como feiras, eventos culturais e campanhas de dinamização do comércio. Além disso, futuramente, queremos participar em reuniões regulares com as autarquias, levando as preocupações dos empresários e procurando soluções conjuntas para os desafios locais”
Concretamente, o que feito a ACRAL a esse nível?
“Temos promovido iniciativas conjuntas, como feiras, eventos culturais e campanhas de dinamização do comércio. Além disso, futuramente, queremos participar em reuniões regulares com as autarquias, levando as preocupações dos empresários e procurando soluções conjuntas para os desafios locais”, explicou aquele dirigente.
“Acreditamos que esta união de esforços é o caminho certo para assegurar o futuro do comércio, da restauração e da hotelaria, garantindo não apenas crescimento económico, mas também sustentabilidade, segurança e coesão social em toda a região do barlavento algarvio”
A concluir a entrevista concedida ao nosso Jornal, Ângelo Mariano referiu que “A ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve reconhece o trabalho desenvolvido pelas autarquias de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur, bem como pelas respetivas forças de segurança, na criação de um ambiente de confiança, segurança e dinamização económica.”
“O empenho demonstrado na cooperação entre municípios, empresários e autoridades tem sido essencial para o fortalecimento do comércio tradicional, para a valorização do turismo e para a promoção da qualidade de vida das populações locais e visitantes. Acreditamos que esta união de esforços é o caminho certo para assegurar o futuro do comércio, da restauração e da hotelaria, garantindo não apenas crescimento económico, mas também sustentabilidade, segurança e coesão social em toda a região do barlavento algarvio”, insistiu Ângelo Mariano.
Está em estudo apostar no Festival do polvo, em Lagos, e do sargo, em Vila do Bispo e Aljezur, entre outros eventos
Litoralgarve – Há anos, o senhor quis promover, em Lagos, no mês de Janeiro, a Semana do Polvo, com esta especialidade gastronómica a ser confeccionada em restaurantes, cujos proprietários entendessem aderir a essa iniciativa durante este período da denominada época baixa do turismo. Mantém essa ideia? E em Vila do Bispo e Aljezur, por exemplo, o Festival do Sargo poderia ser uma aposta?
Ângelo Mariano – Estamos em estudo para esses eventos futuros. Temos de analisar o impacto económico e se é viável.










