A tripulação do ‘Vagabundo do Mar’, de Lagos, era constituída pelo proprietário e dois filhos, tendo falecido o mais novo, de 23 anos, que acabou por ficar retido na cabina da embarcação, e mais três elementos, num total de seis pescadores. Cinco deles acabaram por se salvar no barco de apoio. Autoridade Marítima procede a investigações para apurar as causas do naufrágio.
“Foi tudo muito rápido, tinha sido uma boa faina e já estávamos a regressar a terra quando o barco se virou e aconteceu esta tragédia”, afirmou um dos pescadores, ainda combalido, a populares na praia da Salema, no concelho de Vila do Bispo, quando tentavam ajudar os tripulantes da embarcação de Lagos ‘Vagabundo do Mar’, que naufragou pouco depois das 03.00 horas da madrugada desta quinta-feira, 29 de Setembro de 2022, a cerca de três quilómetros de distância do areal, segundo as autoridades marítimas.
Na sequência deste acidente, morreu um pescador de 23 anos, que se encontrava na cabina da embarcação, enquanto os restantes cinco elementos conseguiram chegar à praia, através do seu barco de apoio. A tripulação do ‘Vagabundo do Mar’ era constituída pelo proprietário e dois filhos, tendo falecido o mais novo, e mais três elementos, num total de seis pescadores, com idades entre 20 e 50 anos.
Dez recipientes, cada um com cerca de 200 kgs. de sardinha, e “um problema no alador” da embarcação, que puxa as redes
De acordo com informações recolhidas pelo ‘Litoralgarve’, na praia da Salema, a bordo da embarcação naufragada estariam “dez dornas (recipientes) cheias de sardinha, tendo cada uma capacidade para levar 200 kgs de peixe, pelo que haveria cerca de duas toneladas”.
Um dos populares contou ao nosso Jornal, que um pescador admitiu ter-se tratado de “um problema no alador” da embarcação, “uma peça enorme e pesada que puxa as redes”. “Foram todos a correr para um lado do barco para ver o que se passava, os recipientes com o peixe também foram para o mesmo lado e o barco acabou por se virar. Foi muito rápido, disse-me esse pescador, ainda incrédulo”, descreveu aquele popular, que pediu o anonimato.

“O mar até parecia uma piscina, estava calmo, mar chão, sem vento” e os pescadores, que salvaram, “estavam mais preocupados com o outro que faltava e que acabou por morrer”
“Eles estavam mais preocupados com o outro que faltava e que acabou por morrer”, lembrou um habitante na praia da Salema, acrescentando que “o mar até parecia uma piscina, ou seja, estava calmo, mar chão, sem vento”.
O pescador, que ficou retido na cabina da embarcação e que faleceu, foi resgatado por mergulhadores dos Bombeiros Voluntários de Lagos, que já o encontraram em paragem cardio-respiratória. Apesar das tentativas de reanimação, o óbito acabou por ser declarado já no areal da praia da Salema, cerca das 06h00, como apurámos. Depois de ter sido comunicado ao procurador do Ministério Público de Lagos, o corpo foi transportado para o Gabinete do Instituto de Medicina Legal no Hospital do Barlavento, em Portimão, onde será autopsiado, enquanto a Autoridade Marítima procede a investigações para determinar as causas do acidente.
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Fernando Santana, considera “um azar que acontece aos melhores pescadores
“Isto foi um azar e acontece aos melhores pescadores, em que o barco de voltou”, lamentou, em declarações, ao ’Litoralgarve, o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Fernando Santana, lembrando que a embarcação ‘Vagabundo do Mar” “às vezes vinha à lota de Sagres para vender peixe”. Após a faina da madrugada de quinta-feira, “ao que parece iria para Lagos”.
Há 36 anos também faleceu um pescador na praia da Salema, dessa vez num naufrágio após a rebentação de uma onda a cerca de trinta metros do areal
Este naufrágio com uma vítima mortal ocorreu 36 anos depois de um outro também junto à praia da Salema, em que morreu um pescador, segundo nos afirmaram. “Nessa altura, aconteceu a cerca de trinta metros do areal numa rebentação na água e com vento”, recordou um popular ao ‘Litoralgarve”. “Agora, o mar estava chão, ou seja, calmo e não havia vento”, concluiu, ainda estupefacto com o sucedido.
José Manuel Oliveira
Paulo Silva
Foto de Luís Silva, da SIC










