“Esta nova Câmara Municipal vai ter de ter a coragem de implementar medidas drásticas e das quais nem todos gostam, principalmente os que costumam untar as mãos dos políticos”
“É essencial arranjar forma de dar casas às pessoas. Podem ser casas construídas a custos controlados para venda ou arrendamentos com valores adaptados aos recursos dos lacobrigenses, casas recuperadas do património municipal e do Estado para disponibilizar aos cidadãos, casas autocontruidas pelos cidadãos com o apoio dos serviços técnicos camarários, casas construídas por cooperativas, casas já construídas, mas ilegais, desde que autónomas e devidamente adaptadas às regras básicas de segurança… CASAS!”
“Trabalharei para criar um ‘Balcão da Habitação’ municipal e uma Carta Municipal da Habitação, garantir 10% de habitação pública até 2035, identificar terrenos para habitação acessível, facilitar cooperativas de habitação, apoiar autoconstrução, simplificar licenciamento e implementar o Programa Casa, Conforto e Clima, com especial incidência nas adaptações anti-sismicas, como forma de melhorar o parque habitacional e as emissões de gases de efeito de estufa.”

“Promoverei a autonomia energética em edifícios públicos e privados, com incentivos financeiros e formação gratuita, além da rápida implementação do Plano de Requalificação do Paul de Lagos e a requalificação das zonas ribeirinhas e planícies de inundação da Ribeira de Bensafrim, bem como a classificação das Arribas da Ponta da Piedade e dos registos geológicos e fossilíferos especiais da Praia da Luz.”
Residente no concelho de Aljezur e professora na Universidade Sénior de Lagos, entre outras funções a nível profissional, Maria João Sacadura, de 61 anos, explica, em entrevista concedida por escrito ao «Litoralgarve», o motivo que a levou a trocar o PAN, no qual era dirigente, pelo LIVRE nesta candidatura à presidência da edilidade lacobrigense, no dia 12 de Outubro. “Cheguei à conclusão de que o LIVRE tem um programa eleitoral que, enquanto cientista, percebi ter sido feito essencialmente por especialistas”, enaltece. E aproveita para deixar um recado ao seu anterior partido: “Políticas determinadas por achismos e sem a assessoria dos especialistas, baseadas apenas no que interessa aos decisores para as suas vidas pessoais, não me interessam e são, na minha opinião, apenas demagogia.”
A habitação é a principal prioridade da candidata do LIVRE, que garante lutar contra a “especulação imobiliária” em Lagos. Além disso, aposta em promover a gestão no abastecimento da água e aumentar a rede de transportes públicos, incluindo alargamento de horários, nomeadamente nas freguesias rurais. “Quero, também, retirar a estação de autocarros do centro da cidade, onde nunca deveria ter começado por estar, e ligar comboios, autocarros, ciclovias e zonas pedonais, levando os residentes às estações em vez das estações aos residentes”, afirma Maria João Sacadura.
Por outro lado, recorda queixas que tem ouvido da população, com destaque para problemas da recolha de lixo, lança avisos aos outros candidatos nesta corrida eleitoral e antecipa um “cenário de maior complexidade” nos próximos quatro anos, em Lagos, se não houver maioria absoluta. E, desde já, manifesta a disponibilidade do LIVRE para “trabalhar com todas as forças democráticas”, se chegar ao arco do poder neste concelho do barlavento algarvio.
Paulo Silva
José Manuel Oliveira
Litoralgarve – Há quatro anos, a senhora foi candidata do PAN à presidência da Câmara Municipal de Lagos e agora concorre ao mesmo cargo pelo Partido Livre. Como surge esta situação? O que a fez trocar de partido?
Maria João Sacadura – Em primeiro lugar, devo dizer que não estou aqui para dizer mal do PAN, e por isso é difícil responder a esta pergunta. Acho que bastará dizer que até certa altura me revi nos ideais, políticas e estratégias do PAN, mas a dado momento percebi que o PAN em que eu me tinha filiado já não existia. Em consequência disso, saí. Quanto à entrada no LIVRE, li diversos Programas Eleitorais, por alturas das últimas Europeias, e cheguei à conclusão de que o LIVRE tem um programa eleitoral que, enquanto cientista, percebi ter sido feito essencialmente por especialistas. Ora isso, para mim é essencial na política. Políticas determinadas por achismos e sem a assessoria dos especialistas, baseadas apenas no que interessa aos decisores para as suas vidas pessoais, não me interessam e são, na minha opinião, apenas demagogia.
“Os lacobrigenses precisam de casa. E tem de ser habitação condigna. Até pode ser em contentores, desde que devidamente adaptados para condições condignas. O Município não pode continuar como está! Até porque irá acabar por implodir se não houver mudanças radicais. Que Município pode sobreviver sem médicos, enfermeiros, professores, polícias, bombeiros, funcionários públicos em geral, técnicos superiores? Mas como podem estas pessoas querer vir viver para cá quando sabem que vão pagar 3 ou 4 vezes mais pelo alojamento, e pelo custo de vida, em geral, que na quase totalidade do resto do pais?”
Litoralgarve – Qual será a primeira medida que pensa tomar se for, agora, eleita presidente da Câmara Municipal de Lagos? E porquê?
Maria João Sacadura – Lagos tem demasiados problemas e demasiadamente graves, para poderser resumido a uma medida. No entanto, vou tentar focar-me no que meparece mais urgente, que é a crise habitacional, aliás, um verdadeiroestado de emergência habitacional. Esta nova Câmara Municipal vai terde ter a coragem de implementar medidas drásticas e das quais nemtodos gostam, principalmente os que costumam untar as mãos dospolíticos. É essencial arranjar forma de dar casas às pessoas. Podem sercasas construídas a custos controlados para venda ou arrendamentoscom valores adaptados aos recursos dos lacobrigenses, casasrecuperadas do património municipal e do Estado para disponibilizar aoscidadãos, casas autocontruidas pelos cidadãos com o apoio dos serviçostécnicos camarários, casas construídas por cooperativas, casas jáconstruídas, mas ilegais, desde que autónomas e devidamente adaptadasàs regras básicas de segurança… CASAS! Os lacobrigenses precisam decasa. E tem de ser habitação condigna. Até pode ser em contentores,desde que devidamente adaptados para condições condignas. OMunicípio não pode continuar como está! Até porque irá acabar porimplodir se não houver mudanças radicais.
Que Município podesobreviver sem médicos, enfermeiros, professores, polícias, bombeiros,funcionários públicos em geral, técnicos superiores? Mas como podemestas pessoas querer vir viver para cá quando sabem que vão pagar 3 ou4 vezes mais pelo alojamento e pelo custo de vida, em geral, que naquase totalidade do resto do pais?
De acordo com o INE [Instituto Nacional de Estatística], o Algarve é aregião do país com salários médios mais baixos, mas também aquela emque quanto maior o nível de habilitações, literárias ou profissionais,menores os ordenados. Porquê? Porque a maioria dos postos detrabalho disponíveis é para trabalhadores indiferenciados (turismo,agricultura, pescas), mas estes também não conseguem viver nesta terrapara gente rica, onde, além dos elevados preços, têm de enfrentar otrabalho sazonal. É preciso diversificar a economia portanto, digo eu edizem todos os outros candidatos. Mas mais uma vez, voltamos aomesmo. Sem casa, nada feito! Os lacobrigenses precisam de CASAS!
“Se for eleita, darei prioridade à resolução de três grandes problemas do nosso município: habitação, água e transportes públicos. A especulação imobiliária, impulsionada pela grande disparidade de rendimentos entre estrangeiros endinheirados e todos os outros residentes, e pela expansão descontrolada de alojamentos turísticos, tornou difícil arranjar casa a preços acessíveis.”
“Quero que seja feita a ampliação da rede de transportes públicos, principalmente nas zonas rurais, incluindo mais horários, e também melhorias na ferrovia em parceria com a CP. Quero, também, retirar a estação de autocarros do centro da cidade, onde nunca deveria ter começado por estar, e ligar comboios, autocarros, ciclovias e zonas pedonais”
Litoralgarve – Nos próximos quatro anos de mandato, quais serão as suas principais prioridades? O que garante à população do concelho de Lagos que irá concretizar?
Maria João Sacadura – Se for eleita, darei prioridade à resolução de três grandes problemas do nosso município: habitação, água e transportes públicos. A especulação imobiliária, impulsionada pela grande disparidade de rendimentos entre estrangeiros endinheirados e todos os outros residentes, e pela expansão descontrolada de alojamentos turísticos, tornou difícil arranjar casa a preços acessíveis. Trabalharei para criar um ‘Balcão da Habitação’ municipal e uma Carta Municipal da Habitação, garantir 10% de habitação pública até 2035, identificar terrenos para habitação acessível, facilitar cooperativas de habitação, apoiar autoconstrução, simplificar licenciamento e implementar o Programa Casa, Conforto e Clima, com especial incidência nas adaptações anti-sismicas, como forma de melhorar o parque habitacional e as emissões de gases de efeito de estufa. Também combaterei a especulação com uma taxa turística adequada e restrições a novos alojamentos turísticos. E darei início à legalização de casas ilegais, comprovadamente primeira e única habitação, assegurando que as mesmas são autónomas, seguras e ecológicas.
Quanto à escassez de água, quero pressionar para que as perdas no sistema de abastecimento sejam eliminadas rapidamente, incentivarei a recolha de água da chuva e reutilização de águas residuais, na agricultura e floresta regenerativas, bem como atividades alternativas aos campos de golfe. Promoverei a autonomia energética em edifícios públicos e privados, com incentivos financeiros e formação gratuita, além da rápida implementação do Plano de Requalificação do Paul de Lagos e a requalificação das zonas ribeirinhas e planícies de inundação da Ribeira de Bensafrim, bem como a classificação das Arribas da Ponta da Piedade e dos registos geológicos e fossilíferos especiais da Praia da Luz.
No que se refere aos transportes, quero que seja feita a ampliação da rede de transportes públicos, principalmente nas zonas rurais, incluindo mais horários, e também melhorias na ferrovia em parceria com a CP. Quero, também, retirar a estação de autocarros do centro da cidade, onde nunca deveria ter começado por estar, e ligar comboios, autocarros, ciclovias e zonas pedonais, levando os residentes às estações em vez das estações aos residentes.
Outro passo importante será restringir veículos de não residentes, ou trabalhadores locais, no centro histórico e oferecer estacionamento gratuito a residentes e trabalhadores. Estas ações visam promover justiça social, diversificação económica, participação cidadã, sustentabilidade e melhorar a qualidade de vida no nosso município.
“Lagos é, estranhamente, uma cidade sem jardins, e os que tem, não passam de relvados. Nas conversas que tenho tido com as pessoas nas ruas e em encontros com entidades oficiais, noto também uma grande inquietação relacionada com a segurança pública, nomeadamente a vaga de assaltos e a influência do tráfico de droga na vida quotidiana. Alguns residentes sentem-se inseguros, sobretudo à noite, e preocupam-se ainda com a falta de respostas eficazes por parte das autoridades para combater esta realidade.”

“O lixo não é devidamente recolhido, espalha-se, vai inclusivamente parar ao mar, os ecopontos e caixotes de lixo indiferenciado não são suficientes. Também os pontos verdes, além de poucos, estão na sua maioria muito mal cuidados, a menos que estejam nas zonas mais turísticas.”
“As rotundas menos centrais parecem baldios e os restaurantes e lojas atulham os caixotes de lixo existentes, não deixando espaço para o lixo residencial. É urgente fazer recolha porta a porta nas zonas residenciais de baixa e média densidade, duplicar ou mesmo triplicar a recolha durante a época alta, e obrigar os estabelecimentos comerciais a cumprir as regras de separação do lixo e relativamente aos locais onde devem descartar os seus resíduos.”
Litoralgarve – O que lhe dizem os populares, nas ruas e noutros locais públicos, e os representantes de entidades oficiais, nos contactos que tem estabelecido? Que preocupações manifestam?
Maria João Sacadura – A principal preocupação que me chega aos ouvidos é, claramente, o problema da habitação, já falado atrás. Outra preocupação comum é a falta de limpeza e organização nas ruas. O lixo não é devidamente recolhido, espalha-se, vai inclusivamente parar ao mar, os ecopontos e caixotes de lixo indiferenciado não são suficientes. Também os pontos verdes, além de poucos, estão na sua maioria muito mal cuidados, a menos que estejam nas zonas mais turísticas. As rotundas menos centrais parecem baldios e os restaurantes e lojas atulham os caixotes de lixo existentes, não deixando espaço para o lixo residencial. É urgente fazer recolha porta a porta nas zonas residenciais de baixa e média densidade, duplicar ou mesmo triplicar a recolha durante a época alta, e obrigar os estabelecimentos comerciais a cumprir as regras de separação do lixo e relativamente aos locais onde devem descartar os seus resíduos. É preciso cuidar do município como um todo e não apenas nos pontos turísticos, cuidar das rotundas e zonas verdes adequadamente e aumentar os pontos verdes com sombra, ou seja, com arvoredo.
E prossegue:
– Lagos é, estranhamente, uma cidade sem jardins, e os que tem, não passam de relvados. Nas conversas que tenho tido com as pessoas nas ruas e em encontros com entidades oficiais, noto, também, uma grande inquietação relacionada com a segurança pública, nomeadamente a vaga de assaltos e a influência do tráfico de droga na vida quotidiana. Alguns residentes sentem-se inseguros, sobretudo à noite, e preocupam-se ainda com a falta de respostas eficazes por parte das autoridades para combater esta realidade.
Além disso, há uma preocupação crescente com a degradação social, o risco de violência nas comunidades e a fragilidade na intervenção social junto dos jovens, que estão vulneráveis a este tipo de criminalidade.
Muitas famílias também manifestam dificuldades no acesso a serviços públicos de qualidade, habitação acessível e oportunidades de emprego, o que revela a necessidade de políticas de justiça social mais contundentes, integradas com uma forte componente de prevenção e de inclusão social. Em geral, há um apelo por uma maior atenção às reais necessidades das comunidades, sobretudo as que vivem em maior vulnerabilidade, para construir um município mais seguro, justo e desenvolvido de forma sustentável.
“É essencial promover a desarticulação das redes de tráfico, com operações de investigação e repressão contundentes, e implementar programas de recuperação e reinserção dos dependentes de drogas, prevendo que a recuperação social seja uma prioridade.”
“É urgente dar aos jovens metas e objetivos de vida. Quando um jovem acha que não vale a pena fazer o esfoço de estudar porque não vai arranjar emprego e o mais certo é acabar licenciado a trabalhar numa caixa de supermercado, algo está muito mal. Quando os jovens acham que traficar droga é o caminho mais fácil para uma vida melhor, algo está muito mal. Quando os jovens não têm interesses, nem objetivos, algo está muito mal.”
Litoralgarve – A vaga de assaltos, associada ao tráfico e consumo de droga, é um dos principais problemas de Lagos, onde se receia o agravamento da situação. Como é possível combater esses problemas?
Maria João Sacadura – Para combater eficazmente esses problemas, é fundamental uma abordagem integrada que vá além do mero reforço policial. É necessário fortalecer a presença das forças de segurança, mas também promover ações de prevenção social, apoiando programas de inserção laboral, formação profissional e atividades de ocupação dos jovens, de modo a oferecer alternativas ao envolvimento com o tráfico e a criminalidade. É importante criar parcerias entre a Polícia, os Serviços Sociais, as instituições educativas e a comunidade para atuar na origem das causas do problema. A intervenção social deve ser reforçada através do apoio psicológico e de ações de inclusão, especialmente junto de populações vulneráveis. Além disso, é essencial promover a desarticulação das redes de tráfico, com operações de investigação e repressão contundentes, e implementar programas de recuperação e reinserção dos dependentes de drogas, prevendo que a recuperação social seja uma prioridade.
A mudança cultural e a educação para a cidadania também desempenham papel crucial na alteração de mentalidades e na prevenção do envolvimento com substâncias ilícitas. Finalmente, é urgente dar aos jovens metas e objetivos de vida. Quando um jovem acha que não vale a pena fazer o esfoço de estudar porque não vai arranjar emprego e o mais certo é acabar licenciado a trabalhar numa caixa de supermercado, algo está muito mal. Quando os jovens acham que traficar droga é o caminho mais fácil para uma vida melhor, algo está muito mal. Quando os jovens não têm interesses, nem objetivos, algo está muito mal.
“A imigração deve ser encarada como uma oportunidade de enriquecimento cultural, social e económico para Lagos. O concelho possui condições naturais, culturais e humanas que atraem imigrantes. E estes podem desempenhar um papel importante na resolução das lacunas de mão-de-obra, especialmente nos setores do turismo, da construção civil, agricultura e restauração.”
“Os imigrantes não são eletrodomésticos que se desligam quando não são precisos, e não quererão continuar a cá trabalhar e contribuir largamente para o excedente na Segurança Social que hoje verificamos, se não tiverem os mesmos direitos que têm todos os outros contribuintes.”
Litoralgarve – E o que pensa da imigração em Lagos? O concelho necessita de mais imigrantes para resolver o problema da falta de mão-de-obra de que muitos empresários se queixam?
Maria João Sacadura – Acreditamos que a imigração deve ser encarada como uma oportunidadede enriquecimento cultural, social e económico para Lagos. O concelhopossui condições naturais, culturais e humanas que atraem imigrantes. Eestes podem desempenhar um papel importante na resolução das lacunasde mão-de-obra, especialmente nos setores do turismo, da construção civil,agricultura e restauração. No entanto, é fundamental que a chegadadestes trabalhadores seja acompanhada de uma política de integração quegaranta direitos laborais, acesso a habitação digna, educação, saúde eparticipação cívica. É importante criar condições que fomentem a inclusãosocial, promovendo a valorização da diversidade e combatendo qualquerforma de discriminação. Com isto, os nossos imigrantes acabam porganhar um sentimento de pertença ao país, que os leva a querer contribuirpara a sua melhoria. Como disse Rui Tavares [co-porta-voz do LIVRE], no passado dia 30, osimigrantes não são eletrodomésticos que se desligam quando não sãoprecisos, e não quererão continuar a cá trabalhar e contribuir largamentepara o excedente na Segurança Social que hoje verificamos, se nãotiverem os mesmos direitos que têm todos os outros contribuintes.
Assim,o crescimento do número de imigrantes não deve ser uma simples soluçãopara a falta de mão-de-obra, mas sim uma oportunidade para criar umacomunidade mais plural, solidária e sustentada na justiça social. Também énecessário que o município desenvolva uma estratégia de acolhimentoeficiente, coordenada com entidades nacionais e europeias, para garantirque a imigração seja positiva para todos.
Aspectos positivos deste mandato camarário, presidido por Hugo Pereira – “Podemos apontar melhorias em determinadas infraestruturas urbanas, como a renovação de espaços públicos, a melhoria dos acessos e a reorganização de algumas áreas do município, com foco na atratividade turística e na segurança. Há, ainda, uma maior aposta na cultura e na promoção de eventos que dinamizaram o calendário cultural de Lagos, trazendo mais vida e movimento à cidade.”

Como aspectos negativos, “sentimos que o crescimento económico gerado não chega a todas as comunidades, e que a exclusão social e a precariedade ainda são problemas muito relevantes. Além disso, há uma percepção de que muitas decisões são tomadas de forma centralizada, com pouca participação cidadã, o que limita a transparência e o envolvimento direto da população nas questões que lhe dizem respeito.”
Litoralgarve – Como avalia este mandato camarário, presidido pelo socialista Hugo Pereira? Quais os aspectos positivos e negativos que destaca?
Maria João Sacadura – Este mandato, liderado por Hugo Pereira, apresenta uma série de aspectospositivos que merecem reconhecimento, mas também desafios em áreasonde é preciso evoluir de forma mais consistente. Desde logo, podemosapontar melhorias em determinadas infraestruturas urbanas, como arenovação de espaços públicos, a melhoria dos acessos e a reorganizaçãode algumas áreas do município, com foco na atratividade turística e nasegurança. Há, ainda, uma maior aposta na cultura e na promoção deeventos que dinamizaram o calendário cultural de Lagos, trazendo mais vida e movimento à cidade.
No entanto, do lado negativo, há várias questões que continuam por resolver ou que poderiam ter sido abordadas com maior eficácia. Uma das principais críticas prende-se com a falta de políticas mais sólidas de justiça social e de combate às desigualdades. Sentimos que o crescimento económico gerado não chega a todas as comunidades, e que a exclusão social e a precariedade ainda são problemas muito relevantes. Além disso, há uma perceção de que muitas decisões são tomadas de forma centralizada, com pouca participação cidadã, o que limita a transparência e o envolvimento direto da população nas questões que lhe dizem respeito.
Outro aspeto negativo refere-se à questão ambiental. Apesar de algumas ações isoladas, a verdadeira transição para uma cidade mais sustentável, com maior proteção dos recursos naturais e energia limpa, ainda não foi implementada de forma efetiva. A gestão de resíduos, a preservação e ampliação dos espaços verdes e a adoção de práticas de desenvolvimento sustentável são áreas que requerem maior atenção.
Por fim, também destacamos a necessidade de uma maior aposta na inovação social, na participação comunitária e no envolvimento dos jovens na vida pública. Para que Lagos seja um município mais justo, inclusivo e sustentável, é fundamental que o futuro mandato seja mais aberto à participação cidadã, com projetos que priorizem a qualidade de vida de toda a população e que envolvam os diversos setores da sociedade na construção de um projeto coletivo.
Litoralgarve – Sente o presidente Hugo Pereira mesmo motivado para o cargo que desempenha e a que se recandidata?
Maria João Sacadura – Como filiada no LIVRE, não posso fazer afirmações com certeza pessoal sobre os sentimentos internos do presidente Hugo Pereira. No entanto, numa perspetiva crítica e participativa, é importante questionar se a motivação de um líder refletida nas suas ações, nas políticas implementadas e na sua comunicação pública está alinhada com um verdadeiro compromisso de serviço público e com as necessidades da comunidade.
A motivação de um presidente deve ser pautada pelo empenho em promover um desenvolvimento sustentável, inclusivo e participativo, colocando os interesses da cidade e dos seus cidadãos acima de interesses pessoais ou de manifestações pouco claras de envolvimento e dedicação diários ao cargo. Se há uma perceção de que o presidente está genuinamente motivado — com uma visão clara para o futuro do município, disposto a ouvir a comunidade, a enfrentar desafios e a liderar com transparência — é algo que só a própria pessoa poderia afirmar com convicção. No entanto, na nossa perspetiva, o mais importante é que essa motivação se traduza em ações concretas, políticas ambiciosas e uma maior participação cidadã, para que Lagos continue a evoluir de forma justa, sustentável e inclusiva.
“Enquanto Gilberto Viegas [AD] aposta na estabilidade e gestão tradicional, pode faltar-lhe uma visão inovadora e inclusiva. Paulo Rosário Dias [Chega] traz a preocupação com a segurança e a ordem, mas precisa de equilibrar essas políticas com a inclusão social e a proteção dos direitos humanos.”
“Alexandre Nunes [CDU] apresenta uma visão progressista, com forte foco na justiça social e na sustentabilidade, embora possa enfrentar desafios de implementação e recursos. Luís Barroso [Lagos Com Futuro] prioriza o crescimento económico e o desenvolvimento do turismo, mas deve garantir que este seja sustentável e beneficie toda a comunidade, não apenas interesses económicos de curto prazo.”
Litoralgarve – Como vê os outros candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lagos: Gilberto Viegas (AD), Paulo Rosário Dias (Chega), Alexandre Nunes (CDU) e Luís Barroso (Lagos Com Futuro)?
Maria João Sacadura – Como filiada no LIVRE, considero fundamental analisar as propostas epontos de vista de todos os candidatos de forma crítica e responsável,promovendo sempre o debate democrático e a reflexão coletiva.Cada candidato traz propostas com pontos fortes e limites que merecemuma análise aprofundada. É essencial que a escolha seja feita, considerando o equilíbrio entre crescimento económico, justiça social,sustentabilidade ambiental e participação democrática.
Enquanto Gilberto Viegas aposta na estabilidade e gestão tradicional, pode faltar-lhe uma visão inovadora e inclusiva. Paulo Rosário Dias traz a preocupação com a segurança e a ordem, mas precisa de equilibrar essas políticas com a inclusão social e a proteção dos direitos humanos. Alexandre Nunes apresenta uma visão progressista, com forte foco na justiça social e na sustentabilidade, embora possa enfrentar desafios de implementação e recursos. Luís Barroso prioriza o crescimento económico e o desenvolvimento do turismo, mas deve garantir que este seja sustentável e beneficie toda a comunidade, não apenas interesses económicos de curto prazo.
Portanto, uma eleição consciente deve ponderar não só as promessas, mas também a viabilidade, a coerência e o impacto a longo prazo de cada projeto, sempre com o objetivo de promover um Lagos mais justo, sustentável e participativo.
“Na ausência de uma maioria absoluta, a gestão municipal em Lagos nos próximos anos enfrentará um cenário de maior complexidade, que exigirá diálogo, compreensão e abertura por parte de todos os atores políticos envolvidos.”
“Para garantir estabilidade e continuidade, o caminho mais lógico será a formação de acordos de colaboração ou apoio mútuo entre partidos com interesses comuns ou compatíveis. Estes acordos podem passar pela criação de alianças pontuais, com base em programas ou propostas concretas que beneficiem a comunidade, com regras claras de cooperação e transparência. É fundamental que esses pactos tenham um cariz programático e não pessoal”
Litoralgarve – Se não houver maioria absoluta de um só partido ou formação política, como antevê a gestão camarária e os próximos anos no município de Lagos? Poderá ser um mandato de curta duração? Que acordos políticos poderão ser estabelecidos?
Maria João Sacadura – O LIVRE é um partido de consensos e no que a mim e à minha equipa dizrespeito, estamos disponíveis para trabalhar com todas as forçasdemocráticas.Como filiada no LIVRE, considero que, na ausência de uma maioriaabsoluta, a gestão municipal em Lagos e nos próximos anos enfrentará umcenário de maior complexidade, que exigirá diálogo, compreensão eabertura por parte de todos os atores políticos envolvidos.
Quando não há uma maioria clara, o funcionamento do executivo torna-se mais desafiante, pois a tomada de decisões depende de acordos e imposições de maiorias de circunstância. Este cenário pode tanto estimular uma maior inclusão e diálogo entre partidos, quanto gerar instabilidade política. Existe o risco de o mandato se tornar de curta duração, sobretudo se as forças políticas não conseguirem estabelecer pontes de entendimento. A instabilidade e os potenciais bloqueios podem atrasar projetos importantes ou levar a crises de governação municipal, prejudicando a continuidade de políticas de longo prazo que garantam o desenvolvimento sustentável do município.
E sugere:
– Para garantir estabilidade e continuidade, o caminho mais lógico será a formação de acordos de colaboração ou apoio mútuo entre partidos com interesses comuns ou compatíveis. Estes acordos podem passar pela criação de alianças pontuais, com base em programas ou propostas concretas que beneficiem a comunidade, com regras claras de cooperação e transparência. É fundamental que esses pactos tenham um cariz programático e não pessoal, e que favoreçam a implementação de políticas de inclusão social, sustentabilidade ambiental e participação cidadã.
A finalizar:
– Acreditamos que, independentemente do cenário político, é fundamental que o município de Lagos continue a apostar numa gestão participativa, que envolva a comunidade e valorize a transparência. A estabilidade política não deve ser alcançada à custa da fragilização dos direitos sociais ou da sustentabilidade ambiental — o compromisso com o interesse coletivo deve prevalecer acima de interesses partidários.
Portanto, um mandato de maior duração será possível através de acordos políticos responsáveis, centrados no desenvolvimento equilibrado de Lagos e na promoção de uma governação que valorize a inclusão, a justiça social e o bem comum, sempre com uma perspectiva de longo prazo.

Nascida em Moçambique e residente no concelho de Aljezur, Maria João Sacadura e Serrano tem “muitos” pratos preferidos, considerando-se um “bom garfo”, ocupa os tempos livres a “ler, ouvir música, [praticar] ginástica, pilates e danças diversas (salsa, tango argentino, bachata, kizomba, danças de salão) e é docente no Centro de Estudos de Lagos – Universidade Sénior
Nome completo: Maria João Sacadura e Serrano
Data do nascimento: 08-02-1964. Tem 61 anos de idade.
Signo: aquário
Estado Civil: divorciada
Filhos: 2 rapazes com 36 e 38 anos
Naturalidade: Moçambique
Residência: Moinho da Légua, Aljezur
Filiação partidária: LIVRE
Cargos políticos que já desempenhou (e exerce): pertenci à CPD [Comissão Política Distrital] e CPN [Comissão Política Nacional] do PAN [Pessoas – Animais – Natureza] até 2023
Funções que ocupa (ou já ocupou) em clubes e associações: Professora do CEL-Centro de Estudos deLagos, Universidade Sénior, Vice-Presidente da ADOTA (Associação Animais de Santa Luzia, Tavira), sócia fundadora da NOSTRUM-Associação de Defesa do Ambiente e Património Cultural de Caldas da Rainha, Bombarral e Peniche), voluntária da Loja de Caridade em Aljezur, voluntária da CRAAPA e da Rede Leonardo (Associações de Defesa Animal em Caldas da Rainha), voluntária do Clube Naval de Lagos – secção de remo.
Professora, Consultora e Investigadora, com licenciatura em Geologia Aplicada e do Ambiente, e Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais
Profissão: Professora, Consultora e Investigadora – Geologia, Ambiente, Agricultura Biológica, Certificação
Formação académica: Licenciatura em Geologia Aplicada e do Ambiente, Mestrado em Gestão e Políticas
Ambientais, a maior parte do Doutoramento em Sedimentologia Ambiental.
Outros idiomas que domina: Inglês e Francês fluentes, Espanhol bastante bom, italiano muito básico.
Clube desportivo da sua preferência: nenhum
Como ocupa os tempos livres: a “ler, ouvir música, [praticar] ginástica, pilates e danças diversas (salsa, tango argentino, bachata, kizomba, danças de salão)
Religião: nenhuma
Destaca a “inteligência, planificação à distância e saber esperar” como um conjunto de virtudes pessoais. E reconhece ser “individualista e muito exigente” como o seu principal defeito
A sua principal virtude: inteligência, planificação à distância e saber esperar
E o seu principal defeito: individualista e muito exigente
A admiração por Maria de Lourdes Pintassilgo – “Foi a primeira e única mulher portuguesa a assumir o cargo de Chefe do Governo, em que se destacou por ter tido uma liderança dialogante, bem como a manifesta preocupação de justiça social que trespassou a produção legislativa daquele período. Foi, também, a segunda mulher na Europa a desempenhar o cargo, meses depois da eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido.”
A figura nacional que mais admira e porquê?
Maria de Lourdes Pintassilgo. Foi a primeira e única mulher portuguesa a assumir o cargo de Chefe do Governo, em que se destacou por ter tido uma liderança dialogante, bem como a manifesta preocupação de justiça social que trespassou a produção legislativa daquele período. Foi, também, a segunda mulher na Europa a desempenhar o cargo, meses depois da eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido. Tinha um estilo carismático e foi dinamizadora de importantes movimentos sociais e cívicos, resultantes da sua preocupação com o aprofundamento da democracia.
De nomear entre outros: a Rede de Mulheres (1980–1986), a Plataforma Inter-Grupos, o Movimento para o Aprofundamento da Democracia (MAD), surgido entre 1982 e 1985, e a Plataforma Europeia para o Ambiente. Foi também, até 2015, a única mulher a candidatar-se às eleições presidenciais.
O elogio a Jane Goodall, que “estudou, entre outros assuntos, as interações sociais e familiares dos chimpanzés selvagens, e foi a primeira a testemunhar comportamentos de primatas semelhantes aos de humanos, incluindo o conflito armado”
E a nível internacional e porquê?
Jane Goodall [natural de Londres, no Reino Unido, e que faleceu, na Califórnia, nos Estados Unidos da América, a 01 de Outubro de 2025, com 91 anos de idade – n.d.r ]. Estudou, entre outros assuntos, as interações sociais e familiares dos chimpanzés selvagens, e foi a primeira a testemunhar comportamentos de primatas semelhantes aos de humanos, incluindo o conflito armado. Foi a fundadora do Instituto Jane Goodall e do programa Roots & Shoots, e trabalhou exaustivamente na conservação e bem-estar dos animais. Serviu no comité do Projeto de Direitos dos não Humanos, desde sua fundação, em 1996, até à sua morte. Em abril de 2002, foi escolhida como mensageira da paz das Nações Unidas. Era, também, membro honorário do Conselho para o Futuro do Mundo. Foi uma mulher de fibra, uma lutadora, uma idealista, mas também uma mulher muito pragmática. A sua morte foi uma grande perda para a sociedade científica, mas também para a humanidade.
“Por muito que os israelitas e judeus, em geral, tenham sido martirizados no passado, o facto é que, neste momento, Israel está a cometer um genocídio e a violar a lei internacional. Se me perguntarem se o Hamas também tem culpas no cartório, pois claro que tem, e na minha opinião, tão maus são uns como os outros. Além disso, os territórios palestinianos devem pertencer aos palestinianos, tal como os territórios portugueses, devem pertencer aos portugueses.”
“Não é porque há uns milhares de anos, aquilo que é agora a Palestina pertenceu aos hebreus, que agora se lhes pode dar esse direito. Se assim fosse, os árabes, e antes deles os romanos e os fenícios, que também estiveram em Portugal, poderiam agora vir cá declarar-se proprietários do nosso país.”
“Israel tem tudo a seu favor: dinheiro, infraestruturas, capacidade intelectual, o apoio dos Estados Unidos da América, que consideram a flotilha, agora capturada por Israel, uma ‘provocação deliberada e desnecessária’ e nos respeitam tanto que nem nos dizem quando vão fazer escala de aviões militares nos Açores. E finalmente há o assobiar para o lado da maior parte da Europa, que só agora começa a reagir, e mesmo isso de forma raquítica. Basta olhar para Portugal. Acabou de reconhecer o Estado da Palestina, é verdade, e nisso é pioneiro, mas de resto pouco fez.”
Portugal fez bem em reconhecer o Estado da Palestina?
Claro que sim. Por muito que os israelitas e judeus, em geral, tenham sido martirizados no passado, o facto é que, neste momento, Israel está a cometer um genocídio e a violar a lei internacional. Se me perguntarem se o Hamas também tem culpas no cartório, pois claro que tem, e na minha opinião, tão maus são uns como os outros. Além disso, os territórios palestinianos devem pertencer aos palestinianos, tal como os territórios portugueses devem pertencer aos portugueses. Não é porque há uns milhares de anos, aquilo que é agora a Palestina pertenceu aos hebreus, que agora se lhes pode dar esse direito. Se assim fosse, os árabes, e antes deles os romanos e os fenícios, que também estiveram em Portugal, poderiam agora vir cá declarar-se proprietários do nosso país. Aqui a questão, é que os palestinianos não têm a capacidade bélica dos israelitas e, portanto, não se pode comparar o efeito que uns e outros têm no país vizinho. Os israelitas estão a matar uma população inteira à fome, principalmente crianças, mulheres e idosos. E quando não os matam à fome, matam-nos com bombas e com a destruição de todas as suas infraestruturas civis.
E prossegue:
O Hamas fez e faz todos os reféns que consegue, é certo, provoca todo o estrago que pode, mas a questão é que, comparativamente, pode muito pouco. Israel tem tudo a seu favor: dinheiro, infraestruturas, capacidade intelectual, o apoio dos Estados Unidos da América, que consideram a flotilha, agora capturada por Israel, uma ‘provocação deliberada e desnecessária’ e nos respeitam tanto que nem nos dizem quando vão fazer escala de aviões militares nos Açores. E finalmente há o assobiar para o lado da maior parte da Europa, que só agora começa a reagir, e mesmo isso de forma raquítica. Basta olhar para Portugal. Acabou de reconhecer o Estado da Palestina, é verdade, e nisso é pioneiro, mas de resto pouco fez.
Que apoio deu aos nossos ativistas na flotilha que foi agora capturada? Que me lembre, apenas conselhos no sentido de não irem e a declaração de que estariam por conta própria se fossem. Que pressão exerceu enquanto Estado em prol dos direitos destes ativistas, sendo que, ainda por cima, uma delas, é deputada da Assembleia da República? Rigorosamente nada.
[NOTA: Na altura em que a candidata do LIVRE à presidência da Câmara Municipal de Lagos, Maria João Sacadura, prestava, por escrito, estas declarações ao «Litoralgarve, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua ainda se encontrava numa prisão de Israel. Por isso, Maria João Sacadura comentou: E agora que a nossa deputada da Assembleia da República foi detida, o que está a fazer Portugal, ou seja, o nosso Governo e o nosso Primeiro-Ministro? Zero, bola! Espera que eles sejam devolvidos sem incidentes e de forma pacífica…]
Então, e onde está o ultraje por terem detido uma nossa deputada? Isto não é uma ofensa aos ativistas, ou à Mariana Mortágua, isto é uma ofensa ao nosso país, um desdém absoluto por Portugal e pelos seus governantes. Tanto da parte de Israel, como dos Estados Unidos, que nem sequer se dão ao trabalho de nos avisar quando usam o nosso espaço aéreo e território para escalar os caças que venderam a Israel, para melhor atacarem a Palestina.
“Marcelo Rebelo de Sousa será, certamente, recordado como o Presidente mais popular que tivemos, o homem das ‘selfies´ e dos beijinhos às senhoras nos mercados, um homem que não tem medo de ser retratado em calções de praia azuis bebé, na fila do pão, ou do café. O homem que começou a sua carreira política a tomar banho nas águas, na altura superpoluídas do Tejo, correndo riscos sérios de arranjar uma doença de pele.”
“A ausência de uma agenda mais transformadora, que desafie os poderes económicos e promova mudanças estruturais, deixa espaço para a crítica de que o seu mandato poderia ter sido mais visionário e comprometido com uma mudança social radical. Parece-me que terá havido uma oportunidade perdida de impulsionar reformas mais ambiciosas em áreas como justiça social, direitos civis e sustentabilidade ambiental.”
Como avalia os dois mandatos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa?
Marcelo Rebelo de Sousa será, certamente, recordado como o Presidente mais popular que tivemos, o homem das ‘selfies´ e dos beijinhos às senhoras nos mercados, um homem que não tem medo de ser retratado em calções de praia azuis bebé, na fila do pão, ou do café. O homem que começou a sua carreira política a tomar banho nas águas, na altura superpoluídas do Tejo, correndo riscos sérios de arranjar uma doença de pele. Tem, também, sido uma figura de estabilidade e continuidade na Presidência da República, desempenhando um papel importante na representação do Estado e na manutenção da coesão social.
Nos seus dois mandatos, tem mostrado um forte compromisso com a defesa da Constituição, a promoção do diálogo entre diferentes forças políticas e a afirmação de valores democráticos. Contudo, enquanto militante do LIVRE, considero que o seu percurso poderia ter sido mais arrojado e alinhado com as urgências sociais e ambientais que o país enfrenta. Durante este período, há uma perceção de que houve uma tendência para manter o ‘status quo’, evitando confrontar de forma mais incisiva as desigualdades sociais, as questões climáticas e os direitos das minorias.
E acrescenta:
– Embora Marcelo seja uma figura próxima às pessoas e com uma imagem simpática, é importante questionar se esta sua postura é suficiente para responder às crises que enfrentamos enquanto sociedade. A ausência de uma agenda mais transformadora, que desafie os poderes económicos e promova mudanças estruturais, deixa espaço para a crítica de que o seu mandato poderia ter sido mais visionário e comprometido com uma mudança social radical. Parece-me que terá havido uma oportunidade perdida de impulsionar reformas mais ambiciosas em áreas como justiça social, direitos civis e sustentabilidade ambiental. É fundamental uma liderança que defenda valores progressistas e que coloque as pessoas no centro das políticas públicas, algo que poderia ter sido melhorado na sua atuação.
Próximo Chefe de Estado? “Até o momento, não há figuras públicas em Portugal que possam ser consideradas perfeitas ou unanimemente reconhecidas como a “figura ideal”. No entanto, posso apontar, também, que desejaria ver na Presidência da República uma figura jovem, com forte compromisso com as causas ambientais, sociais e feministas, que possa liderar com inovação, esperança e coragem de desafiar o ‘status quo’, pois é fundamental que o próximo presidente também traga uma nova energia e maior proximidade às gerações mais jovens”
“Deve, também, ser um líder que priorize a participação cidadã, a transparência e que demonstre coragem para desafiar interesses instalados que muitas vezes impedem o progresso social.”
Quem é a figura ideal para ser o próximo Chefe de Estado, em Portugal, nas eleições a realizar em 2026? E porquê?
A figura ideal para liderar Portugal, a partir de 2026, deve assumir um papel de liderança progressista e comprometida com um futuro mais justo, sustentável e democrático. Esta pessoa deve ter uma forte ligação aos movimentos sociais, às lutas por direitos civis, ambientais e por uma economia mais inclusiva. Importa que seja alguém que tenha experiência na defesa dos direitos das comunidades marginalizadas, que seja capaz de propor políticas públicas ambiciosas e de promover uma mudança de paradigma na forma como o país enfrenta as suas crises.
Deve, também, ser um líder que priorize a participação cidadã, a transparência e que demonstre coragem para desafiar interesses instalados que muitas vezes impedem o progresso social. A energia, a coragem e a capacidade de diálogo são essenciais. Afinal, o Chefe de Estado desempenha um papel de representação e de impulso para uma sociedade mais aberta, equitativa e sustentável.
Portanto, a figura ideal é a de alguém que combine uma forte sensibilidade social com um compromisso genuíno com os direitos humanos e a justiça ambiental. Uma liderança que reconheça as desigualdades, lute contra o clima de complacência e inspire uma visão de esperança e transformação real, alinhada com os valores progressistas e de solidariedade.
A identificação de nomes específicos que cumpram exatamente todos os critérios que mencionei pode ser difícil, especialmente numa perspetiva de uma sociedade democrática, na qual a elegibilidade depende de várias condições. Além disso, até o momento, não há figuras públicas em Portugal que possam ser consideradas perfeitas ou unanimemente reconhecidas como a “figura ideal”. No entanto, posso apontar, também, que desejaria ver na Presidência da República uma figura jovem, com forte compromisso com as causas ambientais, sociais e feministas, que possa liderar com inovação, esperança e coragem de desafiar o ‘status quo’, pois é fundamental que o próximo presidente também traga uma nova energia e maior proximidade às gerações mais jovens e às questões emergentes da crise climática e social.
Porquê? Precisamos de figuras com um historial de defesa dos princípios de justiça social, sustentabilidade, direitos civis e participação cidadã. Figuras que representem uma visão de liderança, que pensa além do curto prazo, que promove a inclusão e a mudança social, alinhada com valores progressistas. Além disso, deve ser uma figura com experiência ou forte ligação às causas sociais, o que é fundamental para um líder que deve representar todos os cidadãos e promover uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável.
A concluir:
– Claro que, na política real, muitas destas figuras precisam de uma plataforma de apoio, experiência política formal e de serem escolhidas por uma maioria que partilhe esses valores. Mas este é o tipo de figura que representa, de forma geral, o perfil ideal que muitas pessoas progressistas desejariam para o futuro Presidente de Portugal.










