Pouco após ter ajudado o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, a hastear a bandeira verde, sinalizadora do estado de ocupação do areal em menos de cinquenta por cento da sua capacidade, à entrada da praia do Porto de Mós, e numa altura em que ainda não eram conhecidas as restrições do Reino Unido para quem visitar Portugal nas próximas semanas, obrigando a um período de quarentena no regresso ao seu país, devido à Covid-19, o presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, em declarações ao Litoralgarve, manifestou a convicção de que este será “um Verão seguro e com o início de uma grande retoma para a atividade turística no concelho e na região”.
“É isso que todos queremos, começar a pensar no futuro e começar a registar o Covid como parte da nossa História”, reforçou o autarca, entre recados ao poder, às autoridades policiais e à população.
Litoralgarve – Quais são as suas perspetivas para esta época balnear, em função das novas regras impostas pela Covid-19?
Hugo Pereira – A expectativa é de um Verão tranquilo em relação à parte turística em si. Esperamos que se consiga ir ampliando o número dos visitantes na região, e em especial em Lagos, porque o país tem dado uma boa resposta, os números são favoráveis ao nível do Covid-19. Continuamos com a aposta no turismo português, que no ano passado foi o mais importante.
Em relação às medidas Covid-19, neste ano até são mais aligeiradas, foram adaptadas algumas que, em 2020, não se sentiram necessidade de aplicar. E estamos mais bem preparados para nos adaptarmos a essa regra. No ano passado, o Covid era uma grande dor de cabeça e agora estamos mais adaptados, menos ansiosos. Por isso, podemos ter um bom ano turístico.

“Existem duas praias, a do Camilo e a da Batata, onde há dois anos houve um incidente com a água durante um ou dois dias, o que levou à perda da bandeira azul. Não se recupera para já, pois trata-se de um processo mais demorado, só no final de três anos. Não depende apenas da Câmara Municipal, mas sim da empresa Águas do Algarve e da Agência Portuguesa do Ambiente.”
Litoralgarve – Há mais, ou menos praias com bandeiras azuis no concelho de Lagos ?
Hugo Pereira – Mantêm-se as mesmas bandeiras do ano anterior. Existem duas praias, a do Camilo e a da Batata, onde há dois anos houve um incidente com a água, durante um ou dois dias, o que levou à perda da bandeira azul. Não se recupera para já, pois trata-se de um processo mais demorado, só no final de três anos. Não depende apenas da Câmara Municipal, mas sim da empresa Águas do Algarve e da Agência Portuguesa do Ambiente. É um trabalho que tem sido efetuado com essas entidades, no sentido de normalizar a Estação de Tratamento de Águas Residuais de Lagos, num projeto muito grande que está a ser levado a efeito. Espero que, entre este o próximo ano, fique num estado mais avançado e assim que esse trabalho estiver concluído, iremos rapidamente repor as bandeiras azuis nessas praias.
De qualquer modo, continuam a ter o mesmo tratamento se tivessem a bandeira azul, são feitas monitorizações. As águas dessas praias mantêm excelente qualidade.
Litoralgarve – As obras em curso em Lagos poderão provocar problemas nas águas das praias?
Hugo Pereira – Não, não, não! Não haverá problemas.
“Estar mais à vontade na praia e, pontualmente, cada vez ter de usar a máscara numa dessas deslocações [a um restaurante, ou a uma casa de banho] poderá criar algum conflito de utilização do areal. Mas acredito que as pessoas estão todas muito sensibilizadas, também sabem proteger-se por causa do Covid. Tenho a certeza de que as autoridades irão ter um papel muito de educação e não de andar a multar quem quer que seja.”
Litoralgarve – Agora, na praia, por exemplo, uma pessoa ir a um restaurante ou a uma casa de banho sem máscara está sujeita a pagar uma multa. O que espera dessa situação?
Hugo Pereira – A utilização da máscara já no ano passado era igual. Ou seja, a entrada na praia, ou a circulação, ou a deslocação a um estabelecimento é igual à nossa utilização normal na via pública e da própria ida a estabelecimentos. Daí que o estar mais à vontade na praia e, pontualmente, cada vez ter de usar a máscara numa dessas deslocações, poderá criar algum conflito de utilização do areal. Mas acredito que as pessoas estão todas muito sensibilizadas, também sabem proteger-se por causa do Covid. Vai ser uma questão de adaptação. Tenho a certeza, também, de que as autoridades irão ter um papel muito de educação e não de andar a multar quem quer que seja. É isso que se espera. Não será o problema da utilização da máscara, não receio essa situação de modo algum.

Litoralgarve – A Câmara Municipal de Lagos terá funcionários a apoiar agentes policiais nas praias do concelho? Como vai ser o funcionamento a esse nível?
Hugo Pereira – No ano passado, tivemos. Neste ano, vamos ter ações de campanha, mas muito mais fixas e ao nível de informação, não com pessoal. No Verão de 2020 era o primeiro ano, tínhamos algum receio e optou-se pela função do vigilante. Agora, entendemos não haver essa necessidade. Os concessionários estão muito bem preparados, temos as praias muito bem sinalizadas, existe um trabalho também com o Instituto de Socorros a Náufragos e com o reforço por parte da Autoridade Marítima. A partir daí, não sentimos a necessidade de ter, fisicamente, alguém à entrada das praias a controlar. E as pessoas estão todas muito mais preparadas, já vivemos todos a experiência do Covid há um ano e meio e sabemos como nos proteger. Nas praias, a responsabilidade é da Autoridade Marítima, não é nossa.
Litoralgarve – E há agentes da Polícia Marítima em número suficiente para vigiar as praias de Lagos?
Hugo Pereira – É o quadro que está definido e a que eles conseguem dar resposta. No Verão existe reforço em todas as forças de segurança e a Autoridade Marítima também o tem. Há já um reforço efetivo, tanto na Polícia de Segurança Pública, como na Autoridade Marítima e na Guarda Nacional Republicana. É óbvio que nós, como gestão política, queremos sempre mais, mas entendemos também que os recursos são limitados. Os que estão em Lagos darão bem resposta e estarão a salvaguardar todas as questões de segurança marítima neste concelho.
Litoralgarve – Ainda no tocante à época balnear, admite que, em Agosto, mês normalmente com mais turistas no Algarve e neste caso em Lagos, poderá haver conflitos nas praias por causa das máscaras quando a sua utilização for necessária?
Hugo Pereira – Não, creio que não. O que haverá é muita gente e espero que assim seja, cumprindo obviamente todas as normas de segurança de utilização das praias perante o Covid que se está a viver. Iremos ter, claramente, estou certo, um Verão seguro e com o início de uma grande retoma para a atividade turística no concelho e na região. É isso que todos queremos, começar a pensar no futuro e começar a registar o Covid como parte da nossa História.
“Perante o cenário da pandemia em que se vivia, se calhar no Algarve era desnecessário o horário de encerramento dos restaurantes e cafés às 22h30m.”

Litoralgarve – Reconhece que o facto de restaurantes e cafés poderem funcionar só até às 22h30m. tem limitado a atividade do sector?
Hugo Pereira – Essa medida está revertida, já houve uma alteração do Conselho de Ministros. Mas todos nós temos de perceber que estamos a viver mais limitados e as 22h30m foi uma maneira também de permitir abrir, mas ainda com algum controlo. Concordo que todos os estabelecimentos trabalhem durante 24 horas por dia se não estivermos em Covid. Perante uma situação de pandemia, temos de ir abrindo e fechando as portas de modo a garantir que o Covid não entre na nossa vida e teremos, assim, o controlo do vírus assegurado. Há algumas medidas que nos são fáceis de entender e outras menos fáceis, porque sabemos, também, que não é depois das 22h30m que o Covid entra nos estabelecimentos, ou não entra até essa altura. Mas é claro que o limitar às 22h30m eventualmente evitará alguns abusos depois dessa hora.
Litoralgarve – E a partir de agora, o que perspetiva com o horário de funcionamento até à 01h00 da madrugada?
Hugo Pereira – É bom que se entenda: não é que até à 01h00, ou até às 22h30m, estejamos salvaguardados. Temos de garantir é que seja qual for a hora, ou a utilização que a gente esteja a dar ao momento em que nos encontramos, temos de ter presentes que estamos a viver debaixo de uma pandemia, que há pessoas que já estão imunes e outras que ainda não estão, e que ainda existem algumas dúvidas e incertezas sobre o Covid. Temos de ter isso presente a cada instante. Se assim for, não haverá necessidade de existirem limites de horas, de condicionalismos. Tem de existir é bom-senso. Mas, obviamente, entendo que perante o cenário da pandemia em que se vivia, se calhar no Algarve era desnecessário o horário de encerramento dos restaurantes e cafés às 22h30m.
Contudo, no resto do país há situações que ainda não estão em condições e tanto assim é que o fecho não vai passar aí para a 01h00 da madrugada. Vão continuar a encerrar às 22h30 e depois da hora do almoço. E é bom que a gente também perceba que estas medidas serão mais alargadas, ou menos alargadas, consoante a situação pandémica em que cada concelho viva. Ou seja, vamos alargar para a 01h00 da madrugada e se nos portarmos todos bem, se a pandemia tranquilizar, manteremos esse horário; se a situação piorar, vamos, novamente, recuar.
Os limites, ou não limites, estão pendentes dos nossos comportamentos. A vivência em comunidade é cada vez mais importante, preocuparmos-nos connosco e com os outros, mantendo esse princípio para poder ser sempre a desconfinar e não a confinar.
“Os bares constituem uma atividade económica muito importante e sabemos que não estão a passar bons momentos. De qualquer maneira, grande parte dos bares adaptou-se, tendo-se reconvertido de acordo com a lei, e está a trabalhar.”

Litoralgarve – Os bares e as discotecas vão manter-se encerrados por decisão do governo até final do mês de Agosto, para evitar ajuntamentos. Concorda?
Hugo Pereira – Não sei se é em Agosto, ou antes de Agosto. Para já, perante o atual cenário, não abrem. Quando existirem condições, talvez se implantem outras medidas. Também temos de ter a noção de que essa situação não se coloca em Lagos, porque não existem propriamente discotecas. Já os bares constituem uma atividade económica muito importante e sabemos que não estão a passar bons momentos. De qualquer maneira, grande parte dos bares adaptou-se, tendo-se reconvertido de acordo com a lei, e está a trabalhar. Aquilo que se pede, obviamente, é que tenham muito cuidado e que façam por cumprir as regras, ou seja, os lugares sentados, os distanciamentos, o uso da máscara e os consumos consoante o que a regra determina. Tudo para rapidamente se virar esta página e podermos, então, ter as diversões que sabemos que os bares têm.
“A partir das 23h00 tem havido alguns ajuntamentos nas praias e mesmo nas praças. Nas praias, a Autoridade Marítima tem atuado, tem obrigado os incumpridores a sair. Já a Polícia de Segurança Pública tem-se deslocado algumas vezes à Praça do Infante e a outros locais, onde essas pessoas se encontram. Se calhar, tem de passar a ir mais vezes e temos noção de que não está a ser suficiente.”
Litoralgarve – Em Lagos continua a ver-se muita gente sem máscara na via pública e até com alguns ajuntamentos, numa altura em que já existe Polícia Municipal. O que lhe parece esta situação?
Hugo Pereira – A Polícia Municipal, dentro do seu horário de funcionamento, está a atuar sempre que encontra grupos no incumprimento das regras. Também está a fazer um trabalho, acima de tudo, de sensibilização, de educação, sobre a situação. É óbvio que se houver falta de respeito e reiterado incumprimento, passará à parte da multa. Ainda estamos numa fase muito inicial da Polícia Municipal, a cumprir um mês, com um grupo pequeno de 12 agentes. O objetivo é termos 24 e estão sete em formação.
Até às 22h30, no seu horário, as regras têm sido cumpridas. Temo-nos deparado com algum incumprimento depois dessa hora. A partir das 23h00 tem havido alguns ajuntamentos nas praias e mesmo nas praças. Nas praias, a Autoridade Marítima tem atuado, tem obrigado os incumpridores a sair. Já a Polícia de Segurança Pública tem-se deslocado algumas vezes à Praça do Infante e a outros locais, onde essas pessoas se encontram. Se calhar, tem de passar a ir mais vezes e temos noção de que não está a ser suficiente.
De qualquer maneira, a partir do dia 16 de Junho, iremos ter o reforço do Corpo de Intervenção da PSP e obviamente que uma das coisas que está em cima da mesa é a sua colaboração no sentido de fazer cumprir as regras Covid e a boa utilização do espaço público. E espero que se consiga, assim, dar a volta a essa situação. Mas volto a dizer que não podemos esperar uma força de segurança, uma autoridade, atrás de cada pessoa. É claro que há grupos jovens que também têm mais dificuldade em aceitar e menos medo desta doença e, se calhar, acabam por aligeirar um pouco mais as regras. Obviamente que isso tem efeitos negativos, o que tentamos sensibilizar.
Litoralgarve – Quantos elementos do Corpo de Intervenção da PSP vêm para Lagos? São mais, ou menos, do que no ano passado?
Hugo Pereira – Os grupos são sempre fixos e estão definidos, sendo iguais aos anos anteriores. Ao que sei, são 24 elementos, atuam por turnos e vêm à semana sempre a rodar.
O Corpo de Intervenção da PSP “é um reforço muito importante ainda para mais num destino turístico. (…) Trata-se de uma força mais robusta, com maior peso”
Litoralgarve – O que espera do Corpo da Intervenção?
Hugo Pereira – Espero aquilo que se espera de uma força de segurança. Ou seja, cumprir as questões de segurança e de ordem pública. É isso que o Corpo de Intervenção garante. É um reforço muito importante ainda para mais num destino turístico. A transmissão de segurança, pela presença do Corpo de Intervenção, é muito importante. Trata-se de uma força mais robusta, com maior peso pela designação que também tem.
Litoralgarve – Já foi vacinado contra a Covid-19?
Hugo Pereira – Ainda não. Estou, agora, à espera do grupo dos 40 [anos]… Estava incluído, mas optei por esperar pela minha idade.
José Manuel Oliveira