“Contrariamente ao que ocorreu no primeiro confinamento, neste tem sido visível um aumento de criminalidade durante as madrugadas” em Lagos
Tal situação levou este guarda-noturno, como o próprio revelou ao Litoralgarve, “já a interceptar um indivíduo por suspeitas de furto de uso de veículo, ostentando uma matrícula de um outro veículo, mas também por suspeita de dois furtos qualificados a estabelecimentos comerciais, numa outra ocasião. Também foi possível interceptar um outro indivíduo por suspeitas de furto a uma residência, tendo sido possível recuperar alguns dos bens furtados”.
Litoralgarve – Em tempo de pandemia da Covid-19, como têm sido as noites em Lagos? Mesmo com o dever de recolhimento, é habitual andarem pessoas na rua durante a madrugada? Como é o comportamento? Há estabelecimentos a funcionar de forma ilegal?
Carlos Tendeiro – No início deste confinamento era visível algumas pessoas a andar pelas ruas, mas a Polícia de Segurança Pública tem atuado sempre que detecta tais situações e autuado os transgressores.
Litoralgarve – E casos de vandalismo, assaltos?
Carlos Tendeiro – Contrariamente ao que ocorreu no primeiro confinamento, neste tem sido visível um aumento de criminalidade durante as madrugadas, o que me levou já a interceptar um individuo por suspeitas de furto de uso de veículo, ostentando uma matrícula de um outro veículo, mas também por suspeita de dois furtos qualificados a estabelecimentos comerciais, numa outra ocasião.

Também foi possível interceptar um outro indivíduo por suspeitas de furto a uma residência, tendo sido possível recuperar alguns dos bens furtados.
Litoralgarve – Em face das restrições impostas pelo governo, com o recolher obrigatório, como foi a passagem de ano em Lagos? E como foram as noites seguintes? Houve problemas, violando as normas de segurança, nomeadamente com festas particulares e outras situações?
Carlos Tendeiro – Existiram certamente algumas situações, mas penso que a PSP será a entidade competente para responder a tal.
“O CONFINAMENTO VEIO DEMONSTRAR QUE AS REGRAS NÃO ESTAVAM A SER CUMPRIDAS NO SEU TODO. CERTAMENTE LAGOS NÃO SERÁ A EXCEÇÃO, CERTAMENTE EXISTIRAM, E CONTINUARÃO A EXISTIR, FESTAS ILEGAIS”
Litoralgarve – Na sua opinião, como se poderá justificar o aumento do número de novos casos de infeção, que a certa altura se registou no concelho de Lagos?
Carlos Tendeiro – O confinamento veio demonstrar que as regras não estavam a ser cumpridas no seu todo. Certamente Lagos não será a exceção, certamente existiram, e continuarão a existir, festas ilegais, por exemplo, e continuamos a ver pelas redes sociais ajuntamentos de pessoas, seja em praias, seja em alguns arruamentos.
Litoralgarve – Há estabelecimentos a funcionar de forma indevida, pessoas sem máscara e sem distanciamento na via pública?
Carlos Tendeiro – Desconheço estabelecimentos a funcionar de forma indevida e efetivamente vai-se, ainda, vendo pessoas, geralmente amigas, a circular a pé na via pública, sem distanciamento social e sem máscara, mas não passa de uma situação, ou duas, durante a madrugada.
Litoralgarve – Como é possível controlar irregularidades?
Carlos Tendeiro – Com meios humanos no terreno e sempre com os mesmos sacrificados, as forças de segurança, que não conseguem estar em todo o lado e a burocracia que envolve todo este processo, leva a que “percam” muito tempo a fazer expediente.
“COM O COMÉRCIO QUASE TODO ENCERRADO MUITAS DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O SERVIÇO FICAM POR RECEBER, MAS ESTA CRISE TOCA A TODOS E NÃO É POR ISSO QUE DEIXAREMOS DE TRABALHAR”
Litoralgarve – Que balanço faz sobre o ano de 2020 para a atividade dos guardas-noturnos em Portugal? Com que problemas se debatem? Quais as consequências resultantes da Covid-19 para este sector?
Carlos Tendeiro – As consequências são muitas, com o comércio quase todo encerrado muitas das contribuições para o serviço ficam por receber, mas esta crise toca a todos e não é por isso que deixaremos de trabalhar, até porque estamos todos no mesmo barco e melhores dias virão.

Mas nem só do comércio vivem os Guardas-Nocturnos. Pelo País são milhares de pessoas que contribuem para o serviço destes profissionais, também não é fácil nestes casos, algumas perdem os empregos e não conseguem continuar a pagar o serviço. Resumindo, não está fácil para ninguém!
“SE EXISTISSE UM GUARDA-NOCTURNO POR FREGUESIA [ EM PORTUGAL ], HAVERIA 3.092 OPERACIONAIS. NA ESMAGADORA MAIORIA NÃO EXISTE POR FALTA DE INICIATIVA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS, POIS É A ESTAS QUE CABE PROMOVER A CRIAÇÃO E O LICENCIAMENTO DA ATIVIDADE.”
Litoralgarve – Quantos guardas-noturnos existem em Portugal? E quantos são necessários?
Carlos Tendeiro – Existem cerca de 300 Guardas no País, não podendo mencionar quantos são necessários, porque na segurança nunca nada é demais. Apenas posso referir que se existisse um Guarda-Nocturno por Freguesia, haveria 3.092 profissionais. Na esmagadora maioria não existe por falta de iniciativa das Câmaras Municipais, pois é a estas que cabe promover a criação e o licenciamento da atividade.
Litoralgarve – Quais as zonas do país e do Algarve, em particular, mais carenciadas a esse nível e porquê?
Carlos Tendeiro – Talvez as zonas mais carenciadas sejam aquelas em que existam maiores índices de criminalidade. Poderei referir Albufeira, por tudo o que se lê na comunicação social.
José Manuel Oliveira