“O objetivo nestas eleições é o de eleger pela primeira vez um deputado pelo Círculo Eleitoral de Faro, Algarve”, assume Saul Rosa, de 34 anos de idade, que encabeça a lista de candidatos do partido PAN – Pessoas-Animais-Natureza à Assembleia da República. Em entrevista concedida, por escrito, ao «Litoralgarve», explica o que está em causa nesta região e como poderão ser resolvidos os problemas, ao mesmo tempo que lança um derradeiro apelo ao voto dos eleitores nestas eleições legislativas marcadas para o próximo domingo, dia 10 de Março de 2024, “pelas pessoas, pelos animais e pela natureza.” “Um apelo aos abstencionistas: A solução de não votar não tem mudado o paradigma do nosso sistema político. Então, proponho-vos o desafio de não se absterem desta vez.”
Por outro lado, lembra que o PAN é o “partido com o maior número de medidas aprovadas, tendo apenas uma deputada” [Inês Sousa Real] no Parlamento. “Imaginem o que faremos com um grupo parlamentar”, vaticina Saúl Rosa, em jeito de desafio ao eleitorado ainda indeciso.
José Manuel Oliveira
“A duração desta legislatura só depende da capacidade de negociação do partido que irá formar governo”
No Algarve, “temos falta de hospitais, falta de meios e falta de profissionais de saúde. Segundo os elementos de administração da Unidade Local de Saúde, precisaríamos de 500 enfermeiros no distrito [de Faro] para uma resposta apropriada.”
Nota-se “ausência de políticas de preservação do ambiente. Um exemplo disso são as lutas que temos para preservar património natural como as Alagoas Brancas, em Lagoa, ou a dos Salgados em Loulé.”
“O turismo de massas não é um modelo que preconizamos e o setor das energias renováveis poderá desempenhar um fator essencial na região, visto que globalmente irá gerar cerca de 24 milhões de novos empregos”
Litoralgarve – Como surgiu a sua candidatura como cabeça de lista a deputado do PAN pelo Círculo Eleitoral de Faro a estas eleições legislativas antecipadas para 10 de Março de 2024?
Saúl Rosa – Sou membro da Comissão Política Distrital do Partido e a criação desta lista veio por parte de um grupo de cidadãos e cidadãs empenhados e empenhadas em aumentar a esfera de influência do partido na região e no país, de forma a avançar com as nossas causas. Foi uma honra, e um privilégio, saber que estes elementos no distrito esperam contar com a minha liderança para estas eleições e espero estar à altura das suas expectativas. Mais profundamente, aceitei também este desafio porque sou um “filho da terra”, nascido e criado em Vila Real de Santo António. E cresci sob a perspetiva de viver num Algarve mal gerido, com uma degradação dos serviços de saúde por falta de meios e de profissionais de saúde, por uma precariedade no que toca aos transportes públicos, uma ausência de resposta à problemática da habitação, e dos nossos recursos, como a água. Por sentir-me revoltado com este paradigma de (des)governação PS e PSD nos últimos 50 anos, decidi abraçar esta causa que é o projeto PAN-PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA.
“O objetivo nestas eleições é o de eleger pela primeira vez um deputado pelo Círculo Eleitoral de Faro, Algarve”
Litoralgarve – Quantos deputados espera o partido eleger no Algarve?
Saúl Rosa – O objetivo destas eleições é o de eleger pela primeira vez um deputado pelo Círculo Eleitoral de Faro, Algarve.
“O problema principal aqui é como os nossos decisores políticos com responsabilidade governativa menosprezam o Algarve. Isso traz uma interligação de problemas a que não temos conseguido dar resposta”
Litoralgarve – Quais os principais problemas que sente nesta região? E quais são as prioridades do PAN para o próximo mandato?
Saúl Rosa – O problema principal aqui é como os nossos decisores políticos com responsabilidade governativa menosprezam o Algarve. Isso traz uma interligação de problemas a que não temos conseguido dar resposta. Na minha perspectiva, poderia enumerar 6 principais problemas:
1- A ausência de políticas de preservação do ambiente (um exemplo disso são as lutas que temos para preservar património natural como as Alagoas Brancas em Lagoa, ou a dos Salgados em Loulé);
2- A falta de parque público de habitação. Um exemplo disso é a falta de camas para os nossos estudantes e a falta de oferta à habitação acessível, ou medidas de retenção habitacional para os nossos trabalhadores, como os professores e os profissionais de saúde;
3- Ausência de uma Mobilidade efectiva. Um exemplo disso é os nossos alunos terem passes e não terem como obter um comboio ou autocarro em tempo útil para se deslocarem aos seus estabelecimentos de ensino, além de que a falta de um sistema de passes intermodais únicos, encarece bastante quem usa estes transportes. E as medidas para a mobilidade suave nos centros urbanos como as ciclovias, são uma ilusão.
4- Saúde. Temos falta de hospitais, falta de meios e falta de profissionais de saúde. Segundo os elementos de administração da unidade local de Saúde (ULS), precisaríamos de 500 enfermeiros no distrito, para uma resposta apropriada.
5- Promover a diversidade económica da região. O turismo de massas não é um modelo que preconizamos e o setor das energias renováveis poderá desempenhar um fator essencial na região, visto que globalmente irá gerar cerca de 24 milhões de novos empregos.
6- Aplicar urgentemente medidas de melhoramento da gestão hídrica na região, tendo os projetos megalómanos (transvases, barragens e dessalinização como ultimo recurso), visto que ainda há tanto para fazer; antes sistemas coletores de chuva nos edifícios, uso de águas residuais (ApR) em sistemas de regas de campos de golfe e agricultura futuramente.
Penso que estas serão as prioridades do partido para a região, nunca esquecendo a defesa e implementação de políticas de bem estar animal, continuamente.
A primeira medida se for eleito: “Propor a aplicação das medidas que as nossas associações ambientais e sociedade académica preconizam para uma melhor gestão dos nossos recursos hídricos”
Litoalgarve – Qual será a sua primeira medida se for eleito no dia 10 de Março?
Saúl Rosa – Propor a aplicação das medidas que as nossas associações ambientais e sociedade académica preconizam para uma melhor gestão dos nossos recursos hídricos.
“A chave para uma gestão eficiente do próximo governo é garantir que os partidos mais pequenos, como o PAN, tenham mais força, para que a governação seja efetuada com uma constante negociação, ao invés de governarem sem prestar contas a ninguém”
Litoralgarve – Se não houver maioria absoluta da Aliança Democrática, nem do PS, como encara o PAN a formação do próximo Governo? Poderá ser uma legislatura de curta duração?
Saúl Rosa – Na minha perspectiva, Portugal adoece mais cada vez que existe uma maioria absoluta. A chave para uma gestão eficiente do próximo governo é garantir que os partidos mais pequenos, como o PAN, tenham mais força, para que a governação seja efetuada com uma
constante negociação, ao invés de governarem sem prestar contas a ninguém.
A duração desta legislatura só depende da capacidade de negociação do partido que irá formar governo.
“Caso exista algum tipo de acordo no futuro, negociaremos com o governo medida a medida, diploma a diploma, e faremos avançar as nossas causas, dia após dia”
Litoralgarve – Num eventual acordo de incidência parlamentar com o PAN, o seu partido sentir-se-ia em condições de integrar o próximo Governo? Em que ministérios?
Saúl Rosa – O que é importante para o PAN é fazer avançar as suas causas e caso exista algum tipo de acordo no futuro, negociaremos com o governo medida a medida, diploma a diploma, e faremos avançar as nossas causas, dia após dia.
“Acredito que, no futuro, iremos acabar com o bipartidarismo em Portugal e teremos um parlamento mais equilibrado”
Litoralgarve – Como encara o futuro de Portugal?
Saúl Rosa – Eu olho para Portugal de uma forma positiva. Acredito que, no futuro, iremos acabar com o bipartidarismo em Portugal e teremos um parlamento mais equilibrado, para que os interesses de todos os cidadãos e cidadãs sejam devidamente representados. Cá estarei para contribuir nesse sentido.
“Um apelo aos abstencionistas: A solução de não votar não tem mudado o paradigma do nosso sistema político. Então, proponho-vos o desafio de não se absterem desta vez. Dêem hipótese aos partidos de menor representação parlamentar, como o PAN, para que dia 10 de Março possamos robustecer a nossa influência política no parlamento e assim estaremos a contribuir para um maior equilíbrio parlamentar. Desta forma, não haverá partido a tomar decisões unilaterais, mas sim através de negociação com os restantes partidos no parlamento. Este é o verdadeiro voto útil.”
Quero deixar aqui um apelo aos abstencionistas: A solução de não votar não tem mudado o paradigma do nosso sistema político. Então, proponho-vos o desafio de não se absterem desta vez e que tentem conhecer o que cada partido político preconiza para a sua governação.
Dêem hipótese aos partidos de menor representação parlamentar, como o PAN, para que dia 10 de Março possamos robustecer a nossa influência política no parlamento e assim estaremos a contribuir para um maior equilíbrio parlamentar. Desta forma, não haverá
partido a tomar decisões unilaterais, mas sim através de negociação com os restantes partidos no parlamento. Este é o verdadeiro voto útil. Fomos o partido com o maior número de medidas aprovadas, tendo apenas uma deputada [Inês Sousa Real]. Imaginem o que faremos com um grupo parlamentar. Conto com o vosso apoio. No dia 10 de Março vota PAN, pelas pessoas, pelos animais, e pela natureza.
QUEM É SAÚL ROSA
Casado e sem filhos, nasceu em Vila Real de Santo António e reside no vizinho concelho de Castro Marim. CEO (Director Executivo) numa empresa associada ao sector hoteleiro no Algarve, é benfiquista, gosta de feijoada de cogumelos e adora tocar trompete. Considera-se “disciplinado”, apontando essa característica como a sua principal virtude, e “às vezes, um pouco tempo teimoso”, reconhecendo ser esse o maior defeito. A “honestidade” é o que mais aprecia nas pessoas. O filósofo Agostinho Silva, o poeta Fernando Pessoa, o escritor José Saramago e o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles são algumas das figuras portuguesas que mais destaca.
Nome completo: Saúl José Lopes Rosa
Data do nascimento: 13/08/1989
Estado Civil: Casado
Filhos: (e idades) sem filhos
Naturalidade: Vila Real de Santo António
Residência: Castro Marim
Filiação partidária: PAN- PESSOAS- ANIMAIS-NATUREZA
Cargos políticos:
-Membro da Comissão Politica Concelhia de Vila Real de
Santo António (Setembro 2021- presente);
-Membro da Comissão Política Distrital do Algarve (
Setembro 2020- presente);
– Membro da Comissão Política Nacional (Janeiro de
2023-presente)
Profissão: CEO numa empresa associada ao setor
hoteleiro
Habilitações literárias: licenciado
Clube desportivo da sua preferência: Sport Lisboa e
Benfica
Como ocupa os tempos livres? Adoro tocar trompete,
praticar artes marciais (embora raramente tenha tempo
para praticar), estar com a família e viajar.
Gastronomia/qual é o prato preferido? Feijoada de
cogumelos.
Onde costuma passar férias e porquê? Gosto muito de
viajar pela Europa, mas um local que faço questão de
visitar todos os anos é a serra de Monchique. É um local
excelente para fugir da rotina.
Filmes que mais aprecia e porquê? Gosto de filmes de
ficção científica, que nos fazem escapar da realidade, bem
como outros que nos contem como foi a historia antes de
estarmos por cá. Filmes como “Jumanji”, ‘o estranho
mundo de jack’, e ‘Eduardo mãos de tesoura’
acompanham-me desde sempre. ‘O Pianista’, a lista de
schindler, ‘a vida é bela’, são outros que guardo comigo
pelo valor histórico e moral. Poderia falar sobre outros
filmes durante horas.
E livros? Um livro que guardo na minha cabeceira
é o “ bounce”, de Mathew Syed, pelo facto de como
aborda o sucesso e o diverge do talento natural. Sou um
grande fã de Sophia de Mello Breyner. Livros como “A menina do mar” e o “rapaz de bronze” foram fundamentais no meu crescimento. Ensinaram-me a
sonhar.
Religião: Sou agnóstico, acredito numa inteligência
Superior. No entanto, acredito que estamos longe de
descobrir a essência da nossa existência, mas não há
história sem mistério.
Qual a sua principal virtude? Acredito ser uma pessoa
disciplinada. Acredito que o facto de ser uma pessoa
disciplinada garante-me ferramentas para abordar
problemáticas. De uma forma efetiva, pragmática, neutral e com bom senso. Acho que é uma característica
fundamental para quem quer ser um decisor político.
E qual o seu principal defeito? Às vezes, sou um pouco
teimoso.
O que mais aprecia nas pessoas? Honestidade
E o que mais detesta? A falta de honestidade
Qual a figura nacional que mais aprecia e porquê? Uma
das pessoas que mais admiro é o filósofo Agostinho da
Silva, pelo seu contributo no modelo de pensamento
associado à liberdade humana, que considero ter sido
bastante relevante dada a opressão que sofremos na
maior parte do século XX. Mas tenho outras pessoas que
admiro, como Maria Archer, Gonçalo Ribeiro Telles,
Fernando Pessoa, Saramago e outras pessoas
incontornáveis da nossa História.
E a nível internacional? Winston Churchill.
Provavelmente viveríamos numa Europa totalmente
diferente, sem a intervenção desta personagem. A sua
resiliência e coragem foram contributos essenciais para a
vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Churchill
foi, também, um dos primeiros líderes a reconhecer a
ameaça de Hitler. Churchill proferiu uma das minhas
frases favoritas: “ O sucesso é saltar de falhanço em
falhanço, sem perder o entusiasmo.”
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Refira-se, ainda, que Saul José Lopes Rosa é licenciado como Instrumentista de Orquestra pela Academia da Orquestra Metropolitana de Lisboa, onde acabou por integrar a Orquestra Sinfónica Metropolitana, com projecção internacional. O gosto por esta actividade, nomeadamente ao nível de trompete, levou-o a aperfeiçoar a sua técnica musical em Munique, na Alemanha, com o solista da ‘Bavarian Radio Symphony Orchestra’, Martin Angerer.
Foi, por duas vezes, nos anos de 2008 e 2009, campeão nacional em competições de jiu-jitsu, artes marciais.
Membro da Comissão Política do PAN Algarve, Saúl Rosa encabeçou, nas eleições autárquicas, em 2021, a lista de candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António, assim como às freguesias de Vila Real de Santo António, Monte Gordo e Vila Nova de Cacela, neste concelho do sotavento algarvio.










