Cidadão brasileiro, apurou o ‘Litoralgarve, com motosserra, provoca incêndio em trabalhos agrícolas numa zona de mato na freguesia da Bordeira, no concelho de Aljezur – “Foi sem querer”, garantiu às autoridades

Tem 55 anos e “desrespeitou” as normas de segurança nesta época do ano, “apesar das campanhas de sensibilização e alerta” levadas a efeito pelas autoridades no terreno para o “risco elevado” de propagação “muita rápida” do fogo, disse, ao nosso Jornal, o tenente-coronel da GNR de Faro, Carlos Bengala, no final da conferência da conferência realizada ao início da noite de domingo, na sede do Clube de Instrução Alfambrense, situada em Tramelo, na Bordeira. O infractor está a sujeito a um processo judicial. 

José Manuel Oliveira

GNR elabora auto de notícia para apresentar ao Ministério Público da Comarca de Lagos

O indivíduo, que estava na posse da motosserra, incorre num crime que poderá ser punido com pena de prisão, ou pagamento de multa a determinar em tribunal. Para já, “está a ser cooperante” para com a investigação, afirmou, ao ‘Litoralgarve, o tenente-coronel da GNR, Carlos Bengala

O incêndio rural que deflagrou cerca das 12h00 de domingo, dia 21 de Setembro, numa área de mato situada em Monte da Vinha, na freguesia da Bordeira, no concelho de Aljezur, arrastado, rapidamente, por vento intenso e que já ameaça a Mata Nacional de Barão de São João, no município de Lagos, e, numa outra frente, o de Vila do Bispo, foi provocado por “alguns trabalhos agrícolas”, com motosserra, a cargo de um “cidadão estrangeiro, de 55 anos de idade”, que “desrespeitou” as normas de segurança nesta época do ano, “apesar das campanhas de sensibilização e alerta” levadas a efeito pelas autoridades no terreno para o “risco elevado” de propagação “muita rápida” de fogo.

A revelação foi feita, ao ‘Litoralgarve’, pelo tenente-coronel da Guarda Nacional Republicana (GNR), Carlos Bengala, no final da conferência de imprensa realizada ao início da noite de domingo no edifício da sede do Clube de Instrução e Recreio Alfambrense, na pequena localidade de Tramelo, em Alfambras, na freguesia da Bordeira, concelho de Aljezur. “Foi sem querer, não tive de intenção de provocar fogo”, garantiu o cidadão, quando foi questionado pelas autoridades, no terreno, sobre o que aconteceu. “Está a ser cooperante” para com a investigação, contou-nos aquele oficial da GNR de Faro. O sucedido leva esta força de segurança a elaborar um auto de notícia, como é de lei, com a indicação da hora, do dia, local, da circunstância da ocorrência e dados relativos ao infrator, para apresentar ao Ministério Público da Comarca de Lagos. O indivíduo, que estava na posse de uma motosserra, incorre num crime, que poderá ser punido com pena de prisão, ou pagamento de multa a determinar em tribunal.

Segundo apurou o nosso Jornal, na zona das Alfambras, o cidadão em causa é de nacionalidade brasileira.

Pelas 19h45m. de domingo, 21 de Setembro, teve início a conferência de imprensa destinada a efectuar um primeiro ponto de situação deste incêndio, a cargo do segundo Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Abel Gomes. Na mesa, esteve acompanhado pelo Comandante da Operação de Socorro, António Santos, principal responsável do Corpo de Bombeiros de Aljezur, do tenente-coronel da GNR, Carlos Bengala, dos presidente das câmaras municipais de Aljezur e Lagos, José Gonçalves e Hugo Pereira, respectivamente, ambos na qualidade de Autoridades Municipais de Proteção Civil, a que se juntaram responsáveis do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Reforço de meios provenientes de várias zonas do país para o teatro das operações

Mais de meio milhar de operacionais e quase duzentas viaturas pouco depois da meia-noite

O ataque inicial ao fogo, que começou a atingir mato e pinheiro bravo, envolveu 63 operacionais, entre bombeiros, sapadores, equipas de apoio logístico,13 veículos, cinco meios aéreos e duas máquinas de rasto. Pouco depois, e perante as informações transmitidas no terreno, a estratégia passou para “ataque ampliado”, com o reforço de bombeiros e viaturas provenientes de outras zonas do país. No total passaram a estar 104 operacionais, 27 veículos e oito meios aéreos, além de maquinaria pesada, explicou o Comandante Abel Gomes. Vinte e cinco minutos depois surgiu a informação da existência de “três frentes ativas intensas, sem oposição”, mas “não porque os meios não estivessem lá”, acrescentou aquele responsável. O vento é que estava bastante intenso. A preocupação era defender aglomerados populacionais. Na altura, o vento atingia “30 / 40 quilómetros por hora e as rajadas, de 60 / 70 kms., projetavam” o incêndio “a longa distância”, provocando “grandes dificuldades” aos bombeiros no terreno, realçou.

Desde o início do fogo até às 17h00, foram destacados para aquela zona do concelho de Aljezur 12 meios aéreos, 117 viaturas, sete máquinas de rasto e 329 operacionais, de forma a tentar controlar as várias frentes. Os reforços oriundos de outros locais do país incluíram a região do Porto, Alentejo, Oeste e Este-Norte. Quando o ‘Litoralgarve’ chegou à zona de Alfambras, estavam a sair para o terreno, nomeadamente viaturas dos Bombeiros de Alcobaça.

Pelas 21h.25m, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil indicava que estavam no terreno 487operacionais, apoiados por 168 viaturas. E às 22h50m, os meios, nessa altura, apenas terrestes, já atingiam 492 operacionais e 173 veículos. Pouco depois da meia-noite, encontravam-se, em várias zonas, mais de 500 operacionais e quase duzentas viaturas.   

“A projecção do vento chegou a atingir uma velocidade de 1.370 metros por hora e 52 kms. em cada hora”

Incêndio comparado a outro ocorrido, no ano de 2000, também na freguesia da Bordeira, no concelho de Aljezur

“A projeção do vento chegou a atingir uma velocidade de 1.370 metros por hora e 52 kms em cada hora”, observou o Comandante Abel Gomes, sublinhando que, numa altura em que o incêndio já alastrava em direção à Mata Nacional de Barão de São João, no concelho de Lagos, “a prioridade passava por [defender] algumas habitações dispersas”, através de um ataque pelos “flancos.” O objetivo “é reduzir os flancos e estreitar a cabeça [do fogo] para não se alargar”, esclareceu, ao ser questionado, nesse sentido, por um dos jornalistas presentes nesta conferência de imprensa.

E comparou, inclusivamente, este incêndio a um outro “igual”, ocorrido também na freguesia da Bordeira, no concelho de Aljezur, em 2000.

“Continua fora de controlo, avançando com intensidade, alimentado pelo vento forte que afecta esta zona”, reconheceu o Comandante Abel Gomes, admitindo que, para já, “o fogo está fora da nossa capacidade de extinção.” Até ao início da noite de domingo, já tinham ardido 52 hectares de mato e floresta.

Estradas Nacionais 120 e 268 chegaram a estar cortadas ao trânsito

Só algumas estradas municipais continuam interditadas. O Comandante Abel Gomes aproveitou para lançar “um apelo às pessoas, no sentido de não correrem riscos desnecessários por curiosidade”, para ver este incêndio

“Até ao momento, nenhuma viatura ardeu, nem houve feridos”, assinalou o segundo Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve. Já a circulação do trânsito teve de ser interrompida pelas autoridades nalgumas estradas, nomeadamente na EN 120 e na 268, entre os concelhos de Aljezur e Lagos, de forma a garantir a rápida ação dos bombeiros e a segurança das populações. Entretanto, essas vias foram reabertas ao tráfego rodoviário. Só algumas estradas municipais continuam interditadas. E aproveitou para lançar “um apelo às pessoas, no sentido de não correrem riscos desnecessários por curiosidade.”

Abel Gomes admitiu que o incêndio poderá ser “dominado” durante esta segunda-feira, 23 de Setembro, mas tudo dependerá do vento que assola nesta zona da costa vicentina.

“Ardeu” uma casa no concelho de Aljezur. Trata-se de uma “segunda habitação e as pessoas não estão cá”, esclareceu o presidente da Câmara Municipal, José Gonçalves

Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal de Aljezur, José Gonçalves, disse, neste encontro com os representantes dos órgãos de comunicação social, que “ardeu” uma casa no seu concelho. Trata-se de uma “segunda habitação e as pessoas não estão cá”, esclareceu o autarca. “O percurso entre Aljezur e Lagos é extenso e a nossa preocupação é a salvaguarda de vidas humanas”, notou, acrescentando: “É uma noite de muito trabalho.”

Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, reconhece:  A situação na “Mata Nacional da Barão de São João não está controlada” e é “preocupante.” “O fogo está muito ativo nesta zona”

Há já pessoas retiradas de casas dispersas na freguesia Barão de São João, por precaução

Já para o presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, a situação na “Mata Nacional da Barão de São João não está controlada” e é “preocupante.” “O fogo está muito ativo nesta zona”, reconheceu o autarca, numa altura em que os serviços da Proteção Civil procuravam “identificar” tudo o que ali existe, desde “habitantes a animais”, nomeadamente em zonas dispersas. Por precaução, já foram retiradas várias pessoas de casas dispersas na zona da Mata Nacional de Barão de São João.

Novo ponto de situação nesta segunda-feira, a partir das 10h00, na sede do Clube de Instrução e Recreio Alfambrense, Tramelo, em Alfambras, na freguesia de Bordeira, para fazer o balanço da noite de domingo e da madrugada e início da manhã de hoje

Entretanto, o Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve realiza novo ponto de situação, nesta segunda-feira, dia 22 de Setembro, às 10:00 horas, sobre este incêndio rural que teve início no domingo, em Monte das Vinhas, freguesia da Bordeira, concelho de Aljezur.

O ponto de situação, tal como o anterior, está a cargo do segundo Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Abel Gomes, acompanhado pelo Comandante da Operação de Socorro, António Santos, que é o Comandante do Corpo de Bombeiros de Aljezur. No encontro com os jornalistas, participam, também, o Presidente da Câmara Municipal de Aljezur, José Gonçalves, e o Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, na qualidade de Autoridades Municipais de Proteção Civil. A conferência de imprensa, na qual é feita um balanço sobre o trabalho dos bombeiros durante a noite de domingo e madrugada e início da manhã desta segunda-feira, além de ser apontada a estratégia a seguir durante o dia de hoje, tem lugar no edifício da sede do Clube de Instrução e Recreio Alfambrense, Tramelo, em Alfambras, na freguesia da Bordeira, no concelho de Aljezur, como sucedeu o primeiro encontro com os jornalistas.