Autárquicas 2021-Luís Carito anuncia candidatura como independente à presidência da Câmara Municipal de Portimão e Distrital do PSD reúne para decidir se o apoia

Em conferência de imprensa na Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha, numa tarde de sueste e agitação marítima, o antigo vice-presidente (PS) da edilidade portimonense esclareceu porque é candidato e entrou ao ataque, ao dizer que “a cidade está parada, sem uma perspetiva de futuro” e desafiando a atual gestão municipal, liderada pela socialista Isilda Gomes. “Eu só deixo a pergunta no ar: onde estão os mais de 500 milhões de receita que a autarquia teve, o que lhes fez? Não investiu. Pagou alguma dívida, que não foi toda. Penso que falta aí muito dinheiro para saber onde é que foi aplicado e como foi gerido”, questiona.

Menos de 24 horas depois de o Litoralgarve ter avançado com a notícia, o médico Luís Carito confirmou que é candidato independente a presidente da Câmara Municipal de Portimão, numa conferência de imprensa de cerca de 15 minutos, ao final da tarde do dia 31 de Março de 2021, na Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha, e num cenário onde se podia avistar forte agitação marítima, com vento sueste pelo meio.

Na manhã do mesmo dia, em reação ao título da notícia ‘Luís Carito poderá ser o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Portimão’, nas eleições autárquicas que terão lugar em Setembro ou Outubro deste ano, numa coligação apoiada pelos sociais-democratas e que integrará o CDS-PP e o PPM, entre outros partidos e cidadãos independentes, fonte próxima do antigo vice-presidente socialista do executivo camarário neste concelho, esclareceu ao Litoralgarve:“o doutor Luís Carito não é candidato do PSD, nem de nenhum outro partido, à presidência da Câmara Municipal de Portimão. A ser, será candidato independente, apoiado por outros partidos que o quiserem apoiar”. E nessa altura, até nos garantiu que “nada está decidido”.

Contudo, poucas horas depois, os jornalistas foram convocados para uma conferência de imprensa para as 18h00, na qual Luís Carito anunciou a sua candidatura. E para 20h00 do mesmo dia, 31/03/2021, estava marcada uma conferência de imprensa conjunta do PSD e CDS-PP, no Teatro Municipal de Portimão (TEMPO), que acabou por não se realizar. “O adiamento dessa conversa foi exclusivamente causado pelo PSD e o CDS-PP não terem finalizado o acordo global de coligação autárquica”, justificou, ao Litoralgarve, Carlos Gouveia Martins, presidente da concelhia social-democrata de Portimão, numa mensagem enviada por ‘email’ e após, na noite  de 31  Março, termos pedido esclarecimentos sobre a realização, ou não, dessa conferência de imprensa.

“(…)  absolvição    foi    pedida    pelo    Ministério Público   que    na    altura    tinha    avançado   com a  acusação.  Pediu   aos    juízes   a    minha absolvição   e   a    de    todas    as    partes envolvidas,    tendo    sido     ilibado    de    todas   as acusações”

No encontro com os jornalistas, Luís Carito começou por explicar: ” Depois de uma reflexão longa, tomei a decisão de apresentar a minha candidatura à Câmara Municipal de Portimão. Gostaria de frisar bem, como independente, apoiado por um movimento com vários partidos, pessoas independentes com e sem partido, e obviamente também com apoio de PSD e CDS, Iniciativa Liberal. Estão a criar uma plataforma no sentido de apoiar esta minha candidatura independente. Esta decisão foi tomada em definitivo, hoje  [dia 31 de Março de 2021], às 15h30 e depois em breve, teremos oportunidade de falar sobre esta situação. Mas para acabar com especulações, que entretanto estão a aparecer, gostava de confirmar e pedir que divulguem esta minha posição”.

E acrescentou: “Estive afastado, como sabem houve um processo judicial que terminou há cerca de um ano. Esperei calmamente que esse processo judicial clarificasse todas as situações e de todas as acusações que me foram feitas, gostaria de frisar que essa absolvição foi pedida pelo Ministério Público que, na altura, tinha avançado com a acusação. Pediu aos juízes a minha absolvição e a de todas as partes envolvidas, tendo sido ilibado de todas as situações”.

“(…) a   cidade   está    parada,   sem    uma perspetiva   de    futuro,    sem    uma    estratégia”  e “penso que    é    minha    responsabilidade,   tendo condições   de    saúde,   físicas   e    psicológicas, mentais,  fazer   com    que    a    cidade    tome o    seu    rumo    face    a    um    futuro    mais risonho   e    mais    feliz”

Questionado pelo Litoralgarve sobre o motivo pelo qual decidiu candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Portimão, neste seu regresso à vida política, Luís Carito justificou a situação, passando ao ataque, com críticas à atual gestão autárquica, liderada pela socialista Isilda Gomes. “Fiz uma reflexão durante este ano e achei que aquilo que foi um projeto em que eu tinha estado envolvido há oito ou dez anos atrás, a determinada altura foi suspenso, não percebi porquê, até porque as pessoas que continuaram pertenciam ao mesmo partido, e agora, ao fim deste tempo, entendo eu, e penso que muitos portimonenses também o entendem, que a cidade está parada, sem uma perspetiva de futuro, sem uma estratégia. E acho que é minha responsabilidade, tendo condições de saúde, físicas e psicológicas, mentais, fazer com que a cidade tome o seu rumo face a um futuro mais risonho e mais feliz. É altura de o fazer”, vincou.

“O   Partido    Socialista    não    teve    qualquer abordagem     à    minha     pessoa    durante    oito anos.  Durante    oito     anos     estive    sozinho    num    processo    que    foi    dirigido    a    mim”

E sem esconder a sua mágoa, observou: “O Partido Socialista não teve qualquer abordagem à minha pessoa durante oito anos. Durante oito anos estive sozinho num processo que foi dirigido a mim e outros camaradas da altura, mas especificamente a mim”.

“E, portanto, não tendo tido o Partido Socialista, ao fim do processo, qualquer palavra para com a minha pessoa, para perceber se eu estaria disponível, ou não, eu entendi que, face àquilo que é o ponto da situação nesta cidade, independente de estarmos num período de pandemia com todas as dificuldades sociais e económicas, de saúde, entendo que é necessário dar uma perspetiva de futuro e fazer coisas importantes que faltam fazer para que, num novo mundo que se aproxima, que é este mundo pós-pandemia, possamos ser competitivos e resilientes”, sublinhou Luís Carito.

“Se calhar – alertou – esta não é a última pandemia, outras coisas acontecem no mundo e é preciso que as cidades se dotem de estratégias para enfrentar estas situações”.

“A  Câmara   não   estava   na    falência!   A Câmara   tinha   dívida,   tinha   um    plano estruturado   de    pagamento   ao    longo   dos   anos.   Posso  dizer   que    havia    mais    de    3   mil   milhões   de    investimento   previstos   para   a cidade   e,   entretanto,    acabaram    por    não avançar    muitos    projetos    que   estavam previstos    e   que    iriam    dar     uma    receita superior    para    a   Câmara    pagar     essa    mesma    dívida”

Confrontado pelos jornalistas sobre o passado, o antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Portimão recusou responsabilidades nas contas da edilidade, tendo até garantido que, na altura, tinha a situação controlada: “A dívida que foi deixada na autarquia era uma dívida que estava perfeitamente sustentada. Estava previsto já um plano de estruturação financeira que, entretanto, não continuou porque aconteceu o que aconteceu, as pessoas foram retiradas dos lugares em que estavam. Era uma dívida perfeitamente estruturada, havia um plano e é preciso colocarmo-nos na altura em que apareceu uma crise económica” a nível mundial.

E prosseguiu: “A dívida estava sustentada e iria ser paga ao longo de anos, como tem vindo a ser, mas não apenas numa perspetiva de pagar dívida. Era numa perspetiva de criar desenvolvimento na cidade. O que aconteceu ao longo dos últimos anos é que foi paga alguma dívida, deveria ter sido paga muito mais de acordo com aquilo que era o plano de abatimento da dívida e por outro lado, a cidade não se desenvolveu”.

“A culpa da dívida não é verdade”, insistiu Luís Carito. E em jeito de desafio à atual presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, o antigo nº. 2 do executivo disparou: “Eu pergunto onde é que estão mais de 500 milhões de euros que a autarquia recebeu ao longo destes anos. Sabem qual era o valor da dívida? Façam as contas, mas isso é algo que iremos discutir mais à frente. Eu tenho os números. Eu só deixo a pergunta no ar. Onde estão os mais de 500 milhões de receita que a autarquia teve, o que é que lhes fez? Não investiu. Pagou alguma dívida, que não foi toda. Acho que falta aí muito dinheiro para saber onde é que foi aplicado e como é que foi gerido”.

Nestas declarações aos jornalistas, o antigo vice-presidente socialista da Câmara de Portimão foi perentório ao rejeitar a acusação de ter deixado o município na falência. “Rejeito completamente! A Câmara não estava na falência! A Câmara tinha dívida, tinha um plano estruturado de pagamento ao longo dos anos. Posso dizer que havia mais de 3 mil milhões de investimento previstos para a cidade e, entretanto, acabaram por não avançar muitos projetos que estavam previstos e que iriam dar uma receita superior para a Câmara pagar essa mesma dívida”, garantiu.

Reforçando a sua posição, Luís Carito aproveitou para sublinhar: “Eu não me sinto responsável por aquilo que foi feito em termos de pagamento da dívida nestes últimos anos. Eu e os camaradas que estavam comigo na Câmara Municipal de Portimão, tínhamos um plano em que o esforço financeiro que a Câmara tinha não era significativo em relação ao volume de receitas”.

“A questão da dívida é uma falsa questão”, voltou a insistir Luís Carito, adiantando, desde já, como repto: “Estou à espera que esse seja o ‘leitmotiv’ de uma campanha, mas eu irei explicar com números, com dados. E efetivamente vou falar».

Ao ser questionado sobre se se sente bem acompanhado pelo PSD e CDS, depois de todas as críticas que estes partidos lhe apontaram, na oposição, o antigo vice-presidente da câmara socialista, também procurou desdramatizar a situação. “Os partidos funcionam da forma que devem funcionar, com as pessoas que estão à frente. As pessoas que estavam nestes partidos, algumas ainda estão e outras não”, observou.

Carito  recusa  responder  se   ainda   é   militante do PS   e   não    confirma,    nem   desmente,  apoio    do   antigo    presidente    da    Câmara   de   Portimão,  o   socialista   Manuel da Luz

“O que eu quero dizer é que tenho um projeto para esta cidade, irei discutir não só com o PSD e o CDS, mas com toda a população. Se a população de Portimão entender que é um bom projeto que temos para apresentar, os partidos são puramente veículos. Eu continuo a ter as convicções que tinha antes, não as perdi. Durante muitos anos militei num partido e essas convicções políticas mantenho-as. Uma coisa são as convicções políticas, outra coisa são os partidos e as pessoas que os dirigem”, afirmou.

“A social-democracia e o socialismo democrático são o caminho para uma sociedade democrática. Não alterei o meu pensamento em relação a isso”, salientou Luís Carito, que não esclareceu se, ainda, é militante do PS. “Não respondo a essa questão”, reagiu, quando o Litoralgarve o questionou nesse sentido.

Por outro lado, ao ser confrontado pelos jornalistas sobre um eventual apoio do antigo presidente da Câmara Municipal de Portimão, o socialista Manuel da Luz, de quem foi o nº. 2 na autarquia, Luís Carito também se mostrou lacónico, limitando-se a responder: “Não confirmo, nem desminto”.

E depois de frisar que “pedi para estar convosco para vos dizer que sou candidato independente, apoiado por partidos e por independentes”, Luís Carito prometeu, para breve, mais novidades: “Em breve, muito breve, na próxima semana, terei oportunidade de falar com mais profundidade. Estarei aberto e disponível”, concluiu.

Distrital    do    PSD    reúne,    neste   sábado,   3 de abril,     em    Faro,   onde   “será   abordada   a  temática    Portimão”,   diz   o  presidente   da  Concelhia,   Carlos   Gouveia   Martins

Entretanto, segundo apurou o Litoralgarve, o nome de Luís Carito foi apresentado como candidato da Concelhia de Portimão do PSD à Comissão Política Distrital de Faro do partido, que se deverá reunir neste sábado, dia 04 de Abril, e tomar uma posição. “Posso confirmar que sábado há uma reunião, em Faro, e que será abordada a temática Portimão. Após essa data, importante, o processo nunca ficará fechado porque transitará (com o nome que for) para a reunião da Comissão Política Nacional do PSD que reúne segunda-feira” [05 de Abril], afirmou, ao Litoralgarve, Carlos Gouveia Martins, presidente do PSD/Portimão, em mensagem enviada por ‘email’ nesta sexta-feira, 02 de Abril, após o termos questionado, por escrito, se confirma que esta concelhia apresentou o nome de Luís Carito à Distrital de Faro, como candidato a apoiar pelo partido à presidência da edilidade portimonense.

“(…)  segunda-feira   [dia   6  de   Abril]     poderá haver   já   candidato,   sempre   do   PSD,    não    há    alternativa,   à Câmara    Municipal    de    Portimão”. Só  depois,  é  que  a  concelhia   se   irá pronunciar  publicamente 

Nesta declaração, Carlos Gouveia Martins esclareceu ainda: “Sobre o que questiona, cumprindo os estatutos do PSD, e há várias deduções e conversas que em nada contribuem para a verdade, o PSD de Portimão ainda não aprovou nenhum nome em Plenário de Militantes de Portimão. Assim, e só assim, não houve – estatutariamente, basta lermos e conhecermos os estatutos – não podemos apresentar nenhum nome formalmente a nenhum órgão distrital. Isto são factos que mesmo em Faro ou em Lisboa podem confirmar a 100%.”

“Posso confirmar, isso sim, que sábado há uma reunião em Faro e que será abordada a temática Portimão. Após essa data, importante, o processo nunca ficará fechado porque transitará (com o nome que for) para a reunião da Comissão Política Nacional do PSD que reúne segunda-feira”, acrescentou.

Por outro lado, Carlos Gouveia Martins disse, ao nosso Jornal, que “o PSD de Portimão só se irá pronunciar publicamente após o dia 6 de Abril”. “Até lá, há várias matérias a serem tratadas, no entanto, estamos a cumprir tudo o que estatutariamente é pedido à Concelhia e, nesse campo, tudo decorre dentro do normal cumprimento estatutário do PSD. Sábado trabalharemos e segunda-feira poderá haver já candidato, sempre do PSD, não há alternativa, à Câmara Municipal de Portimão”, garantiu o presidente da Concelhia social-democrata.


José Manuel Oliveira