“Os portugueses querem um governo que aumente os salários dos trabalhadores e as pensões, invista na qualidade dos serviços públicos e garanta o sistema de reformas”. Esta é a convicção manifestada, em entrevista concedida por escrito ao ‘site’ «Litoralgarve», pela cabeça de lista do PS a deputada à Assembleia da República, no Círculo Eleitoral de Faro, Jamila Madeira, para reforçar a ideia da vitória do seu partido nas eleições legislativas antecipadas, neste domingo, 18 de Maio.
Em jeito de derradeiro apelo aos eleitores, Jamila Madeira deixa alertas: “Um governo da AD com a Iniciativa Liberal ou o Chega seria um governo com a agenda da ‘Troika’, corte nos serviços públicos e despedimentos na Função Pública.” A deputada recorda o trabalho desenvolvido, no Algarve, pelos socialistas e garante a construção do Hospital Central e de um Centro Oncológico, nesta região, como as principais prioridades de um próximo governo, liderado por Pedo Nuno Santos.
“Ao contrário dos outros partidos, os candidatos do PS são todos do Algarve, vivem e trabalham aqui. Não são dos que, depois das eleições, depois de receberem o voto do povo, vão-se embora. Naturalmente que temos a expectativa de vencer estas eleições”, observa Jamila Madeira. “Aquilo que quero aproveitar para dizer com humildade democrática, mas sentido de responsabilidade, é que a única força de esquerda que no Algarve pode eleger deputados é o Partido Socialista. No distrito de Faro só o voto no PS elege deputados e derrota a direita”, avisa, como forma de mais um recado ao eleitorado, de modo a evitar a dispersão de votos noutros partidos.
José Manuel Oliveira
Litoralgarve – Que perspectiva tem o Partido Socialista para estas eleições legislativas antecipadas, a 18 de Maio de 2025, no Círculo Eleitoral de Faro? Quantos deputados espera eleger?
Jamila Madeira – O PS é o partido do Algarve. As infraestruturas mais importantes da região foram sempre realizadas quando o PS esteve no Governo. A barragem de Odelouca e a central Dessalinizadora, o hospital do Barlavento e o hospital das Terras do Infante, a autoestrada para Lisboa, a conclusão da Via do Infante até Lagos e o fim das portagens, a electrificação da linha de comboio… é com o PS que o Algarve avança. Veja: quando foi a pandemia e tudo fechou, foi o PS que fez um plano de apoio às empresas que as permitiu viver e abrir depois de o perigo passar e continuar a crescer. Afectámos 300 milhǒes de euros para diversificar a economia para não estarmos apenas dependentes do Turismo. Hoje, temos a Região do Algarve como uma das mais afectadas perante as tarifas do Trump [novo presidente dos Estados Unidos da América] e deste governo nem uma ideia ou medida de apoio.
Ao contrário dos outros partidos, os candidatos do PS são todos do Algarve, vivem e trabalham aqui. Não são dos que, depois das eleições, depois de receberem o voto do povo, vão-se embora. Naturalmente que temos a expectativa de vencer estas eleições.

“Até ao final de 2025, lançaremos o concurso do novo Hospital Central do Algarve, processo que deixámos concluído na pasta de transição do Governo do PS para a AD e que o PSD voltou a colocar na gaveta por razões puramente ideológicas, porque quer entregar a gestão do hospital aos privados”
“Lançar a construção do centro de referência oncológico do Algarve, que já com financiamento aprovado, o PSD decidiu não fazer. Este centro vai permitir que os doentes oncológicos do Algarve, cerca de 3500 pessoas por ano, passem a poder efectuar os seus exames e tratamentos no Algarve e no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.”
Litoralgarve – E qual a primeira medida que tomará se for eleita?
Jamila Madeira – As duas primeiras medidas serão na área da saúde. Até ao final de 2025 lançaremos o concurso do novo Hospital Central do Algarve, processo que deixámos concluído na pasta de transição do Governo do PS para a AD e que o PSD voltou a colocar na gaveta por razões puramente ideológicas, porque quer entregar a gestão do hospital aos privados.
A segunda será lançar a construção do centro de referência oncológico do Algarve, que já com financiamento aprovado, o PSD decidiu não fazer. Este centro vai permitir que os doentes oncológicos do Algarve, cerca de 3500 pessoas por ano, passem a poder efectuar os seus exames e tratamentos no Algarve e no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
“A habitação é o maior problema social. Nós temos de construir casas acessíveis à classe média, aos jovens e a todos os que dependem do rendimento do trabalho. As câmaras municipais têm feito um esforço muito grande, mas a direita considera que o mercado é que vai resolver este problema e o governo não tem apoiado financeiramente o esforço e a vontade dos nossos municípios.”
Litoralgarve – Quais são os principais problemas que sente no Algarve e como resolvê-los? O que mais a preocupa?
Jamila Madeira – A habitação é o maior problema social. Nós temos de construir casas acessíveis à classe média, aos jovens e a todos os que dependem do rendimento do trabalho. As câmaras municipais têm feito um esforço muito grande, mas a direita considera que o mercado é que vai resolver este problema e o governo não tem apoiado financeiramente o esforço e a vontade dos nossos municípios. O mercado imobiliário, por si, não resolve o problema da falta de habitação porque a procura é muito grande. Tem de ser o Estado, o governo e as câmaras municípios a incentivar a construção de habitação acessível a todos.
“Portugal precisa de melhorar os salários. Os oito anos de governo do PS e de António Costa colocaram o país a crescer sempre acima da média da União Europeia”
Litoralgarve – E a nível nacional?
Jamila Madeira – Portugal precisa de melhorar os salários. Os oito anos de governo do PS e de António Costa colocaram o país a crescer sempre acima da média da União Europeia. Com o PS, o crescimento da economia foi sempre acompanhado pelo aumento dos salários e das pensões. O salário mínimo passou de 505 para 820 euros, um aumento de 62%, algo sem paralelo, e o salário médio aumentou nesses 8 anos 30%. Para além de termos retirado os cortes que a direita fez nos salários, no subsídio de natal e de férias, nas pensões aumentámos todos os anos as reformas e por seis vezes os aumentos foram efectuados acima da Lei.
Fazer crescer a economia para redistribuir pelos trabalhadores o esforço do país. Governar para benefício de todos e não beneficiar a minoria dos que menos precisam. Temos que recolocar o país e a economia de Portugal neste rumo. Fizemos no passado, ao mesmo tempo que conseguimos reduzir o défice e a dívida de Portugal. Crescer para melhorar a vida das pessoas e a qualidade dos serviços públicos.
“Levámos mais tempo a repor a energia do que do outro lado da fronteira e, infelizmente, somos menos rigorosos no apuramento do sucedido e na análise das consequências do apagão”
Litoralgarve – A que se deve, na sua opinião, o recente corte energético, conhecido por apagão? Admite ter-se tratado de um ciberataque? O que falhou? Como prevenir estas situações no futuro?
Jamila Madeira – Devemos aguardar pela conclusão das auditorias que a União Europeia exige e que estão em curso. O que lamento é que em Portugal este escrutínio não seja tão transparente e célere comparativamente com o que se passa em Espanha. Levámos mais tempo a repor a energia do que do outro lado da fronteira e, infelizmente, somos menos rigorosos no apuramento do sucedido e na análise das consequências do apagão.
“O governo do PS expulsou mais imigrantes do que o actual, o que não fizemos foi utilizar o cumprimento da Lei para alimentar ódio”
“Nós temos de regular a imigração por forma a que quem vem trabalhar para Portugal não fique refém das redes mafiosas de exploração humana e tenha aqui condições mínimas para ajudar a nossa economia e ser feliz”
Litoralgarve – A imigração é um problema em Portugal? Como encara a decisão do Governo de notificar para deixarem o país, numa primeira fase, mais de quatro mil cidadãos imigrantes indocumentados e que procuram trabalhar? Que repercussões poderá ter essa situação?
Jamila Madeira – Este governo não fez mais do que os anteriores. Trata-se de cumprir a Lei da República. Aliás, como foi noticiado, o governo do PS expulsou mais imigrantes do que o actual, o que não fizemos foi utilizar o cumprimento da Lei para alimentar ódio. Nós já fomos um país de emigrantes e hoje, fruto do crescimento da nossa economia, precisamos de imigrantes. Se for ao seu centro de saúde vai encontrar médicos cubanos, venezuelanos e espanhóis. Se o seu avô está num lar, vai ver que quem cuida dele é, provavelmente, ucraniano, moldavo ou romeno, e se for almoçar fora muito provavelmente a sua refeição foi confecção por alguém com origem indo asiática. Nós temos de regular a imigração por forma a que quem vem trabalhar para Portugal não fique refém das redes mafiosas de exploração humana e tenha aqui condições mínimas para ajudar a nossa economia e ser feliz.
“O Partido Socialista deu todas as condições de estabilidade ao país para que o partido, que teve mais votos, governasse. Foi Luís Montenegro que decidiu deitar abaixo o seu próprio governo.”
“Depois de dia 18, se os portugueses derem a vitória ao PS, como esperamos pelo apoio que temos recebido na rua, contamos que o PSD tenha a mesma atitude de responsabilidade que nós tivemos e que viabilize um governo do PS, liderado por Pedro Nuno Santos”
Litoralgarve – Se não houver, de novo, maioria absoluta nestas eleições legislativas, como antevê a formação do próximo Governo em Portugal? Admite que venha a ser uma legislatura de curta duração, como já sucedeu?
Jamila Madeira – Esta legislatura terminou porque o Primeiro-ministro, pressionado pelas notícias que deram conta de que não exerceu o cargo em exclusividade, tendo recebido simultaneamente dinheiro de empresas privadas enquanto governava, preferiu antecipar eleições em vez de dar explicações aos portugueses. Repare: o PS, tendo eleito o mesmo número de deputados que o PSD, viabilizou o governo da AD, elegeu o presidente da Assembleia da República e inviabilizou duas moções de censura. O Partido Socialista deu todas as condições de estabilidade ao país para que o partido, que teve mais votos, governasse. Foi Luís Montenegro que decidiu deitar abaixo o seu próprio governo.
Depois de dia 18, se os portugueses derem a vitória ao PS, como esperamos pelo apoio que temos recebido na rua, contamos que o PSD tenha a mesma atitude de responsabilidade que nós tivemos e que viabilize um governo do PS, liderado por Pedro Nuno Santos.
“Um governo [da AD] com a Iniciativa Liberal ou o Chega seria um governo com a agenda da ‘Troika’, corte nos serviços públicos e despedimentos na Função Pública”
Litoralgarve – Como encara o cenário de um governo constituído pela AD – Coligação PSD/CDS, com o apoio da Iniciativa Liberal?
Jamila Madeira – Acredito que o próximo governo será do Partido Socialista. Os portugueses querem um governo que aumente os salários dos trabalhadores e as pensões, invista na qualidade dos serviços públicos e garanta o sistema de reformas. Um governo com a Iniciativa Liberal ou o Chega seria um governo com a agenda da ‘Troika’, corte nos serviços públicos e despedimentos na Função Pública.
Uma nova ‘geringonça’ com o PS? “No próximo domingo, os portugueses vão eleger um parlamento e será em função dos deputados eleitos na Assembleia da Republica, que se formam maiorias”
Litoralgarve – E de uma nova ‘geringonça’, entre partidos de esquerda, liderada pelo PS?
Jamila Madeira – No próximo domingo, os portugueses vão eleger um parlamento e será em função dos deputados eleitos na Assembleia da Republica, que se formam maiorias. Aquilo que quero aproveitar para dizer com humildade democrática, mas sentido de responsabilidade, é que a única força de esquerda que no Algarve pode eleger deputados é o Partido Socialista. No distrito de Faro só o voto no PS elege deputados e derrota a direita.
“Luís Montenegro tem a situação da Spinnunviva e o exercício do cargo de Primeiro-ministro em simultâneo, com o recebimento de dinheiro de empresas privadas, como uma tatuagem colada à sua pele e ao recusar-se a dar explicações aos portugueses transformou-se ele próprio na instabilidade”
Litoralgarve – O que pensa da queda do actual Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, na sequência da moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro e a dissolução da Assembleia da República, com a consequente convocação de eleições legislativas antecipadas por parte do Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa?
Jamila Madeira – Luís Montenegro é o único responsável pelas eleições antecipadas e não será com eleições, por mais que sejam, que iremos sair deste pântano institucional porque as questões éticas e de cumprimento da Lei não se resolvem com eleições. Luís Montenegro tem a situação da Spinnunviva e o exercício do cargo de Primeiro-ministro em simultâneo, com o recebimento de dinheiro de empresas privadas, como uma tatuagem colada à sua pele e ao recusar-se a dar explicações aos portugueses transformou-se ele próprio na instabilidade.
“A AD não foi propriamente um governo, no sentido de propor um programa para melhorar a vida dos portugueses. O PSD limitou-se a utilizar o excedente orçamental, que os governos do Partido Socialista deixaram, e a lançar as obras que já tinham sido decididas no âmbito do PRR”
“Apresentaram um plano de emergência para a saúde, com a promessa de que, em 60 dias, tínhamos os hospitais sem listas de espera e os portugueses com médico de família. E um ano depois, temos mais urgências fechadas e milhares de portugueses sem médico de família. Em Lagos,16 mil pessoas não têm médico de família. Em Albufeira, 18 mil.”
Litoralgarve – Que aspectos negativos e positivos destaca no actual governo?
Jamila Madeira – Nós tivemos durante um ano uma comissão eleitoral. A AD não foi propriamente um governo, no sentido de propor um programa para melhorar a vida dos portugueses. O PSD limitou-se a utilizar o excedente orçamental, que os governos do Partido Socialista deixaram, e a lançar as obras que já tinham sido decididas no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resilência, com verbas da União Europeia]. A economia portuguesa já está a abrandar e nenhum dos problemas do país foi resolvido. Repare: apresentaram um plano de emergência para a saúde, com a promessa de que, em 60 dias, tínhamos os hospitais sem listas de espera e os portugueses com médico de família. E um ano depois, temos mais urgências fechadas e milhares de portugueses sem médico de família. Em Lagos,16 mil pessoas não têm médico de família. Em Albufeira, 18 mil.
“PS ofereceu todas as condições de estabilidade ao país”
Litoralgarve – O que lhe dizem os eleitores nos contactos que tem estabelecido? Estão saturados de eleições, querem mudança?
Jamila Madeira – Só Luís Montenegro é que queria ir para eleições. Os portugueses não queriam estas eleições, como o PS não queria estas eleições. Os portugueses sabem isso e reconhecem que o PS ofereceu todas as condições de estabilidade ao país.
“Os algarvios reconhecem que o Algarve tem avançado com o PS”
Litoralgarve – Receia o aumento da abstenção? Como é possível cativar votos?
Jamila Madeira – Os algarvios reconhecem que o Algarve tem avançado com o PS. Podíamos ter feito mais, com certeza que sim, mas as grandes obras, os grandes projectos públicos no Algarve foram realizados quando o PS governou.
“A democracia começa na relação com os nossos vizinhos. Esta é a razão porque todos os candidatos do PS são do Algarve, vivem e trabalham no Algarve. Podemos falhar, podemos não conseguir tudo o que desejamos, mas estamos aqui, vivemos aqui com as nossas famílias os sucessos e os insucessos”
“A AD tem candidatos de Beja e do Porto, o Chega, de Vila Franca de Xira ou Portalegre, o BE [Bloco de Esquerda], de Lisboa. Pedem o voto aos algarvios e no dia a seguir às eleições viram-nos a cara e vão para as suas terras. Porquê confiar o voto a alguém que não partilha a sua vida connosco?”
Litoralgarve – Como foi a campanha do Partido Socialista no Algarve? Quais os custos?
Jamila Madeira – Privilegiámos o contacto directo. Cara a cara. A democracia começa na relação com os nossos vizinhos. Esta é a razão porque todos os candidatos do PS são do Algarve, vivem e trabalham no Algarve. Podemos falhar, podemos não conseguir tudo o que desejamos, mas estamos aqui, vivemos aqui com as nossas famílias os sucessos e os insucessos. Os outros partidos não. A AD tem candidatos de Beja e do Porto, o Chega, de Vila Franca de Xira ou Portalegre, o BE, de Lisboa. Pedem o voto aos algarvios e no dia a seguir às eleições viram-nos a cara e vão para as suas terras. Porquê confiar o voto a alguém que não partilha a sua vida connosco?
“Nos oito anos de governação do PS, crescemos mais que a média da União Europeia. Portugal cresceu mais que a Alemanha. Precisamos de retomar esse caminho. Precisamos de um Governo que governe para todos e não para a minoria dos que mais têm”
Litoralgarve – Que futuro para o país?
Jamila Madeira – Portugal tem futuro e não está condenado a ser menos que qualquer outro país. Lembre-se de que, nos oito anos de governação do PS, crescemos mais que a média da União Europeia. Portugal cresceu mais que a Alemanha. Precisamos de retomar esse caminho. Precisamos de um Governo que governe para todos e não para a minoria dos que mais têm. Com o PS, o Algarve avança. Com o PS, Portugal tem futuro e com Pedro Nuno Santos o futuro é já!










